sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O preço das viagens

Foi escrito há já uns tempos. O primeiro parágrafo encontra-se fora de validade... O resto é intemporal. Eis o tal:




O PREÇO DAS VIAGENS


Lembrei-me hoje de que já não viajo, em lazer, há muito tempo. Cinco anos e alguns meses passaram sobre a última de algumas viagens que empreendi por esse mundo afora.
Instantes volvidos, tive a consciência epifanica de que não é bem assim. É que, paradoxalmente ou não, nunca deixei de viajar em lazer!... Aos sítios onde fui e que vivi regresso constantemente, sempre que necessito de me ausentar. Passo quase todos os dias largos minutos de deleite, sempre intenso, nesses pontos do orbe. Viajo à velocidade da luz de um ponto para o outro.
São pílulas de prazer de efeito perene, essas que não se encontram nas farmácias, mas nas agências de viagens!
A consciência leva-me a admitir que me enganava quando julgava altamente dispendiosos os meus devaneios viageiros. Caros?!...Não, do mais barato que há…,pois se só paguei uma vez e viajo sempre! Então, quando, pejado de prazer, falo delas aos meus amigos, o que é isto?... Se isto não é viajar em lazer!…
Menos de um cêntimo foi quanto me custou cada viagem; e, se viver muito, muito, muito – digo viver -, não temos moeda que se adapte ao preço.




Carlos Jesus Gil

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O pasmo

O PASMO




- Isso é o que tu dizes.
- Pois é, mas eu também posso dizer que o que tu dizes é o que tu dizes.
- Então diz!... Vá, anda, diz!
- E digo, e digo!
- Então diz, pá!
- Pronto: isso que tu dizes é o que tu dizes!
Entretanto, olhando para a mesa repleta de garrafas e de copos, o dono do bar, um senhor conhecido e amigo, indaga:
- Pessoal, esta loiça é cá do bar ou é vossa? É que se for cá da casa vou arrumá-la.
O pessoal pasmou!




Carlos Jesus Gil

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Ser e parecer

SER E PARECER


À nossa sociedade importa muito mais o parecer do que o ser. Daí que muitos, os mais espertos, se limitem a representar.
Os outros, os que são, são-no porque não estariam bem de outra forma, ou, então, porque lhes é mais fácil ser do que parecer. É que parecer, para além de exigir talento, encerrar a sua arte, também dá trabalho.




Carlos Jesus Gil

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

2+2=5 II

Na diversidade encontramos a riqueza. Já imaginaram uma hegemonia do igual?... Eh pá, pessoal, para além de utópico, de traduzir uma pobreza franciscana, seria cá um enfado!
Riqueza, desenvolvimento implicam diversidade, interacção, complementaridade!
Daí que fique todo contente quando recebo, acerca do texto postado, comentários o mais díspares possível. A riqueza de interpretações fascina-me, chega a inebriar-me!
Pois, em verdade, nem eu sei o que quis dizer com todo aquele arrazoado. Sim, o que significa aquela trapalhada toda?... Sei lá!... Não sei, palavra!... Ah, com futebol – apesar das referências – não tem a ver, juro-vos!
Então, e com o objectivo de reiterar o não significado, ou pelo menos a apologia da significação plural, aí vai uma reformulação da charada… desculpem!, trapalhada:




2+2=5 II






Era uma vez um casal. O homem era tão gordo tão gordo tão gordo, e a mulher tão magra tão magra que quando estava de frente parecia que estava de lado e quando estava de lado não se via, e sempre que se sentavam à mesa o avô dela jurava que nunca mais nadava no mar das caraíbas, enquanto o tio dele clamava bem alto que, assim sendo, filmes de cow-boys nunca mais!
De modo que o filho mais velho do pai dele, que tinha sido parido pela sua mãe mas não pela do irmão, era totalmente careca.
Quantos aos meninos, melhor, quanto à menina de onze e ao menino de nove, que não tinham nada a ver um com o outro e nem sequer o recém-eleito presidente americano sabe jogar às escondidas, nunca souberam como se calcula o preço do último cd dos Sistem, sabendo que três quartos de Quinta do Cabriz custam 3.5€ e um guiador de bicicleta verde 17€.


Muito importante, demasiado mesmo: a bicicleta tem que ser BMX… se não, é um problema!




Carlos Jesus Gil

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

2+2=5

2+2=5




Era uma vez um casal. A mulher era tão gorda tão gorda tão gorda, e o homem tão magro tão magro que sempre que se sentavam à mesa o avô dela nunca comia salsichas ao pequeno almoço que, lá pelas bandas onde morava, era sempre composto de grande naco de toucinho salgado e duas taçonas de vinho tinto… Do alentejano? Não! O automóvel que usavam pertencia a um senhor do Norte, um minhoto, dono de uma quinta na Bairrada. Os aviões não paravam por lá, mas não havia Segunda-Feira em que não se sentissem as repercussões das más arbitragens, apanágio do nosso futebol. E vai daí…




Carlos Jesus Gil

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Fonte de soberania

FONTE DE SOBERANIA


Um olhar aturado sobre as acções e as reacções dos políticos mostra-nos o quão condicionadas estão as suas decisões, pelo comprometimento da sua condição futura.
Passa-se isto a nível do pequeno burgo, do burgo maior e do agregado destes. Aqui, por exemplo, um sem número de reuniões – formais e informais -, conversas de corredor, de restaurante, de café e, até, de hall de entrada…precedem a aprovação de uma simples –ou complicada…- directiva. É que, quem negoceia não objectiva o bem global, ou, ainda que este o mobilize, pensa sempre, primeiramente, no do seu país, isto é, no seu, no seu particularíssimo bem, pois se a nação que lhe delegou poderes sair a perder, ele, negociador (qual mercador/feirante regateando o melhor preço!, gorando, todavia, as expectativas que viajaram consigo…), vai, sabemo-lo, sofrer tácito castigo – que os outros, os que delegam, também o hão-de sofrer, a seu tempo, claro. A não ser que… É que isto dos que delegam tem muito que se lhe diga; ele há aqui outros recursos, variadas ferramentas, de modo que não é limpinho recorrer em casos tais a pura extrapolação. Quem desconhece que, pelo menos a partir de determinado timing, não há decisão governamental que não careça de prévia inquirição (vulgo sondagem)? Atentos, sempre atentos aos números que o quarto (quarto!?, vejamos se não é o primeiro, vejamos!) poder se encarrega de, regularmente, lançar à liça. No pequeno burgo só a escala muda, o resto… tem o mesmo cheiro.
Todos temem o futuro (claro, quem é que não!... a ditadura do futuro tem governado o mundo do homem em todas as suas dimensões. À guisa de um “ estás perdoada”, clamemos: não és a única, política, a submeteres-te à ignóbil ditadura, bem te compreendemos!) da sua figura e da dos seus.
Ora, mas quem atemoriza assim tanto os nobres políticos? O povo, com certeza! Esse colectivo tirânico, despótica horda de… pagadores: de estradas, luz das ruas, de escolas, dos hospitais, dos tribunais, dos edifícios ministeriais, dos automóveis dos tais, do seu belo (isso é relativo, e subjectivo e… é é, vem cá com essa que vais de …, vais a pé, a pé é que tu vais, se me vens com ingenuidades.) modo de vida, e de outras, muitas outras coisas que tais.
Só o Soberano (o Verdadeiro) parece desconhecer a sua condição. É pena!
Eiii!, anarquista não sou; niilista também não. Reconheço a necessidade de delegados, nossos. “Não pode ser tudo ao monte e fé em Deus”, eu sei!... Porém…




Carlos Jesus Gil