quinta-feira, 12 de março de 2009

Era eu Garçon

ERA EU GARÇON

Naquela qualidade, ouvira eu:


Ela acicatou a minha leveza. Conhece-a bem, sabe quão frágeis são os aloquetes da jaula que é a minha consciência. Ela é sabedora disto, tanto ou mais do que eu. Ainda assim, não perde uma oportunidade, por pequena que seja e inusitado o momento, de exortar o meu já avonde exacerbado estímulo por semelhantes… a ela. Mais, não ignora o ignóbil ser que, tratando-se dela – qual original comparado com cópia! -, a coisa é elevada a potência n (não sendo, muito pelo contrário, despiciendo, o n, pois acarreta sempre multiplicação vultuosa). É conhecedora de todos os meus botões; tão bem como as suas mãos, conhece o meu painel de controle
A desnaturada mui amada (mas que amor?!, paixão, só paixão turva tanto o entendimento) usou e abusou, usa e abusa (na verdade, que excelentes os seus usos e abusos!...) e, qual maré baixa a suceder à alta, vai-se… Vai-se, e eu, ao contrário do que adivinho no afastamento do mar, com ela nada; some-se não sei para onde… Sim, ela volta, mas quando quer (ou será quando pode?), e eu a querer que ela queira rápido… Também, doutro padrão ela não carece, pois aqui o labrego, volte ela num ápice ou luas leve a voltar, definha de braços abertos, pronto a sufocá-la.

Era assim, como supra mencionei. Regressou-me a lucidez: os braços vão estar fechados, para ela, na sua ausência. Quando tornar, na milenar qualidade de amante estará.

Desculpe, proferi eu enquanto lhe servia outro beirão com três pedrinhas de gelo, então ele há lá condição melhor?!
Olhou-me, demoradamente, sem me ver, e retorquiu : responder-lhe-ei daqui a umas luas.




Carlos Jesus Gil

10 comentários:

Graça disse...

Um tratado de vocabulário cuidado :)... a ilustrar uma situação assim______________________![preenche :)]


Beijos meus e boa noite

GoldShine disse...

E deixou o mistério pelo ar.

http://xcafedamadrugadax.blogspot.com

dragao vila pouca disse...

Meu caro amigo, é difícil perceber no que escreves, onde acaba a ficção e começa a realidade, pois tu manipulas muito bem, ambas as situações.

Eu já desisti de tentar adivinhar...

Um abraço

Anónimo disse...

Epá, é difícil tecer um comentário a este post.

A minha família diz-me que, quando eu era pequeno, todas as vezes que a Ti Alice vinha à aldeia vender frutas e outras primícias, eu sentava-me no poial admirando orgulhoso o seu burro. E que dizia sempre: "Quando for grande quero ser como o burro da Ti Alice". Hoje por força de tanto o ouvir dizer. Sinto-me como esse burro, orgulhoso de mim próprio.

Garçon! São mais dois finos e um pires de tremoços para a mesa do canto, que aqui o meu amigo está com sede.....eehhehheh

Unknown disse...

Pois, os garçons estão sujeitos a todas as histórias. São verdadeiros psicólogos.

Anónimo disse...

A gaja também devia ser cá uma galdéria

Anónimo disse...

Era o que eu te devia fazer rsrsrs

Daniel Savio disse...

Hua, kkk, ha, ha, parece que amor turva a sapiência de todos...

Espero que está tórrida história não termine com a morte dela (sei lá, meio que achei meio dramatico a seguinte parte: "definha de braços abertos, pronto a sufocá-la").

Fique com Deus, menino Carlos.
Um abraço.

Mariazita disse...

Têm fama de ser grandes ouvintes, os garçons. Fama e proveito. Conseguir manter-se impassível perante tantos destemperos a que estão sujeitos, requer treinamento especial.

Por ser a vingança um prato que se serve frio, requer cuidados acrescidos na sua distribuição, já que, por vezes, os seus side effects podem atingir o servidor mais que o servido. E o que parece lucidez pode ser apenas o ofuscar duma verdade que se quer oculta.
É, na maioria dos casos, o Medo, o despoletador desta reacção. Do mesmo modo, um fechar de braços pode simbolizar a recusa da compreensão da realidade.
E depois de muitas luas, quem se lembra já de como foi o amanhecer?

Bjs
Mariazita


Recado de Anita
Alberto
Só para não ficares vaidoso não te vou contar que alguém há que gostava que voltasses. Vou antes seguir o teu estilo de insinuações, atrás das quais te escondes, porque doutra coisa se não trata quando alvitras um hipotético desaguisado entre os nossos, ambos, criadores. Ligeiro mas não inocente - continuas em tua fértil e fácil prosa - cuidando assim trapacear-me com tuas mansas falinhas. Mas quis o destino que ao meu conhecimento chegasse que teu progenitor artístico – vejo que dele herdaste esse jeito para insinuar – teria insinuado que às mulheres se deve o recrudescer da violência, sob a capa de delinquência.
Como mulher inteligente e independente que sou – independência sobretudo espiritual e psíquica – devo dizer-te que, pela parte que a mim diz respeito, a minha criadora não perderia tempo alimentando quezílias tão sem importância, verdadeiras questões de lana-caprina.
Não leves a mal o que te digo; no fundo até nutro por ti uma certa simpatia, que creio me tenha advindo de influência de minha mestra e senhora; por isso te digo – ela é tão superior a mesquinhices!
Vou ver o que posso fazer por ti…mas só porque, como te disse no início, há alguém que tem sentido a tua falta. Conta comigo.
Anita

Alexandrina Areias disse...

Digamos que ela já lhe conhece todos os 'pontos fracos'... Usa e abusa...:))) Gostei da integração da matemática pelo meio...:) É uma história com um 'garçon' muito bom ouvinte!
Beijos,

AA