sexta-feira, 19 de março de 2010

O jardim e o jardineiro

Repostagem



O JARDIM E O JARDINEIRO


Como carece, o jardim, de jardineiros!..., de bons jardineiros, daqueles que sofrem com a perda de uma planta, que uma só planta é prejuízo de grande monta. Sim, daqueles que levam o tormento para casa e que não descansam enquanto não ocuparem o lugar vagado com outra planta… igual, e que sabem que, mesmo sendo igual, nunca esta será igual - que todos os iguais são diferentes -; e que amam aquela igual diferente quanto amavam a outra igual igual. Jardineiros destes, precisa-se! Nunca são demais, que muitas são as plantas, profusão de flores.
O bom jardineiro domina a cirurgia do corte, expulsa do território o usurpador daninho, somente o usurpador daninho... O bom jardineiro não usa pesticidas, evita as pestes. O bom jardineiro converte o brejo em terra fértil.
O jardim continua uma lástima. Há-os em melhor estado, nenhum, porém, dá mostras de desvelado trato.
O tempo não está criador, todavia, com jardineiros mais atentos e dedicados…

quarta-feira, 17 de março de 2010

Ah, não foi nenhum bispo!

Ontem, na rádio:

Se é que ouvi bem, se entendi melhor e não deturpei absolutamente nada, é de ficar indignado. Se não é como vou descrever, as minhas desculpas!
Então: parece que no Brasil um padre e dois monsenhores abusaram sexualmente de menores. Ora, perante tal constatação e perguntado sobre as consequências, o Papa terá respondido qualquer coisa semelhante a isto: ah, não foi nenhum bispo!
E pronto, perante isto...




Carlos Jesus Gil

segunda-feira, 15 de março de 2010

Caminhos possíveis

CAMINHOS POSSÍVEIS




E pensar que tudo Isto pode muito bem ter surgido de um enigmático Buraco Negro; mais, de um Buraco Negro do tamanho de um átomo! Incrível, não? Se os Buracos Negros não possuem apenas a enorme capacidade de sugar sofregamente massa, tornando-se assim cada vez mais densos, mas também a faculdade de a expelir, de a expelir violentamente num terrífico e devastador/criador big-bang, como pensam grandes cabeças, então há enormes possibilidades de todo Este enorme colorido, cada vez mais enorme, pois em expansão, ter surgido – mas quanta ironia pode comportar a matemática!!! – de uma minúscula mas significante partícula sem graça.
É a pensar nisto, na Teoria de Tudo, na mais recente Teoria das Cordas, em matérias diversas mas quejandas, sim, magicando - em cocktail de colapso nervoso com pinguinhos de euforia justificada - no donde viemos, que veredas, caminhos, estradas e auto-estradas teremos percorrido, que me embrenho de cabeça nos bairros mais sombrios da cidade que me habita, da perigosa cidade que me habita.
Parece que a conheço tão bem, e conheço, pois tantas vezes percorro aquelas vielas, aquelas ruas, aquelas praças… todos os dias o faço, todos os dias, não há um que por lá não passe, e de repente tudo me é tão estranho!.. Mas que cidade é esta onde moro?, que me habita? Então? Sou um perfeito desconhecido na minha cidade, sou-me um perfeito desconhecido?... Era tão pequena e pitoresca, a minha cidade! Toda a gente se conhecia, ninguém era enigma para ninguém. Todos estávamos a par de tudo e de todos, antigamente na minha cidade. O pior de tudo é que não foi assim tão antigamente, até que, vistas bem as coisas, não foi há mais que cinco segundos… Quais cinco segundos?!, foi há um segundo, apenas há um segundo. Incrível, não? É, foi só quando deixámos de dar primazia às veredas, e passámos a importanciar as estradas e as auto-estradas que a mudança p’ró desconhecido se deu… E isso foi há um segundo, apenas há um segundo!... Dá-me medo agora, a minha cidade; dou-me medo, bastante e incessante medo!... Procuro um bar ou um café aberto, preciso de um copo, de companhia, de alguém que conheça bem a minha cidade. Encontram-se, parece impossível!, todos fechados. Às onze da noite não há um bar aberto, não se encontra luz em qualquer um dos poucos cafés que ainda existem. Que estranho! Que estranha, a minha cidade!... Procuro um quiosque, um daqueles de estação ferroviária, que estão toda a noite abertos, mas também os proprietários destes foram dormir mais cedo. Ou será que agora é assim, que tudo fecha mais cedo?... Onde vou eu arranjar um mapa, uma mapa da minha cidade? Onde vou eu encontrar a carta da cidade que me habita? Sem esta, como posso eu, com tudo assim tão mudado, regressar a mim?
“ Aquele que conhece o outro é sábio, quem se conhece a si próprio é iluminado”! Alguém assim falou… e como eu penso que bem!




Carlos Jesus Gil