No dia 26 de
Abril de 2014, um sábado primaveril, eu, o meu irmão e um grupo de amigos fomos
tocar à Casa do Povo de Mira. Um evento
no âmbito das comemorações dos quarenta anos do Vinte e Cinco de Abril de Mil
Novecentos e Setenta e Quatro. Tocámos e cantámos músicas e canções – Palavras vestidas
e engalanadas, sem vaidades, apenas para que mais facilmente despertem a
atenção daqueles por quem vivem - a condizer, pois claro! Não faltaram o Zeca,
o Zé Mário, o Sérgio, o senhor Paredes, entre outros nomes Maiores do nosso
manancial musical de intervenção. Havia, como sempre em tudo há, limites de
tempo, caso não, muitos mais companheiros de causa se lhes teriam juntado.
Houve também
Poesia dita, e que bem dita que foi por um grupo de boa gente de Aveiro que fez
questão de, com razão e emoção, aceder à solicitação que lhes fora dirigida!
Bonito! Poesia da grande, daquela que menos não é que Filosofia. Filosofia como
a Filosofia, Filosofia-Filosofia, que há uma só, aqui, no entanto, mais amante
do sentimento, da forma, da imagem bela cultivada mas não adulada, dos gestos,
dos sons. Sim, que um Poeta é um Filósofo esteta.
Houve ainda discursos à maneira - daqueles não
prolixos, que o tempo, como se disse, também não era muito -, dos que com pouco
se diz muito.
Bem, correu
tudo pelo melhor. Senti-o assim, parecendo-me que aos outros lhes sucedeu o
mesmo. Correu tudo maravilhosamente bem a nós, músicos, aos Dizedores de Poesia, à organização do
evento, bem como aos seis espectadores indefectíveis que assistiram ao
espetáculo... As portas encontravam-se franqueadas, era para todos, até dar,
claro, mais apenas vieram seis! Apesar de não se tratar de Pop-Rock, confesso
que esperava muito mais. Ainda assim, reitero, foi maravilhoso. E depois a coisa talvez não tenha sido bem
divulgada. Nem na SIC passou!!!!
Mais uma coisita:
assomou-me à cabeça que o facto de nesse dia as portas da Casa do Povo se
encontrarem abertas, e para quem quisesse, tal não significava que sempre ou
com regularidade aceitável assim fosse. As portas estavam abertas, verdade; de
vez em quando estão abertas, verdade. Alguém as abre. Alguém que tem as chaves,
digamos, o senhor das chaves, ou um dos senhores das chaves da Casa do Povo. É
que a Casa é do Povo – e neste país existem tantas! -, mas só alguns têm as
chaves!