sábado, 14 de julho de 2007

A ditadura do futuro

A DITADURA DO FUTURO


Mesmo quando tudo está bem – connosco, com os nossos -; mesmo quando o Sol brilha e o vento assume o heterónimo de brisa; mesmo quando a melodia que escutamos é deveras inefável e a harmonia que a envolve empatiza com a nossa; mesmo quando as camisas que admiramos e defendemos são as mais transpiradas e as que mais vezes são levantadas, à guisa de brinde; mesmo quando a química inexplicavelmente inexplicável nos torna parte dum óptimo produto de reacção; mesmo quando tudo isto acontece em simultâneo e até o metal aparece, mesmo assim, nunca realizamos o pleno…Há sempre algo que obsta: a consciência do efémero, a incerteza do Futuro!




Carlos Jesus Gil

Questões de autoridade

“Temos que ser escravos das leis para podermos ser livres”


Penso ter sido Cícero o receptor do inspirado/estudado pensamento.



Sou a favor da autoridade, da verdadeira, da não histriónica; é fundamental, reconheço-o. Agora da prepotência, do abuso de… isso não, nunca!
Um destes dias falou assim um amigo meu: - é pá, então a autoridade não devia servir para nos fazer sentir seguros e tranquilos? Respondi: -julgo que sim, em substância devia ser esse o seu objectivo. Retorquiu: -Então por que é que andamos sempre cheios de medo deles!?

Bem, o meu amigo descobriu um paradoxo. Eu anui.



Carlos Jesus Gil

sexta-feira, 13 de julho de 2007

CONSTRUÇÕES

Construíram um mosteiro diante da minha janela!... E, lá mais à frente, a sudoeste, um castelo – que belas ameias!
À frente, atrás e dos lados das duas belas e díspares composições arquitectónicas também construíram… outras coisas, diversas todas elas.
De maneira que já não sei se habito a minha época, se a Idade Média, se outra, se – e é o mais certo, visto serem as misturas muito derivantes em bebedeiras – impura e complicadamente estou borracho. É muito provável que apanhe uma piela de cada vez que, depois e acordar, abro a persiana!




Carlos Jesus Gil

NEÓFILO

NEÓFILO


Sou um neófilo, agrada-me a novidade, a inovação, o progresso… Em simultâneo assombro-me com o passado!
Alternadamente, extasio-me com uma ruína ou um texto da Antiguidade; com um “Mosteiro da Batalha”; com um moderno centro comercial; um artigo de uma qualquer “Visão”, um concerto hip-hop ou uma abençoada Sinfonia. Igual contemplação me merecem uma pitoresca paisagem natural e uma avenida ornada de edifícios de moderna arquitectura. O silêncio e o bulício também encontram em mim um freguês indefectível.
Não vivo sem o Sul e o Norte; não dispenso nenhum dos quadrantes!




Carlos Jesus Gil

LÁs

LÁs


O lá, é sempre o lá, a coisa está sempre no lá, mas quando a lá chego…
Já estive em tantos lás, e em sis, dós, rés, mis, fás, sóis!
…Já em lá não estava, a dita cuja. Sempre que a lá chego, de lá parto de imediato. Miragem…
Já nada me prende a lá, ao infinito dos lás!
Chego a imaginar trama, maquinação, sei lá!... Pois são tantos os lás, tantos, todos feitos uns com os outros numa conspiração atroz!
Como é fugaz a minha estada em cada lá!
Será mesmo que o que procuro está em lá? Começo a ter dúvidas, sérias.
Imponho-me outra Geografia, menos natural. Talvez a coisa esteja em lá sustenido, ou lá bemol…
Sou tentado a viajar para estes lás menos naturais, porém, quiçá, mais funcionais!




Faço de tudo p,ra chegar a lá.
Veemente busca, porque é lá que está.
Faço de tudo p,ra chegar a lá,
mas…de lá parto como fui de cá!

Frenética existência,
esta que da busca se alimenta,
que só logrará o que intenta
se plena for de ousadia e paciência
e, mais que tudo,
do muito querer fizer a sua essência!

…Sim, poderei chegar à um dia óbvia conclusão de que o lá é cá!




Carlos Jesus Gil

CIDADÃOS DO UNIVERSO

A partir de agora, é o que me vier à real gana...