terça-feira, 30 de junho de 2009

Como pode ela marrar, se ele é que possui os instrumentos?!

COMO PODE ELA MARRAR, SE ELE É QUE POSSUI OS INSTRUMENTOS?!


Trrim, trrim, trrim… As possibilidades do digital têm a capacidade de nos confundir com a maior das levezas: como poderia ele, num bolso que de tão exíguo ser até se mostra, convenhamos, desusado, transportar um daqueles vetustos calhamaços pretos, por cordão umbilical espiralado ligado a auscultador, também ele em absoluto nada fora da esfera do calhamaçado?! Como pode?!... O aparvalhamento logo terminou, como já adivinha o leitor. Heitor sacara do minúsculo multifunções que também dá para telefonar, e atendeu: sim, diz Heitor, amigo do amigo do primo de um amigo de um amigo meu, que foi quem mo contou, doutro modo não saberia eu que as coisas assim se passaram… ou quase, que também não me passa ao lado o conhecimento de que se ao conto cada um acrescentar o seu ponto… de vista… Mas, continuando, ouvira Heitor, de imediato, o seguinte: não tens o meu número gravado?!; ah, és tu, Luísa?; sim, quem querias tu que fosse?; ninguém, querida, desculpa…peço que me desculpes, tá? É que deve haver aqui alguma confusão nas entranhas deste télélé. Imagina tu que ainda ontem me telefonou o Cavaco e eu disse sim Dr. Mário, como vai a Dra. Maria? Imagina tu!... Tenho que trocar isto. Deve ser resultado do impacto da semana passada, lembras-te?, quando o mandei, com quanta força tinha, à parede do quarto da tua residência académica, depois de te ter apanhado a brincar toda nua com um colega teu que, como tu, também tem gostos duvidosos… Também brinca todo nu e na cama! Quantas vezes falámos, sim, nas outras situações quejandas, que não fica nada bem brincar nu?... Quantas vezes me disseste sim tens razão, não volto a tirar a roupa pr,a brincar… Mas voltaste, e eu, pimba… telemóvel contra a parede. Se calhar é mesmo disso. Tenho que trocá-lo!... Mas espera lá!, está aí alguém contigo… e está a rir… a rir muito. Tens isso em alta-voz, é? Quem é que está aí a rir?... E tu também, por que ris tu?; não te preocupes, sou eu que estou aqui a brincar com um colega… mas não é o outro, é outro… não te chateies! Ah, e estamos vestidos. Estamos a brincar vestidos, tá?; assim está bem! Mas afinal o que é que querias?; era só pedir-te que não viesses cá esta noite, é que vou aproveitar e vou marrar toda a noite pr’ó exame de Sexta-Feira; assim é que é. Dá-lhe com força! Pronto, estuda muito e um beijo grande… E ela, já numa embrulhada de genuínos gemidos: beeeijo grandão.




Carlos Jesus Gil

domingo, 28 de junho de 2009

Remédio p'rás moscas

REMÉDIO P’RÁS MOSCAS

Certa vez fui a um supermercado e pedi remédio p’rás moscas. Vai daí, a senhora perguntou-me:
- O sr. tem moscas?; estão doentes?; o que é que têm?
- … Fiquei sem palavras! Encontrava-me, já, quase na rua quando a refinada senhora ainda me atira com esta:
- Nas farmácias, nas farmácias é que há remédios!
E pronto!




Carlos Jesus Gil