sábado, 1 de dezembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


MÉRITO E FAMA


- Hoje, gostaria de dissertar um pouco acerca do mérito e da fama.
- Narrador?
- Sim, quem me chama?
- Sou o Albino, pá.
- E então, o que pretendes?
- Tão só conviver um pouco contigo e com o Alberto!
- É lá! Chamaram-me?
- Não, Alberto. O Albino, interrompendo-me, devo frisar, apenas proferiu o teu nome. Nem ele te chamou, embora o desejasse, pois apetece-lhe conversar, nem eu te convoquei. Para ser sincero convosco, hoje não dá. Ide tomar um copo a qualquer lado, como, aliás, fizeram um dia destes sem me passar cartucho. Apetece-me discorrer um pouquinho sobre um tema assaz importante e, como tal, seria bom não ser interrompido. E depois, se quisermos ser sinceros, nos últimos dias este mundo não tem correspondido à sua genuína designação. De facto, temos vivido “ E o Narrador Também… “, e não o contrário, tal tem sido a intensidade e a densidade com que vocês o têm ocupado e o exíguo espaço que me têm deixado! Adeus rapazes!
- Pronto, tu é que mandas…
- Pois, ele é que manda... Vamo-nos daqui!
- Vá, não levem a mal! Ei, ei… Já vão chateados. Paciência, hoje não dá… Aquilo passa-lhes.
Bem, vamos lá então:
Não devemos confundir mérito com fama. Os media não promovem a famoso só quem tem mérito – entendamos mérito raro, porque quantos e quantos, sendo excelentes no que fazem, sabem que jamais lograrão alcançar a fama? O mérito raro sim, pois constitui-se, legitimamente, num bem raro susceptível de grande apreço, logo uma porta aberta para a glória, notoriedade… para a fama.
Ao usar glória e notoriedade à guisa de sinónimos de fama, estou a roçar o ridículo, pois a boa fama pode comummente ser lida como glória, notoriedade, porém, não esqueçamos, também existe quem seja famoso por vis e ignóbeis razões. A comunidade de que somos sócios, cultivando o imediatismo, suscitando e acicatando a necessidade de egos titânicos, entronizando os media, redunda no paradoxo: sujeitos banais aparecem, promovidos, a proferir trivialidades ou a exibir dotes perfeitamente vulgares… Sim, é efémera a exposição dos sujeitos, sabemo-lo, mas não a da banalidade.
O comezinho, enquanto simplicidade, tem lugar, não o rejeito, muito pelo contrário; alimenta saudavelmente o essencial lazer, quando este se deve traduzir num espairecer; as banalidades não, ganhemos mioleira!
Com frequência elevada a fama confere estatuto superior, robustece curricula, confere poder. Dá para entender, ou melhor, dá para aceitar?!
Fama e celebridade são coisas diferentes. Tenho para mim!


Carlos Jesus Gil

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


30 DE NOVEMBRO DE 2007 – GREVE GERAL DA FUNÇÃO PÚBLICA


- Pois, amigo Alberto, só causando transtorno, montes de transtorno, as greves surtem os efeitos desejados pelos trabalhadores.
- Tens razão, é por isso, por exemplo, que as greves dos maquinistas da CP costumam aproveitar as quem as realiza. A malta fica mesmo à nora quando os comboios param. E depois, já se sabe que ninguém cede a cem por cento, nem lá perto, por isso se leva para cima da mesa o que é verdadeiramente fundamental conseguir, juntamente com algo que poderemos classificar de direitos acessórios.
- Há mais, Alberto, diz-nos a experiência que greves de apenas um dia não causam mais que pequenas beliscaduras nos governos. Alguns membros dos governos, ou mesmo todos, até devem rir de gosto com os pré-avisos de greve de um só dia. É transtorno mínimo para o povo em geral e para a economia, claramente despiciendo em termos políticos… a não ser que elas se sucedam com frequência elevada. Aí…
- Pois é, Albino, queres tu dizer que só uma recusa legal ao trabalho por tempo indeterminado leva aos desígnios da malta assalariada.
- Claro. Só dessa forma.
- É pá, mas isso não se adequa ao perfil das contas bancárias dos nossos trabalhadores. Então como é que um trabalhador da nossa praça, excluindo algumas dúzias de privilegiados, pode aguentar mais que um ou dois dias sem trabalhar?... Os tostões estão contadinhos…
- Alberto, é altura de os - demasiados - sindicatos despenderem energias e meios numa solução idónea. Por exemplo, bem que poderiam apelar aos associados com dificuldades menos agudas, uma quotização extra, temporária, criando por esse meio um fundo que possa assegurar aos trabalhadores mais carenciados um pecúlio que lhes permita uns dias sem ordenado oficial.
- Isso é, de facto, uma solução. Difícil, convenhamos, mas possível. Com a greve a durar, o transtorno atingirá o ponto rebuçado – elevado grau de azedume -, o povo, até então contra os irmãos grevistas, sairá à rua; a multidão engrossará e o governo outro remédio não terá senão ceder.
- Parece demasiado lírico e idealista, mas realmente também não vejo outra solução.
- Então, rapazes, de que falam?
- Olá narrador!
- Tudo bem, criador?
- Olá pessoal!... Criador?! Só se for de galinhas. Mas do que falavam?
- É pá, falávamos da greve geral de hoje.
- Bom tema. Cada vez me orgulho mais de vocês.
- Olha, olha, sabias que ele sentia orgulho por nós, Alberto?
- Já desconfiava!...
- Vá, não brinquemos com coisas do foro sentimental! Mas sim, fizeram muito bem em debater tão importante tema.
Narrador, nós preocupamo-nos com a sociedade. Estas coisas, até pelo dever profissional, não nos passam ao lado.
- Certo, podem continuar. Vou ter que ir embora. Tenho um jantar com uma cachopa que é uma loucura. Não quero atrasar-me.
Aí, sortudo!...
- Porquê, só vocês é que merecem, é?
- Não. Estava a brincar. Vai lá! Olha, até eu vou embora. Está a fazer-se tarde, o que achas, Alberto?
- Sim, por hoje chega de paleio. Vamos à nossa vidinha. Chau pessoal!
- Até amanhã… ou não!
- Adeus rapazes!
Estes caraças foram-se embora sem abordar a questão da disparidade nos valores de adesão apresentados pelo governo e pelos sindicatos… Pois, tem sido uma constante. Já não causa qualquer espanto, ainda que as diferenças sejam abissais. O Alberto e o Albino conhecem muito bem a raiz do problema, sabem que ela reside na qualidade das lentes de uns e doutros.



Carlos Jesus Gil

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


PALANQUE


- Narrador, podes convocar o Albino ?
- Ó pá, assim como entraste sem a necessidade do meu consentimento –o que de resto não fora a primeira vez-, também o Albino o poderá fazer. Olha, já que cá estás, convoca-o tu.
- Ok… Albino, tens um tempinho livre?
-… Olá Alberto! É pá, tenho. Precisas de alguma coisa.
- Sabes, Albino?, ontem fui para casa com a nossa conversa teimosamente nos ouvidos. É que, realmente, a ânsia de poder tolda as consciências… assim como o seu exercício as transmuta. Vai daí, lembrei-me de um poema que, à guisa de ornamento, inseri num trabalho que realizei no âmbito da Sociologia das Promessas… Eleitorais. Gostaria que ouvisses!
- Força; vamos a isso!
- Aqui vai:




PALANQUE


É o reino do verbo;
da verborreia;
do diferente que é igual.
O palanque aguça o nervo,
leva mesmo à apneia,
assombroso festival!


Galos por um poleiro,
o mais alto, que é melhor;
galinhas por um qualquer.
Que ter poleiro é porreiro
e não o tem só o sabedor,
que o fútil o pode ter!


Que há-de ser dos pintainhos?!:
viver rasteiros no chão?;
dizer sim, mas nunca não?...
Tenho para mim que não!
Usemos nosso bastão!,
calemos esses mesquinhos!




- É pá, Alberto, tá fixe, meu!
- Gostaste?, sinceramente?
- Gostei, pá. Está demais…
- És mesmo amigão, pá. Porque isto não passa de merda…
- Claro que sou teu amigo! E tu, tenho a certeza, também és meu. A propósito, gostaria de te pedir desculpa por, naquele dia do reencontro no Algarve, não te ter respondido logo. É que, pá, nós já não nos víamos há cerca de quatro meses… e, ao contrário do que o narrador fez parecer, nós na altura nem éramos amigos. Apenas tínhamos convivido por duas vezes, porque temos amigos comuns; éramos conhecidos. Ao princípio nem me lembrei do teu nome, só depois me veio à tola. Desculpa, tá? Ah, mas a propósito da poesia gostei mesmo.
- Fico contente. Muito, até. Já agora, não precisas de pedir desculpa pelo episódio do Algarve. Olha, vamos tomar um copo, pode ser?
- Claro que sim. Isso é que é falar… Convidamos o narrador?
- É melhor não. O gajo às vezes é um chato do caraças! Bem, ultimamente não tem sido. Ainda assim, hoje vamos só os dois.
- Como queiras…
… Aquilo é que aqueles dois me saíram cá uns…




Carlos Jesus Gil

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


CONVERSANDO


- Albino, Alberto… apareçam!
- Sim, narrador; - cá estou, meu amigo.
- Moços, discorram – não sejam prolixos, para a rapaziada leitora não secar – sobre esta coisa de o Governador do Banco de Portugal sustentar que ainda é cedo para uma redução na carga fiscal, enquanto que vozes no governo a defendem já para 2009.
- É pá, se quiseres posso fazê-lo sozinho. Estou bem por dentro do assunto.
- Acredito, Alberto, mas creio que o Albino estará, mais do que tu, a jogar em casa. Digamos que, no assunto que vos proponho, tu és o visitado mas jogas em campo emprestado, enquanto que o nosso amigo Albino está de facto a jogar em casa.
- Mas, afinal o que é que faz o Albino na vida?
- Posso, narrador?
- Força, Albino.
- Alberto, não costumas ver telejornais ou assistir a debates políticos na televisão?
- Vejo, sempre que posso. Não perco um, desde que me seja dada essa possibilidade. Mas porquê?
- Nada, nada… É que eu nunca intervim em nenhum. Era só para saberes.
- Tá, obrigado pela informação, mas estamos na mesma. O que é que fazes, homem?
- Sou politólogo, meu caro. E de renome. Colaboro com a imprensa e com a rádio… Televisão, nada! É pá, não é por falta de convites, mas… acho que não fico bem na televisão, pronto!
- Muito bem, Albino. É uma área engraçada, sim senhor. Temos muito que conversar; podemos até fazer estudos em conjunto.
- Porque não? É só algo pôr-se a jeito. E termos disponibilidade, claro.
- Moços, já vai sendo tempo de marcarem uma jantarada com as respectivas esposas. Sempre dá para pôr a escrita em dia.
- Acho que tens razão, narrador. Então ele também é casado? Foste um gajo porreiro para nós, mesmo bacano.
- Amigos, já vos disse que me limitei a caçar o que por aí andava. Sim, cacei sem dificuldades de maior uma bela mulher para o Albino. Tarefa facilitada pelas qualidades do rapaz. Se fosse um pária qualquer, ou mesmo específico, a coisa já se tornaria mais difícil… talvez impossível. Bem, vais ter oportunidade de conhecê-la. Está nas vossas mãos marcarem a comezaina. Agora, se não fosse grande o incómodo, diziam qualquer coisa sobre o assunto que aqui nos trouxe hoje, tá?
- Vá, fala Albino. Na verdade estás mais em casa do que eu.
- Vamos lá então. Digam-me uma coisa, não foram desmarcadas as eleições legislativas de 2009, pois não?
- Claro que não! Por alma de quem?!
- Então está tudo aí: é política!
- Mas… só isso?, só te ocorre isso?
- Não, ocorre-me muito mais, mas para quê inflacionar o texto, se isto basta? É política, pá. A perpetuação do poder começa a ser gizada desde o início do mandato. Governa-se um país gerindo um governo; gere-se um governo em nome de um país, acredito, mas também, e não em dose despicienda, em nome do poder… da comandita, sim. É política!
- Tens razão, não é preciso mais.
- Então, está tudo dito?
- Sim, por mim está.
- Também sinto que sim. Não vejo o que acrescentar à explicação do Albino.
- Fiquem bem, rapazes!
- Adeus, narrador!; - até sempre, narrador!
- Chau, Albino!
- Até um dia destes, Aberto!




Carlos Jesus Gil

terça-feira, 27 de novembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM...

METEOROLOGIA


Cá dentro, atmosfera londrina; fora…, libertação no azul sozinho do céu!
- Que devaneios são esses, caríssimo?
- Olá Alberto, tudo bem?
- Sim, estou óptimo. O que é que se passa?; que discurso era esse?!
- Oh, nada, nada. Estava pr’aqui a falar comigo. Acontece-me não raro.
- Estás triste, é?
- É pá, triste e indignado… com o fado do Sporting. Então não é que mais uma vez perdemos de forma assaz inglória?!
- Camarada, perder envolve sempre inglória.
- Não, discordo. Há derrotas e derrotas!... Quando não existem argumentos ou não se faz por isso, a derrota encaixa. É um elemento da obra. Agora assim?!... E depois há outra coisa, é pá, uma equipa que está a ganhar a maior parte do tempo, que o Manchester só empatou por volta do minuto sessenta e um, não merece perder. Que se consiga outra designação e outro estatuto, mas derrota não. Durante o tempo de jogo, os noventa mais os quatro minutos suplementares, os ingleses só estiveram à frente cerca de dois minutos. Não pode apenas existir vitória, empate e derrota. Exige-se a existência de uma outra condição… que, obviamente, seria a do Sporting hoje.
- Moço, não está mal pensado, de facto. Mas é complicado, não achas?
- Não é fácil, não. Exige abastada reflexão. Mas, e tu, estás contente?
- Contente com quê?
- Com a derrota dos leões?
- É pá, acho que não.
- Achas que não? Então não tens a certeza?!
- Sabes que isso depende sempre do clube a que pertencemos. Aqui é assim; e pelo que me é dado a perceber, o mesmo se passa noutros países. Esta não é uma particularidade nossa. Bem, esta minha incerteza prende-se com o facto de não saber se gosto de futebol e, a gostar, qual o meu clube. Não me definiste neste domínio.
- Desculpa, defini-vos no essencial. Tu e o Albino já são! Se gostam ou não de futebol, isso é convosco. Não tenho absolutamente nada a ver com isso, nem tal se me mostrou.
- Claro que gosto de futebol, mais, adoro!... Já que posso escolher, nem penso vez e meia, sou portista.
- E o Albino?, já agora vamos ver como é que é com ele. Ó Albino?
- Sim narrador!
- Desculpa lá, que camisa clubistica vestes na praia, se é que gostas de futebol?
- Então não se vê logo?... Sou do Benfica, claro! E tu, narrador; e o Alberto?
- Eu sou sportinguista e o Alberto é do Porto.
- … Chato, o que se passou hoje em Manchester. O Sporting não merecia…
- Falas a sério, Albino?
- Claro que sim. Se fosse o Porto…
- Também digo o mesmo, narrador. Agora que tenho consciência que sou portista, estou triste por o Sporting ter perdido. Se fosse o Benfica…
- Fiquem bem rapazes!...
- Adeus narrador; - Até à próxima, narrador!
Ainda agora aqui chegaram, digo eu, e já se encontram impregnados de natureza humana… Porra!, o que quero eu? De que forma haveriam eles de ser?! Natureza humana, sim…, a inerente racionalidade – se o rival perder fica menos forte… - e a emoção que devem ser postas em todas as coisas. Em simultâneo sim!... Não, não é um paradoxo, é natureza humana.




Carlos Jesus Gil

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


VAMOS LÁ AO ALBINO!

- Ó Albino!...
- Sim, narrador. É pr’a hoje?
- Se te referes à tua indefinida situação, sim, é pr’agora. Desculpa, mas no outro dia já não dava. Fez-se tarde, e eu também tenho a minha vida… Compreendes?
- Estás desculpado, pá. Tenho andado aqui com uma ansiedade do caraças, mas eu entendo perfeitamente que não te tem sido possível ocupares-te do meu mundo.
- Se pensas, Albino, que a dita cuja te vai abandonar só porque te vou enquadrar num normal quotidiano, estás enganado. Pode até acontecer, e eu vejo nisso enorme possibilidade, que a tua ansiedade vá aumentar. Tu vais ver como é ser peça deste dominó.
- Seja como for, narrador, empurra-me. Torna-me útil ao movimento.
- Ok. Albino, tu ocupas-te do estudo dos fenómenos políticos – o que é de cósmica abrangência, tenho para mim, pois toda a actividade humana se encontra eivada de política, por vezes de politiquice, sim, mas tu tão bem quanto os melhores saberás fazer a destrinça -, observas, lês, meditas, cruzas informações, tiras as tuas conclusões que explanas, nos media, para que o mundo que não entende estes meandros continue a não os entender, mas menos, que com os teus comentários, crónicas e conjecturas o pessoal já fica com umas luzes. Quem quiser ficar a dominar o assunto pode, caso possa mesmo… frequentar o curso de Direito da Universidade Novíssima de Lisboa, onde tu és reputado professor de Ciência Política e de Sistemas Políticos . Foi, aliás, aí que te formaste em Direito e onde fizeste o teu mestrado (doutoramento, ainda nada. Mas vais lá, calminha. Já apanhas é com Bolonha… Melhor ainda, não é?). Portanto, Albino, és um conceituado politólogo. Com as coisas eminentemente jurídicas nunca tiveste suficiente empatia.
- Contente, muitíssimo contente. Apraz-me o assunto e o desafio.
- Pronto, ainda bem. Quanto às tuas origens, nasceste no Barreiro, no dia 27 de Outubro de 1971, no seio de uma família de operários fabris: O sr. António e a dona Conceição, ambos trabalhadores numa unidade de produção de componentes para a indústria automóvel. Tens uma irmã, mais nova do que tu, aliás, bem mais nova – não digo quanto, pois, pelo menos por enquanto, nada aproveita ao enredo -, intermitente professora de História, casada com um bancário, e neste momento à espera do teu primeiro sobrinho… Sim, é um menino.
- Porreiro, meu caro, uma mana e um sobrinho a caminho… Um casal simpático, já estou mesmo a ver, como pais… São gente boa, os meus pais?
- Da melhor. Muito trabalharam para merecerem o orgulho que hoje têm por ti… e pela tua irmã, claro, apesar de uma certa mágoa… É que a tua irmã, excelente rapariga, diga-se de passagem, não se preparou para nadar nestas águas. Não me interpretes mal, é uma excelente professora de História, mas é professora! Tudo dito... Os teus pais, humildes mas inteligentes, cultos e atentos, sabem bem como as coisas estão. Mas adiante. Tens uma bonita mulher, uma loirinha de 29 anos, tua colega na Novíssima de Lisboa onde lecciona a cadeira de Direito Constitucional I, e onde, de resto, a conheceste. Foi amor à primeira vista. Namoraram oito meses e… zás, matrimónio. Estão casados há três anos e ainda não pensam em ter filhos. Vocês é que sabem… Ah, já me esquecia, é de Castelo Branco, a tua Ritinha.
Bem, julgo que por agora nada mais há a acrescentar. Foi isto que acerca de ti apanhei até ao momento. Se algo mais por aí andar e eu conseguir caçar, disso conhecimento te darei. Vou contar até…
- Já sei, já sei. Eu assisti a todo o processo do Alberto. Aliás, estou muito satisfeito com o que ele é. Fiquei, no entanto, algo chateado com vocês.
- Então porquê?
- É pá, despediram-se um do outro e a mim nem burro tu estás aí!
- Tens razão, Albino. As minhas desculpas. Depois, sabes, o Alberto já estava lá com umas coisas com a mulher no sofá… De maneira que, naquele dia, eu achei que o melhor era ficar por ali.
- Tá, anda, conta lá.
- Vamos a isso: um, dois, três.
- Já sou… Como é bom ser! … Já vou, Ritinha, já vou.
- Fica bem Albino.
- Adeus, narrador.




Carlos Jesus Gil

domingo, 25 de novembro de 2007

Caríssimos leitores

Caríssimos leitores, o blog que gentilmente visitam quando não há mesmo mais nada para fazer, dá vida, a partir de 19 de Novembro, a dois simpáticos personagens e respectivas famílias. Caso não se importem de fazer o frete de acompanhar a vida daqueles dois desgraçados - por acaso até não, que os gajos têm cá uma sorte do caraças. A começar pelas mulheres que lhes arranjei... - comecem, então, com o post de 19 de Novembro " Bar de uma porta só ". É ai que de facto tudo começa. É a partir daí que a cena é ocupada, quase em exclusivo, por " E o Alberto e o Albino também... "
Obrigado, muito obrigado.É pá, obrigado!

Foi a primeira epístola deste blog. Ou não. Só lendo tudo...


Carlos Jesus Gil