sábado, 24 de novembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


DE ONDE VÊM; O QUE FAZEM


Pois!..., já vai sendo tempo de desenhar melhor aquela gente…
- Rapazes, apareçam!
- Diz, narrador; - Sim, narrador.
- Alberto, Albino, aqui vai:
- Aqui vai o quê, criador?
- Albino, por favor não me chames criador. É forte demais, não se ajusta a quem calça sapatos. Anda tudo por aí, ninguém cria nada. Caça, aquilo a que chamamos criação artística não passa de caça. Envolve elevação, sim, daí se distinguindo da outra, mas é caça.
- Seja, tu é que sabes.
- Bem, quero dizer-vos que já apanhei a vossa definição, querem ouvir?
- Claro, vamos a isso; - já não é sem tempo!
- Têm razão, mas estas coisas dão trabalho. É necessária muita espera. Vamos lá:
- Alberto, tu és oriundo da Beira Litoral, de uma aldeiazinha algures no distrito de Coimbra. És filho do senhor Amílcar e da dona Deolinda, agricultores, daqueles que vêem a agricultura como uma religião. Nasceste a 29 de Abril de 1972. Tens, portanto… é só fazeres as contas!
Quanto ao ofício, voga por aí informação de que és um brilhante sociólogo.
- Sociólogo?!
- Sim, querias ser o quê? Talvez proxeneta!...
- Não pá, está bem assim. Aliás, está óptimo. Bela profissão! Já agora, onde é que fiz o curso?
- Em Coimbra. Com hercúleo esforço dos teus pais (só Deus e eles sabem!...), frequentaste a vetusta academia.
- Portei-me bem ou fui mais um Afonso?
- Portaste-te muito bem. Não obstante não teres falhado nenhuma festa académica nem similar, também não falhaste qualquer ano. Foste, em termos discentes, exemplar. Os teus velhos (velhos o tanas!... Às vezes sou cá um insensível do carago. Mas também isto não passa de um tique geracional, convenhamos. A malta não quer faltar ao respeito…) muito se orgulham de ti.
Caríssimo Alberto, estás cá com um mijo do caraças. Conheces a Angelina?, aquela actriz…
- A Angelina, pá? A minha esposa vai ser a Angelina?
- Calma, Alberto. Não, não vai ser ela. Só estava a ver se a conhecias. Já agora, era uma pergunta retórica, pois se ainda não vives realmente… Se ainda só emergiste meia dúzia, ou menos, de vezes. Para que é que estavas aí com coisas… como se a conhecesses. Bem, de qualquer modo a reacção que tiveste é a que teria qualquer homem em plena posse de todos os argumentos. Mas não, não vai ser ela. Vai ser uma menina de 26 aninhos, natural de Viseu, chama-se Helena e é enfermeira de profissão.
Camarada, vou contar até três. No final da curta contagem estarás na posse da tua nova vida e de tudo o que lhe é inerente: um, dois, três. Boa sorte Alberto!
- Narrador, isto é bom pá. Estou no sofá com a minha mulher…
- Pronto, chega por hoje. Olha, vou ter que deixar o Albino para outro dia. Depois compensá-lo-ei. Adeus Alberto!
- Adeus narrador, isto é o máximo!
- Com quem é que estás a falar?
- Deixa pr,a lá, Lenita!...


Carlos Jesus Gil

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E o Alberto e o Albino Também...

DE ONDE EU VIM


- Ó narrador, ó narrador, onde estás?
- Quem me chama?
- É o Albino. Já resolveste a nossa situação?
- Tem calma, sim? Encontro-me empenhadamente a tratar disso. Prometi-vos vida, vida irão viver. Mas vida a sério, de emoções banhada.
- E namoradas?, já nos arranjaste namoradas?
- Ainda não, procuro com calma, pois não quero atirar-vos com uma coisa qualquer. Já agora, vai ser na condição de esposas que as irão receber.
- Casados nós, já?!
- Sim, mas tens alguma coisa contra o casamento, é? – Narrador, narrador, se ele tiver é problema dele. Eu não me importo… desde que seja bonita, bem feita e tenha bom feitio.
- Olá Alberto! Tem calma, tá? Tenham os dois muita calma. Vou atribuir-vos duas beldades com essas qualidades todas mas muitas mais. Confiem cá na vossa fonte. Quanto ao Albino, eu sei que casamento algum lhe mete medo. Quanto mais se for com o tipo de mulher que vos prometo!... Não é verdade Albino?
- É, claro que é. Só fiquei um pouco surpreendido!
- Sabes que em determinadas etnias sempre este foi o procedimento. A escolha de mulher para os rebentos não está a cargo destes.
- Sim, mas conhecerem-se já como casados?! Não achas isso grotesco?
- Neste mundo, onde quotidianamente se assiste a tanta coisa a sair dos eixos, onde procurar exótico é empresa épica, onde se pode provar física e matematicamente que a distância mais curta entre dois pontos não se traduz numa linha recta mas sim numa curva, onde é normal um político prometer uma coisa e fazer outra, num mundo destes, dizia, classificar algo como grotesco é manifestação de atavismo. Bem, mas eu encontrava-me aqui em meditação, e vocês, mais uma vez, vieram interromper-me. Vá, vão descansados que eu hoje não levo a mal, mas vão já, tá?
- Sim, narrador, até um destes dias!
- Chau narrador!
- Adeus Alberto; adeus Albino. Fiquem bem!
…………………. (pensamento, ócio, pensamento)------------» :

Eu vim do mínimo, que nada não existe… Se existisse, teria, por certo, partido de lá.




Carlos Jesus Gil

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


À VOLTA DA ORIGEM DA VIDA


A Vida terá surgido na Terra, depois de esta ter arrefecido o suficiente para o permitir, em ambiente aquático.
Pensa-se que o Grande fenómeno ter-se-á verificado graças ao ácido ribonucleico (RNA), o qual possui capacidade catalizadora de reacções químicas. Antes, julgava-se que apenas as proteínas possuem aquela capacidade. Como tal, a Vida teria começado com o surgimento de proteínas. Contudo, para existirem proteínas terá que existir genoma, mas para existir genoma é necessária a existência de proteínas. Assim, vê-se hoje como mais provável uma Vida surgida com a participação fundamental do RNA.
“ Muito bem (palmas), muito bem! “, “ Tu outra vez, Albino?!... “, “ Não, sou eu, o Alberto. Já não me conheces, narrador? “, “ É pá, conheço, desculpa lá! Ouve uma coisa, Alberto, eu já não vos tinha dito que durante uns tempos era melhor não me aparecem? “, “ Ó chefe, ó chefe, não nos faças isso. Por favor! È que, e eu falo por mim, não consigo viver sem ser nas tuas coisas… “, “ Então vocês não viviam nas narrações de outros narradores?! “, “ Isso devem ser coisas do Albino. É claro que nós só vivemos em ti. Vá lá, chefe!... “, “ Bem, em primeiro lugar eu não sou vosso chefe; em segundo… em segundo, já que admites que só existem em mim e que desejas tanto esta existência… vou contar contigo. “ “ Obrigadinho, che… narrador, obrigadinho!... E quanto ao Albino?... é que gostava que contasses com ele também! “, “ O Albino foi muito arrogante “, “ Arrogante, eu? Tu é que nos trataste de rastos, narrador. Tu foste até brejeiro no discurso, para não dizer que foste ordinário. Desculpa lá, mas… “, “ ……… Tens razão pá, tenho andado um pouco agitado, isso reflectiu-se no relacionamento que tive convosco nos últimos dias. Mas tu, Albino, também te portaste um bocado mal, pois foste intrometido e, por vezes, importunaste narrações importantes. É ou não é verdade? “, “ Se as narrações eram ou não importantes, não faço a mínima ideia. Agora é verdade, sim, que me intrometi e que importunei. Sentidas desculpas! “, “ Estás desculpado. “, “ (palmas)… Muito bem, estou muito contente. Narrador e Albino, já ganhei o dia! Agora só falta dizeres, narrador, que também contas com ele. “, Tá, também vou contar com ele. Mais ainda, vou arranjar para cada um de vocês uma bela namorada… e uma profissão. Que me dizem? “, “ Porreiro, magnífico, não é Albino?”, “ Sim, a parte da bela namorada é o máximo, agora a da profissão!... Estava a brincar, eu até quero constituir família, logo terei que ter uma profissão… e emprego, claro. “, “ Pronto, estou de bem com vocês, vocês estão de bem comigo. Óptimo! Vou começar a tratar dos vossos casos. Não sei o tempo que vou levar, pois não é empresa fácil o que vos prometo. Assim que tiver notícias convoco-vos, tá? “, “ Ok, obrigado! “, “ Obrigadinho! “, “ De nada, fiquem bem. “




Carlos Jesus Gil

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


COMPARAÇÃO/SUGESTÃO


Comparação:

… Pode até não ser tão boa, mas é boa. E, sendo boa, já me serve… De cerveja estou falando. Que a Leff é bestial; que a Hoegarden é do melhor; que as Chimay, Duvel e Guiness são de beber e chorar por mais; que a Rochfort e a Orval proporcionam tão inestimável deleite que até devia estar na Constituição a obrigatoriedade do seu consumo por todos os constituintes; que tudo o que supra disse, o disse com convicção (vá lá, nem tudo, pronto!), é uma coisa; agora eu afirmar que só estas é que servem!... “ E afirmaste, que eu bem ouvi”, “ É pá cala-te, Albino! Não tive ontem uma conversinha contigo? Chato do caraças; e para além de melga és mentiroso. Olha, faz-me um favor, vai jogar ao botão com o Alberto, tá? “, “ Sou maior, vacinado e dono da minha vontade, por isso…”, “ Carraça dum carago, deixa-me, por favor, acabar o texto! “, “ É pá, pronto, ok. Vou vazar. Olha, se vires o Alberto manda-lhe cumprimentos.”, “ Como é do teu conhecimento, tão depressa não farei questão de vos ver. Chau!”. Sacana do gajo, mas para que é que eu os inventei?!!! Bem, deixa-me mas é terminar isto depressa antes que ele volte. Ou mesmo o Alberto, que, embora menos chato, também não é de trato fácil. Vamos lá: pois, estava eu a querer dizer que nem só as finórias loiras, ou morenas, merecem a nossa garganta. Então, são fracas a Sagres e a Super bock?; já não prestam, é?... Malta, são boas; boas e mais baratas. Ora, sendo boas já me servem, não me bastam, mas servem-me… Dúvidas interditas!

Sugestão:

E à refeição?... Um tinto (não vou pelo branco, creio na universalidade do tinto) português, pois então!




Carlos Jesus Gil

terça-feira, 20 de novembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


HÁ MAIS MARIAS NA TERRA


Era uma vez um casalito - lito só porque eram mesmo novinhos, que maturidade, dignidade e sentido de vida não lhes era em míngua – que, depois de muito matutar, resolvera, por unanimidade, aceitar a ajuda dos dois casais progenitores para continuar a estudar. Os empregos e o ou os filhos viriam mais tarde.
Certo dia “ Olá narrador presunçoso! Estás bom, velho amigo? “, “ Tu?!, outra vez tu?! Ó pá, Albino, nunca te disseram que a casamentos e baptizados só vão os convidados?, arre!..., bem, a culpa é minha… “, “ O que é que queres dizer com isso, narrador? “, “ Com isso o quê, com o arre ? “, “ Não, com o outro paleio. “, “ Albino… É pá, será que não compreendes que não és bem-vindo? Ter-te-ei convocado, por ventura? “, “ Ok, não me chamaste, pá. Só que eu já estava com saudades! “, “ Saudades de quem, meu? “, “ É pá, de ti… e do Alberto, principalmente dele, pronto. Se ao menos me pusesses em contacto com ele!... Nem que fosse só para o cumprimentar. “, “ … Ó pá, prometes que me deixas em paz? “, “ Prometo, palavra de escuteiro! “, “ Lá sabes tu o que isso é!... “, “ Sei sim, isso é que sei! Olha, vou contar-te um segredo: não fui só teu personagem, nem eu nem o Alberto. Existimos em cabeças várias, não és o único que nos narras… Daí que não sou o ignorante por que me tomas. Dá-se, que simpatizava contigo. Narrador, palavra de escuteiro, sim, que não te incomodo mais, tragas-me tu ou mesmo não me tragas o Alberto! “, “ Tá bem pá, vou convocar o Alberto: ó Alberto! “, “ Sim, narrador, que me queres? “, “ Está aqui o Albino para te cumprimentar. “, “ Narrador, diz ao meu amigo que agora não dá, estou bastante ocupado com o trabalho que me está a dar um colega teu. Mais tarde, diz-lhe que mais tarde. Convoca-nos aos dois daqui a uns dias, tá? “, “ Não, não tá! Vão os dois enganar a real puta que vos há-de vir a parir. Vocês existem só e unicamente na minha lavra. Aliás, nenhum camarada de ofício se daria ao trabalho de alimentar dois meliantes como vocês, dois mal paridos, desconchavados e de elevado défice estrutural. “, “ Não, narrador, nem eu nem o Albino somos os personagens que ora pintas. E o que somos a ti devemos. Por acaso já leste sobre o Alberto de Sicrano e o de Beltrano? “, “ Já, pá, conheço-os muito bem, são dois brilhantes personagens, cada um à sua maneira… Não, rapazito, com vocês não há hipótese. A vossa natureza não permite a mim narrador grandes veleidades. Os outros Albertos, e os outros Albinos, que também conheço admiráveis em outros narradores, não são vocês… muito longe! Há mais Marias na Terra. “, “ Então… queres dizer nunca mais? “, “ Tudo acaba, ou pelo menos muda. O nunca mais não constitui excepção. É, também ele, temporal. Caso mudem; se a hibernação (não se limitem a respirar!) a que vão ficar sujeitos vos ensinar alguma coisa, um dia voltarão. Dar-vos-ei hipótese de tal. “
Cansados e aborrecidos com a intromissão, Mafalda e Pedro Miguel deram o fora. Já sei como é, hoje já não os apanho.


Carlos Jesus Gil

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Bar de uma porta só

BAR DE UMA PORTA SÓ


“ É pá, t’ás bom?”, pergunta Alberto a Albino, quando, ao fim de cerca de quatro meses voltam a encontrar-se, num bar algarvio, algures em Albufeira. Um bar muito sui generis com, notem bem!, porta e janelas viradas para a rua, um bem arranjado conjunto de prateleiras recheadas de garrafas com bebidas de elevado teor de álcool, um compartimento frigorífico com águas, refrigerantes e cervejas – para além das torneiras para imperiais, colas e outros refrigerantes a jeito do patrão -, bem como uma despachada máquina de gelo. Ah, e uma outra de café. Máquina de tabaco?, deixa cá ver… também tinha, agora me lembro, estava meio escondida num recanto. Passava também música, nesse bar; por vezes era tocada ao vivo. Como vêem, um bar muito sui generis… Estava a brincar, o bar de facto é mesmo único, pois só possui uma porta – nem sei como é que os bombeiros e demais serviços de segurança ainda não fecharam aquilo! -, a simultaneamente de saída e de entrada. Lá dentro?, nem uma! Casas de banho, arrumações, escritório?... aquilo tem uma viela ao lado (que deve dar para um quintal, pequeno, presumo eu, que o terreno ali é de monta elevada), esses serviços hão-de encontrar-se lá instalados. Ah, agora compreendo porque via tantas pessoas a sair para logo depois se debaterem, de novo, por um lugar no bar… Também não estive lá assim tanto tempo, mas apercebi-me do fenómeno por não raro se manifestar. Na altura não compreendi, ou julguei que iam à rua telefonar. Vá, isso pouco importa, ou não importa mesmo nada, que despiciendo é para o caso.
Bem, vai daí, à pergunta do amigo segue-se a habitual - em circunstâncias quejandas -, resposta imediatamente seguida de pergunta……… Vá lá, Albino, eu, narrador sério e objectivo e de mau feitio quando me chateiam, disse resposta imediatamente seguida de pergunta; se deixas ficar mal o narrador!... “ Ok, não te preocupes narrador, invejoso por não seres autodiegético! “, “ Eu, invejoso por não me encontrar numa posição autodiegética?!... Deves estar a bater mal! “,” Não, não me parece. Conheço-te há pouco, mas já deu para ver que gostas muito de protagonismo. “, “ Ó pá, conheces-me há pouco e vê-se que me conheces mal, muito mal mesmo. E por este andar não vais ter grandes hipóteses de me conhecer melhor… é que começo a não sentir qualquer tipo de empatia contigo, e quando assim é… Até os dedos se me querem sublevar, tal não é a indignação que experimentam por os obrigar a lavrar terra da tua natureza! Eu, invejoso por expressar a tua subjectividade - sim , que a ti conheço eu de ginjeira – e não a minha?!... Só mesmo de personagens como tu! “, “ Mas o que querias tu de mim?; não sabias como eu era? “ Queria, apenas e tão só, que me deixasses contar a história. Mas a história dos dois, ou desprezas assim tanto o Alberto?!, de toda a figuração e, principalmente, do Bar de uma porta só. Se não obedeces ao passado, se és assim tão autonomamente personalizado e de poder inquestionável, cria-te a ti próprio, inventa a vida que desejas.”, “ Pronto, tu mandas! “, “ Oh, oh, mando pois! Não entendes mesmo patavina, ou entendes… És, não tenho dúvidas, um reiterado sonso. Comigo não! Abomino gente sonsa. Que se lixe o Bar de uma porta só! E tu, se quiseres cumprimenta o teu amigo, se não quiseres…, “ Alberto, é contigo!, estou porreiro meu, e tu, grande amigo, como vais? “.


Carlos Jesus Gil

domingo, 18 de novembro de 2007

E chega, por hoje:

BELEZA


A maior beleza do mundo é o Amor. Logo a seguir vem a inteligência.




Carlos Jesus Gil