quinta-feira, 8 de maio de 2014

VIVER NO TEMPO; VIVER O TEMPO


 
 O que depreendo; pelo menos o que penso:

            Viver no tempo sem viver o tempo implica uma atitude de absoluta passividade. O sujeito que está na vida deste modo é como que um passageiro com passe vitalício mas com destino limitado e circular. É curto o raio da sua ação, sendo em consequência curto o diâmetro da circunferência que descreve com os seus curtos passos; para mais, não ousa nunca sair do perímetro, da linha. Nunca experimenta uma inflexão, fosse ela ao menos para dentro. Confunde-se o seu local de origem com o de passagem, passagens ou mesmo estadas. Apenas aquele, o de origem, é de algum modo pensado, e não por ele.

            O facto da posse de um passe assegurado e vitalício, pelo menos enquanto for senhor da razão, da sua razão, pode levar-nos a crer ser um paradoxo o acima afirmado, mas será de pequena duração esta hesitação. Pois uma ausência de restrições de movimentos existe, porém ela é parceira de uma permanência, a da limitação de horizontes. Um sujeito deste tipo pode - como todos os que podem, todos os que estão na posse da razão, da sua razão -, pode mas não tem vontade. Esta é-lhe alheia. Sabe que existe, que é dos conceitos materializáveis mais importantes, até experimenta, de quando em quando, encontrá-la, mas depressa desiste. É um sujeito com posses mas sem vontade! É alguém que se deixa conduzir, que não decide caminhos, rotas, alguém que por norma não faz escolhas. A vida, o próprio tempo é para este sujeito o decisor, o transporte e o condutor.

            Ora, ao invés, um ser que viva o tempo, é um sujeito ativo. É ele             quem traça as rotas no mapa, quem o procura, quem aponta para esta ou aquela escala, quem o estuda, quem o reflete. Pode até nem compreender todos os percursos - e é isto mesmo que acontece a maior parte das vezes -, pode até nem levar até ao fim algum dos empreendidos, pode até nem cumprir nenhum, porém atreve-se a encetar a viagem, mais, tudo faz por ela, pois é para ele fundamental que as coisas tenham sentido, e elas apenas o têm se o seu cérebro e toda a orgânica que compõe o seu todo material, em conjugação com o que nele é espiritual empreenderem, não se acomodarem. Para este sujeito o tempo é o transporte, o veículo, mas é ele quem o conduz. Um sujeito assim viaja de verdade, na Terra, no Éter, por onde lhe for possível. Faz escolhas, as possíveis e as impossíveis. Constrói possibilidades ou miragens de possibilidades. Numas e noutras, construções... a vida!

domingo, 4 de maio de 2014

Palavras "Novas"

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Ninguém pensava, mesmo tendo em conta a vitória em casa por dois a um, que o Benfica chegasse à Final da Liga Europa. O adversário era muito poderoso, historicamente muito poderoso. À Juventus, nunca, de todo!, lhes passou pela cabeça ficar a assistir à Final da prova, ainda por cima no seu estádio, desconfortavelmente instalados em sofás, frente a plasmas. Mesmo os benfiquistas, lá bem no seu íntimo, despensavam da capacidade da equipa para ultrapassar o manhoso e poderoso concorrente e chegar à Final de Turim. Tal é a himalaianeidade da empresa! Sim, um objetivo possível, mas de grau de dificuldade himalaiano, convenhamos!
O jogo da segunda mão? É daqueles espetáculos que só mesmo ouvistos!, como uma Obra Maior em música.