quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Canção prosada

CANÇÃO PROSADA



Vou contar-vos uma história. Há muito que ando para o fazer, e se não for já, passa-se-me da memória, podem crer.
Então, em prosada canção, aí vai: era uma vez um homem forte, tão forte tão, que, todo só, aguentou o Norte… Não?... Sim sim, sem mais ninguém, segurou-o bem! Ficou no seu altar, aquele que teimava em mudar de lugar… Irrequieto e vaidoso, senhor do seu valor, tudo fazia o Norte para seu afectado querer, impor. Não importava a função… nobre, devo dizer, só seu belo prazer. Os outros que se orientassem… com outro referencial, pois com ele não mais contassem!... Ou então que esperassem, que ele voltaria, um dia… Já estivera em outros locais, como os demais elementos deste controverso universo!... Qual era o problema?... Povo, acalma, serena!, dizia naquele dia… o dia em que a coragem do herói cantado lhe fez cair a mania…… Eram muitos a ouvir; outros tantos a discutir. Apenas o dito, armado de medo, coragem e tento, resolve enfrentar o Vento: fica-te no lugar teu!, assim o quis quem te concebeu. Não queiras cavar, ó Norte, as sepulturas do forte, do fraco, do azar e da sorte, do vermelho e do azul. Nunca serás nobre cardeal, enquanto, por mal, cobiçares o lugar do Sul… Ou o do Poente; ou o do Nascente!... Quero-te crente, brioso ó Norte, da missão que te calhou por sorte. É a minha lotaria, seja noite ou seja dia…… Ouviu, assombrado… meditou, encalhado, prometeu e cumpriu…… Não julguem ser a narrada, tarefa de vintém; dengoso catar. Não tratemos com desdém o que bravura tem e que é falto de vagar… Daqueles há já poucos, nenhuns talvez. Ocupam os seus lugares, tristes loucos eivados de altivez… Que estará a passar-se com a genética social? Trálálálálá; trálálálálá; que estará a passar-se com a genética social? Trálálálálá; trálálálálá… Que se passaqui, se passaqui, se passaqui?... Que se passaqui, se passaqui, se passaqui… se passaqui, se passaqui, se passaqui?




Carlos Jesus Gil

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Que falta de consideração!

QUE FALTA DE CONSIDERAÇÃO!
Metades são iguais, bolas!




No bar que habitualmente frequento, uma hoegaarden de pressão custa cinco euros. É política do estabelecimento servir shots da deliciosa cerveja belga. Um shot custa três euros, e leva exactamente metade da dose normal.
Ora, em momento de cuidada reflexão existencialista eu, que nunca me dei bem com este tipo de injustiças… nem com este nem com qualquer outro, que fique em acta!, resolvo – ou terá sido compulsivo?… - entrar em perfeito parafuso. Por pouco não armo valente estrilho comigo próprio. Então uma metade custa mais do que a outra?!... Porquê?! Ele há lá razão para isso?!
Daí que um dia destes tenha pedido a uma das bar-girls lá do sítio um shot de hoegaarden mas com a metade mais barata.
O pessoal riu, riu desbragadamente… pronto, e eu também, mas reiterei o pedido… E fui servido!




Carlos Jesus Gil