sábado, 27 de outubro de 2012

SOBRE MÚSICA – APLICANDO-SE A OUTRAS ARTES




Coltrane tocava de forma magistral. Ninguém necessita tocar como ele, aliás, convém nem o tentar. A magistralidade só poderá conseguir-se, como ele e muitos outros a conseguiram, não imitando-o, não imitando-os. Muito pelo contrário, somente usando a informação, as ferramentas ao dispor de todos, matérias-primas que, uma vez apreendidas, com imenso trabalho, dominadas com destreza, mas sempre em simbiose com um coktail imprescindível – personalidade, idiossincrasia, alma - se chega a… Num dizer mais comum: talento e tormento; inspiração/transpiração. Muitos o afirmam, eu o confirmo, 99% será trabalho.
            Tratamos de magistralidade, um tanto acima da excelência. Para aquela, condição sine qua non: não à imitação. Quanto à outra existe lugar para a cópia, o cover, com trabalho, muito, e algum talento, os resultados ver-se-ão. Para aquela, quem aqueles pressupostos não respeitar, porque não pode ou porque não quer - na composição, na execução -, jamais, tenho para mim, marcará pontos. Limitar-se-á a debitar, em matemática sonora, a informação recolhida. Será igual a tantos outros por esse mundo afora.
            Talvez Coltrane, como outros verdadeiros mestres, desejasse um futuro de progresso infinito para o Jazz, para a Música em geral; talvez sonhasse que um dia o superassem, não em magistralidade, mas em conhecimento e ferramentas. Ele sabia que não podemos estacionar nos clássicos e seus standards, que devemos usá-los para avançar, como uma parte do Caminho. O Caminho que só os que marcam pontos podem construir. Na origem nem tão pouco havia asfalto, depois ele surgiu, mais tarde de qualidade e textura mais condicentes, agora e no futuro com renovadas formas de pavimentação. Porém, sempre o mesmo caminho que, e aqui é que está o Ganho, em nenhum sector jamais sofrerá desgaste, dano algum, tal não fora a qualidade de construção.
             É obrigação de quem pode continuar a Estrada!