sábado, 28 de março de 2009

O X, o Y, o Z e outra letra que se lê

O X, O Y, O Z E OUTRA LETRA QUE SE LÊ


Ela estava triste…, até chorava! Era um bonito princípio de tarde de finais de Junho. Muito sol, temperatura agradável, férias à vista, mas ela estava triste. Triste e sem fome, apesar de nada ter almoçado. Nem a fatia de vieneta, de que tanto gostava, se atrevera a comer. Tal era o fastio!Eu cirandava por ali, de esplanada em esplanada, junto à praia, quando a vi. Acenei-lhe vivamente, mas ela apenas ensaiou um tímido e preguiçoso gesto com o braço direito… Aquilo não era normal. A Liliana?!..., tão alegre, tão jovial, tão, não raro, prolixamente frenética, tão senhora de si… Coisa estranha e indesejada habitava, de há pouco, tinha a certeza, o espírito da minha bela amiga. Não, havia ali coisa sim senhor. E eu tinha que indagar sobre o que…, e sem delongas. De modo que, num ápice, safei-me do resto do fino que consumia, disse “ até já “ aos meus companheiros e dirigi-me à muralha, cujas esquinas Liliana ajudava, de momento, a polir.Enquanto atravessava a estrada pensava na noite anterior; em muitas noites e muitas tardes passadas. Aquela rapariga sempre transbordara de alegria, sempre fora a origem de autênticas cheias de boa disposição. Toda a gente adora estar junto dela, desde as amigas, que são muitas, aos amigos e admiradores que, de tantos serem, só mesmo com calculadora… Se, de facto, neste nosso mundo não é descabida a busca pela perfeição, por a ele, apesar de rara, não causar estranheza; se, efectivamente, aquela não se resumir a mais um utópico desígnio da humanidade, ela é a sua personificação. Do mais belo por fora; invejavelmente atraente por dentro; Q.I. à Sharon Stone!... Mas, então o que estará a passar-se? Serão problemas de saúde?... Não tive tempo para mais conjecturas, pois de repente encontrava-me frente-a-frente com a doce (na hora, como já vimos, nem por isso) Liliana.- O que é que se passa, queriducha?“ Olá! Nada, não se passa nada. “ – mentiu ela descaradamente.- Olha, acredito mais depressa na vitória do Sporting no campeonato do que na informação contida na tua resposta. Aliás, não é necessário analisá-la ao pormenor, parâmetro por parâmetro, em termos de som e de emoção – muito embora o esforço posto no disfarce -, para chegar à conclusão de que se passa mesmo algo…, e algo não despiciendo. Queres que acredite que não se passa nada de errado contigo, quando te vejo, pela primeira vez, triste e com urgente necessidade de uma remessa grande de lenços de papel?... Vá, presenteia-me com um sorriso! Vá, nem que seja ele enganador, que, desde que potenciado por esses teus lindos olhos, já os meus ficam lavados, libertos de qualquer impureza!“ Lindos olhos?!... Só tu é que vês isso. “ – retorquiu ela com a mágoa estampada nos próprios.- Ah, então é isso! Quem é que conseguiu tal proeza?“ Que proeza, Rui? Deixa-te de coisas. – ela não desarma.- Então, aos dezanove anitos alguém, que eventualmente nem procurou muito, encontra a chave do teu coração. Estava magicamente escondida; com magia foi encontrada!“ Ó Rui, já te disse, pára com isso! – a renitência continua.- Vá lá, temos que ser uns para os outros. Não confias em mim, é isso?… Ela confiou. Aliás, já tinha essa certeza comigo antes de emitir a questão. Somos unha com carne; alho com bacalhau; sei lá!...


Continua (um destes dias)




Carlos Jesus Gil

sexta-feira, 27 de março de 2009

O mapa

O MAPA


Comprei um mapa do mundo, escala 1/1750000. Depois, comprei um da Europa, tendo de enfiada adquirido um de cada um dos restantes cinco continentes…, sim, a Antártida não ficou de fora! Nestes, depois de cuidada triagem, optei pela escala de 1/500000.
Continuei a comprar, do mundo… dos continentes. Só a escala variava. Ia exigindo escalas cada vez maiores.
Passei a comprar de países, de todos; de cidades, todas; de localidades…, todas elas. Como sempre, começava por escalas pequeníssimas, acabando nas maiores disponíveis. Cheguei mesmo a adquirir material cartográfico à escala de planta de habitação… A praia era, nestas consultas, o meu escritório.
Continuei a comprar mapas de toda a ecúmena…, mesmo da não ecúmena, só as escalas variavam. Sim, sempre cada vez maiores.
Fui a todos os países; a todas as cidades; a todos os lugares… ao calhas, à sorte. Nem um mapa!!! Cheguei, até, a fazer uma segunda ronda, consultando, desta feita, os mais experimentados taxistas.
… E nada! Não encontrei!




Carlos Jesus Gil

quinta-feira, 26 de março de 2009

Nem tudo o que vem à rede é peixe!

NEM TUDO O QUE VEM À REDE É PEIXE


Também com o objectivo de divulgar o blog, comento notícias no Expresso online… semanário – aqui, obviamente diário – de referência.
Eu, pr’a mim: eh pá, vai lá e divulga! Não custa nada, inscreves-te; comentas as notícias e depois apelas a umas visitinhas ao blog. Hão-de aparecer verdadeiros leitores, daqueles com substrato intelectual tal que, ao comentarem, indo ao encontro ou contra o que escreves, te ensinam… Te ajudam a crescer. Bem sei que podemos crescer com todas as experiências e todos os interlocutores, mas foi assim que eu me disse. Pronto, obedeci-me! Por lá tenho andado a comentar e a divulgar… e os resultados até que têm sido bastante satisfatórios (digo eu!), tão razoavelmente bonzinhos que até tenho esquecido que - logo eu, que sou de terra de pescadores e que os tenho na família – nem tudo o que vem à rede é peixe. Vai daí, acontece que a rede Expresso que lancei a noite passada não trouxe pescado. No seu lugar veio lama, muita, e limo. Pessoal, mesmo rede de alta qualidade, em águas seguramente nutridas e habitadas, não assegura boa pescaria. Mas as coisas são assim. Moços, até que nem estou danado, mas se ao menos fossem uns jaquinzinhos, umas petinguitas ou mesmo umas lacraias!...




Carlos Jesus Gil

terça-feira, 24 de março de 2009

Dois amigos cruzam-se

DOIS AMIGOS CRUZAM-SE

Um deles vai cheio de pressa; o outro nem por isso:


- Eh pá, aonde vais com tanta pressa?
- Eh Manel, vou ali, pá. Aqui já não se está nada bem!
- Lá isso é verdade, se não fosse cá por coisas também eu dava o fora… Mas, já agora, porque é que não vais antes acolá? É que ali é quase aqui, não sei se estás a ver!
- Pois, o problema é que não estou habituado a saltos tão grandes!...
E lá seguiu o Joaquim, a sua curta mas inadiável viagem.




Carlos Jesus Gil

segunda-feira, 23 de março de 2009

O sentido da vida em Woody Allen

O SENTIDO DA VIDA EM WOODY ALLEN


Em Woody Allen, a vida só tem sentido, só é digna de ser sofrida se houver permanência; se tudo não estiver destinado ao desaparecimento absoluto…; se houver um final feliz; se… se existir Deus. É, o absoluto sentido da vida reside, afinal, no final feliz. Não importa tanto o caminho; este deverá não ser mais do que instrumental, um meio para chegar à meta. Meta, é disto que se trata. A existir esta, a vida tem sentido.




Carlos Jesus Gil