terça-feira, 24 de junho de 2014

Casas do Povo


 

            No dia 26 de Abril de 2014, um sábado primaveril, eu, o meu irmão e um grupo de amigos fomos tocar à Casa do Povo de Mira.  Um evento no âmbito das comemorações dos quarenta anos do Vinte e Cinco de Abril de Mil Novecentos e Setenta e Quatro. Tocámos e cantámos músicas e canções – Palavras vestidas e engalanadas, sem vaidades, apenas para que mais facilmente despertem a atenção daqueles por quem vivem - a condizer, pois claro! Não faltaram o Zeca, o Zé Mário, o Sérgio, o senhor Paredes, entre outros nomes Maiores do nosso manancial musical de intervenção. Havia, como sempre em tudo há, limites de tempo, caso não, muitos mais companheiros de causa se lhes teriam juntado.

            Houve também Poesia dita, e que bem dita que foi por um grupo de boa gente de Aveiro que fez questão de, com razão e emoção, aceder à solicitação que lhes fora dirigida! Bonito! Poesia da grande, daquela que menos não é que Filosofia. Filosofia como a Filosofia, Filosofia-Filosofia, que há uma só, aqui, no entanto, mais amante do sentimento, da forma, da imagem bela cultivada mas não adulada, dos gestos, dos sons. Sim, que um Poeta é um Filósofo esteta.

            Houve ainda discursos à maneira - daqueles não prolixos, que o tempo, como se disse, também não era muito -, dos que com pouco se diz muito.

            Bem, correu tudo pelo melhor. Senti-o assim, parecendo-me que aos outros lhes sucedeu o mesmo. Correu tudo maravilhosamente bem a nós, músicos, aos Dizedores de Poesia, à organização do evento, bem como aos seis espectadores indefectíveis que assistiram ao espetáculo... As portas encontravam-se franqueadas, era para todos, até dar, claro, mais apenas vieram seis! Apesar de não se tratar de Pop-Rock, confesso que esperava muito mais. Ainda assim, reitero, foi maravilhoso. E depois a coisa talvez não tenha sido bem divulgada. Nem na SIC passou!!!!

            Mais uma coisita: assomou-me à cabeça que o facto de nesse dia as portas da Casa do Povo se encontrarem abertas, e para quem quisesse, tal não significava que sempre ou com regularidade aceitável assim fosse. As portas estavam abertas, verdade; de vez em quando estão abertas, verdade. Alguém as abre. Alguém que tem as chaves, digamos, o senhor das chaves, ou um dos senhores das chaves da Casa do Povo. É que a Casa é do Povo – e neste país existem tantas! -, mas só alguns têm as chaves!