terça-feira, 9 de junho de 2009

Livreiro, não alfarrabista!

LIVREIRO, NÃO ALFARRABISTA!


Um destes dias, por alturas do aniversário de uma boa amiga minha, fanática pela “Mafalda”, dirigi-me a uma livraria e disse, a quem de direito, que queria um livro da “Mafalda”… um ou até mais. E vai daí o senhor de direito disse que não vendiam livros em segunda mão, e eu retorqui, assim meio aparvalhado, que queria um ou mais livros da “Mafalda” mas novos… e, como começava a perceber o que se passava, até encetei uma curta explicação dizendo que era da “Mafalda”, aquela menina…, e ele, deferente mas obstinado, disse ah, aquela menina loirinha filha da dona Hermínia! Boa e linda menina, sim senhor! Pois, mas você não está a entender. É que nós não somos alfarrabistas… E mais me disse, agora nitidamente com uma cara assim pr’ó montes de admirado, que não compreendia como é que eu pedia com tão grande naturalidade, mesmo que de alfarrabista se tratasse, um livro ou livros de uma pessoa específica… Como é que ele iria saber que livro ou livros foram outrora pertença de Mafalda… Só se ela os tivesse assinado, que não iríamos com certeza recorrer às virtudes das impressões digitais, e, a tal ter acontecido, o esforço, do corpo e da mente, espiolhando aqui, vasculhando acolá – que ter a sorte de encontrar à primeira, ainda por cima mais do que um, não é coisa plausível -, seria imenso.
De maneira que acabei por me decidir pelo “ Guerra e Paz “, que se me insinuava desavergonhadamente, e não fugia muito ao género.
E de modos que foi assim!




Carlos Jesus Gil