sábado, 6 de outubro de 2007

Sem tino

SEM TINO


Correm todos atrás
do que parado está,
mas não jaz,
que vida sempre nisso há.


Ninguém, ou quase,
saboreia o momento
que é pilar e base,
tijolo do tempo.


Apanha a flor
na altura certa,
mas sem pressa!...


Também é aberta,
a porta que fecha.
Desloca a travessa!




Carlos Jesus Gil

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Fonte de Soberania

À guisa de homenagem à Implantação da República... hummm, já não se herda soberania!


FONTE DE SOBERANIA


Um olhar aturado sobre as acções e as reacções dos políticos mostra-nos o quão condicionadas estão as suas decisões, pelo comprometimento da sua condição futura.
Passa-se isto a nível do pequeno burgo, do burgo maior e do agregado destes. Aqui, por exemplo, um sem número de reuniões – formais e informais -, conversas de corredor, de restaurante, de café e, até, de hall de entrada…precedem a aprovação de uma simples –ou complicada…- directiva. É que, quem negoceia não objectiva o bem global, ou, ainda que este o mobilize, pensa sempre, primeiramente, no do seu país, isto é, no seu, no seu particularíssimo bem, pois se a nação que lhe delegou poderes sair a perder, ele, negociador (qual mercador/feirante regateando o melhor preço!, gorando, todavia, as expectativas que viajaram consigo…), vai, sabemo-lo, sofrer tácito castigo – que os outros, os que delegam, também o hão-de sofrer, a seu tempo, claro. A não ser que… É que isto dos que delegam tem muito que se lhe diga; ele há aqui outros recursos, variadas ferramentas, de modo que não é limpinho recorrer em casos tais a pura extrapolação. Quem desconhece que, pelo menos a partir de determinado timing, não há decisão governamental que não careça de prévia inquirição (vulgo sondagem)? Atentos, sempre atentos aos números que o quarto (quarto!?, vejamos se não é o primeiro, vejamos!) poder se encarrega de, regularmente, lançar à liça. No pequeno burgo só a escala muda, o resto… tem o mesmo cheiro.
Todos temem o futuro (claro, quem é que não!... a ditadura do futuro tem governado o mundo do homem em todas as suas dimensões. À guisa de um “ estás perdoada”, clamemos: não és a única, política, a submeteres-te à ignóbil ditadura, bem te compreendemos!) da sua figura e da dos seus.
Ora, mas quem atemoriza assim tanto os nobres políticos? O povo, com certeza! Esse colectivo tirânico, despótica horda de… pagadores: de estradas, luz das ruas, de escolas, dos hospitais, dos tribunais, dos edifícios ministeriais, dos automóveis dos tais, do seu belo (isso é relativo, e subjectivo e… é é, vem cá com essa que vais de …, vais a pé, a pé é que tu vais, se me vens com ingenuidades.) modo de vida, e de outras, muitas outras coisas que tais.
Só o Soberano (o Verdadeiro) parece desconhecer a sua condição. É pena!
Eiii!, anarquista não sou; niilista também não. Reconheço a necessidade de delegados, nossos. “Não pode ser tudo ao monte e fé em Deus”, eu sei!... Porém…




Carlos Jesus Gil

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Um cientista teórico é também um artista

UM CIENTISTA TEÓRICO É TAMBÉM UM ARTISTA


Os teóricos são fundamentais em ciência. Eles imaginam cenários, situações, comportamentos, funcionamentos, para chegarem à formulação de teorias. Estas, por sua vez, levam a experiências (mester dos práticos) que possam permitir a comprovação ou a refutação da teoria.
Um teórico, para além da capacidade de trabalho, tem que ser dotado de grandes doses de criatividade, imaginação e audácia. O teórico é, deste modo, também um artista.




Carlos Jesus Gil

Sputnik

Há 50 anos o Sputnik iniciava o encurtamento do mundo...


Carlos Jesus Gil

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Eu e os meus botões

EU E OS MEUS BOTÕES


A aparência prostibular daquela coisa deixou-me intrigado, mesmo indignado… e de mal com os meus botões. Então, digo eu, a dignidade das funções estatais que ali são realizadas não implica uma maior sobriedade e adequabilidade das instalações, do próprio edifício? Por fora, ainda vá, agora por dentro!… Que não, dizem eles, os meus bem tratados botões – que os prefiro aos fechos éclairs -, sempre esmerados e bem cosidos – não por mim, que quando uma vez mo mandaram fazer corri de imediato para a prateleira dos tachos, e, já um ia meio de água a caminho do fogão quando, em justa zombaria, me fizeram ver que o perigo de coser um botão é a picadela e não a queimadela -, que não, que nada de mal viam naquela arquitectura, muito pelo contrário... eu, continuaram, estou é a ficar conservador… Conservador eu?!, eu, sim, e muito, eles. É uma pena, quem tu eras!..., eles.
Das milhentas vezes que com eles privara a muito sós, nunca como desta vez uma discussão chegara a tal ponto, nunca se atreveram eles - e unanimemente! – a classificarem-me de conservador. Eu, todo feito com os revolucionários, tão p’á frentex, tão amigo de que as coisas mudem… para melhor!
Fiquei triste com os meus botões. Já tinham ouvido e visto tanto de mim, e, ainda assim, consideravam a hipótese de algum dia eu vir a tornar-me conservador!... De maneira que me senti na obrigação de ripostar. Recorrendo a ensinamentos musicais que outrora me foram ministrados no Conservatório Gulbenkian em Aveiro, pausei (que pausa também é música)… depois melodiei, sem apoio harmónico, que sozinho era: nobre, o trabalho/ nobres as funções/ dignifiquem a pauta/ senhores musicosões/ o povo é quem paga, sempre/ o papel, a tinta, a obra, a orquestra inteira, as instalações/ criem com talento/ criem condições… melodiei, em duas notas e figuras várias melodiei para os meus botões.




Carlos Jesus Gil

Porto; Benfica

Porto, correu bem. Porreiro!
Benfica... Paciência!


Carlos Jesus Gil

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Os representantes

OS REPRESENTANTES


… - E depois?
- E depois, o quê?
- Não vejo onde é que está o problema, é que não mesmo.
- Mas quem é que disse que havia um problema? Por acaso até nem há… não há um, são pelo menos quatro, os problemas.
- É pá, não te entendo… nem a ti, nem à puta da horda que representas!
- Puta?!, horda?!, olha o dicionário!... Deve haver aí, no teu raciocínio, uma inversão qualquer. Vai ver, consulta o dicionário!
Mas, continuando, não nos entendes?, ai não?!,ai não?!!! Então presta atenção! Os problemas residem – e olha que os vejo bem alojados, num conforto ímpar, inibidor de qualquer vontade de migrar – no modo de vida do teu patrão, no modo de vida dos filhos dele, no teu modo de vida e no mecanismo programado que vos abriga a todos no Inverno e vos areja no Verão…
Ainda não nos entendes, pá? Aprendemos nas mesmas escolas, estudámos pelos mesmos livros e até trocámos apontamentos… Teremos processado a informação, toda ela, de modo tão diverso?... Não me parece, até tínhamos notas similares!
São, agora, duas as doutrinas: a que segues, a que sigo; já não ouvimos as mesmas bandas. Apanhaste boleia, eu e a horda ainda andamos a pé.
Boa viagem!




Carlos Jesus Gil

Dinamo de Kiev/Sporting

Correu bem. Fixe!




Carlos Jesus Gil

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Tela da Vida

TELA DA VIDA

AS CORES DA VIDA


Uma vida plena, que valha ao próprio e aos outros, pinta, até finar, um quadro multicolor numa Física inefável.
As vidas a duas cores podem também ser autênticas e profícuas mas para os próximos, resultando num quadro – nesse contexto – rico não de cor, mas de traço. Em casos tais, no que toca ao próprio o quadro é desequilibrado - de certa forma genial, mas desequilibrado -, só apreciado por uma pequena minoria simultaneamente acerrimamente crítica e complacente.
O quadro a duas cores pode ser pleno e até, mui raro, integrar imponentes exposições, porém a vida que representa foi muito intermitente, lacunar…, não plena.




Carlos Jesus Gil