sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Era nenhuma vez...

Veio-me à real gana que talvez fosse interessante repostar este texto:


ERA NENHUMA VEZ …


O Sol brilhava sempre, todos os santos dias; a temperatura era invariavelmente agradável; havia áreas reservadas à precipitação, incumbidas da recepção e armazenamento da indispensável água; havia áreas com neve, muita neve todo o santo ano, para turista ver e desfrutar .
Todos amavam, todos eram amados; todos os activos trabalhavam, ninguém era tramado; trabalhava-se por necessidade e prazer; o lazer variado era, e inquestionavelmente praticado.
Era nenhuma vez um país assim!

Devia ter terminado o texto com um simples ponto final.




Carlos Jesus Gil

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Hipermercados CTT

Para desanuviar:




HIPERMERCADOS CTT


Quando me encontro em casa, só mesmo quando…, lancho por volta das dezassete horas. Sempre, ou quase, o menu “resume-se” ao melhor: broa, azeitona galega (uma delícia, hummm!) e café de borra com açúcar amarelo. Ora, um destes dias, já com tudo (tudo?) preparadinho sento-me eu (eu?... eh eu, se é sento-me não pode ser tu… nem ele ou ela ou outro qualquer!) à mesa do lanche, que não é a mesma do almoço ou do jantar. Nada de confusões! Naquela, só mesmo o lanche e o pequeno-almoço. Bem, tergiverso nem sei bem porquê. Quer dizer, até sei, mas não digo… por desnecessário ser. Pronto, vamos lá! Galeguinha de primeira; broa acabadinha de sair do forno, portanto paradoxalmente fresquinha; café de borra a escaldar; açúcar… açúcar?, onde está o açúcar!?... Népia, deixara acabar o açúcar amarelo… nem do refinado, mais branco que o cavalo branquíssimo do Napoleão, havia. Nem resquícios! Vai daí, com o pragmatismo que nem sempre foi meu apanágio, deixo-me de lérias, de dilações, e começo a pensar numa solução. Só que, nas redondezas, nem hipers, nem supers, nem micros, nem tão pouco mercearias!... Estou feito ao bife, café azedo é que não! Entrava já em processo de depressão quando se fez luz no lusco-fusco que invadia a minha tola: há, bem perto do meu apartamento, uma estação dos CTT. Estou salvo!... Aí vou eu a correr; num ápice estou a tirar o ticket… de repente vejo-me numa fila… grande… demorada… trinta minutos de comprimento…. Eis que chega a minha vez! : - Minha senhora, era um quilo de açúcar amarelo, por favor!... Ela sorriu, depois riu; depois riram os que se me seguiam… - Caro senhor, por enquanto ainda não temos!




Carlos Jesus Gil

domingo, 12 de outubro de 2008

Sociedade

SOCIEDADE



Ora, uma sociedade pressupõe a existência de sócios; eu vivo, pertenço, a uma sociedade… grande, enormíssima em termos de ecúmena. Logo, e em jeito de silogismo, afirmo: sou sócio… de uma enormíssima sociedade!
Euforia: UAU!!!
Depressão, quase simultânea: carago, mas..., mas qual é a minha quota!!!?




Carlos Jesus Gil