segunda-feira, 27 de abril de 2009

A Ricardina e o Monstro

A RICARDINA E O MONSTRO


Embora de um modo bastante subliminar, suponho ser esta a segunda vez que neste blog à minha terra faço referência. É que, para além de generalista, pretendo-o um albergue do ecletismo que é o todo. Não tenho absolutamente nada contra bairrismos, localismos, regionalismos, chauvinismos… palavra!, só que aqui não. Aqui cabe a ecúmena e tudo o que a ela e aos que a tornam o que é diz respeito; aqui cabe o ecumenismo, entendendo o termo no parto mais directo de “ecúmena”; aqui cabe o mundo, como o entendo, o Cosmos… assim me venha à real gana!
Mas o que me fez, afinal, pegar hoje na esferográfica?... Não, não foi apenas o inegável facto de me encontrar a entediar, sabe-se lá porquê!, e de detestar “ Palavras Cruzadas ”. A verdade é que pretendo partilhar convosco uma lenda da minha terra. Ora vamos lá então, sem mais delongas: desde a idade em que jogava ao pião e trocava cromos, que ouço - esporadicamente, diga-se, que não fazem disso obsessão! - gentes da minha vizinhança aludirem à Carpa Ricardina. Segundo a oralidade documental, a esplêndida, embora esquecida, lagoa de água doce – doce, só porque vedado lhe está o sal que mora a escassos metros, do outro lado da duna primária; doce, mas sem açúcar, portanto! -, a Barrinha, onde tantas vezes nadei e pesquei, é, há décadas, largas, habitada por animal tão grande e arisco que, não fora esta confortável singularidade de simultaneidade de qualidades, e já alguém o teria fotografado… ou filmado. Sim, que de há muito que existem meios, e gente de máquinas em riste é o que não falta todo o ano por cima da dita a deslizar em rústicos – ok, senhores conhecedores, a maior parte já são daqueles foleirotes à brava. Eu sei que a Barrinha agora mais se parece com um parque Disney! – barquinhos. Refiro-me, pois à Carpa Ricardina… Que fulano a viu, beltrano e sicrano a avistaram, disso não existam dúvidas! O problema é que, como sabemos, a bicha é arisca… e depois parece que conhece de ginjeira quem fotografa ou filma e se apresenta munido dos respectivos apetrechos. Mais, acho que tem radar que avisa destas coisas!... De maneira que a, dizem, monstruosa mas bela carpa, só aparece de vez em quando e a quem ela bem entende e que ache sozinho, outra das condições pelo animal impostas.
Ora bem, tirando o facto de ainda ninguém do desenho, da pintura, das revistas, dos livros e do cinema se ter ocupado, por uma vez que fosse, da Ricardina; posto fora também, e aqui em jeito de especulação, a questão do tamanho, temos que a Ricardina se encontra para a Barrinha como o mítico monstro nórdico se encontra para o Loch Ness.
… Agora que terminei o texto, é que me dou conta de que há buéréré que ninguém fala nem dum nem doutro. Será que já ninguém alucina!?... Esta saiu-me assim a modos que furtivamente… ou não!




Carlos Jesus Gil

21 comentários:

Darwin disse...

Para nós, habitantes da Praia, a Barrinha faz parte do nosso imaginário, traz-nos lembranças e memórias de infância, de tempos felizes. Nela navegámos e nadámos, sem temor da viagem nem receio de salmonela.
Felizmente a requalificação do nosso sistema hídrico, entrou no programa polis do litoral de Aveiro. Estes problemas de poluição e eutrfização de lagoas são globais, por isso exigem uma actuação global. Os aspectos relacionados com a área ambiental no nosso Concelho irão ser abordados linearmente pelo projecto Polis do litoral de Aveiro.
As acções previstas pelo programa serão realizadas entre 2009 e 2013 estando previstas para Mira, empreitadas de limpeza e valorização na Lagoa e Barrinha de Mira através de dragagens, desassoreamento de canais e seu balizamento; limpeza e desobstrução de todos os seus ramais hídricos. Haverá também a implementação de comportas na Vala Real para controlo dos caudais. No Lago do Mar, a acção centrar-se-á na requalificação e estabilização das margens. Em ambos os casos, está prevista a limpeza de margens e da vegetação infestante e valorização das espécies nativas.
Além das referidas zonas, estão também planeadas, acções de protecção e recuperação do sistema dunar, de valorização das actividades económicas ligadas ao sector das pescas, de qualificação do espaço balnear através da criação de estruturas de apoio ao uso turístico e de promoção de mobilidade e ordenamento de circulação através de beneficiação das pistas cicláveis.
Os trabalhos estão a cargo da Empresa Parque Expo, S.A. Este projecto é um factor essencial, para o desenvolvimento turístico e para uma melhoria acentuada da qualidade de vida das populações. Finalmente as futuras gerações irão conhecer o património de elevado valor, que só os mais velhos conheceram. Poderei afirmar, com alguma certeza, que Carpa Ricardina vai saltar de contentamento.

Daniel Savio disse...

Bem, só por que ninguém conseguiu capturar a imagem da Ricardina, não quer dizer que em texto ela não tem sido capturada...

Fique com Deus, menino Carlos.
Um abraço.

Unknown disse...

É pá, também já ouvi falar dela eheh

o conterrâneo disse...

Se fôr como diz o nosso amigo Darwin, quando a barrinha ficar com as águas límpidas,transparentes vendo-se o fundo com a areia branca,em que os pimpões são resgatados pelas crianças para ocuparem aquários domésticos, assim, como na nossa infância, como os postais da nossa terra. Sim, quando chegar esse momento a carpa Ricardina está de bengala.

linda disse...

ei, fixe esta estória

Toninho Moura disse...

Aqui temos a lenda do Boto, golfinho de água doce que se transforma em um moço bonito e vai nas festas das comunidades ribeirinhas, atrás de mulheres novas. Quando uma delas engravida, é só culpar o coitado: - Foi o Boto!

Zeus disse...

Linda...não é estória...é mesmo verdade.
Das duas...uma: Ou quando secaram a Barrinha para a limparem (já há uns anos) a Ricardina sabendo antecipadamente pirou-se para as bandas de Aveiro e agora vive lá a sua reforma, ou então o "Chaóta" na calada da noite fez-lhe a folha (no caso...o faite) e a Ricardina já era.

Anónimo disse...

Só falta o gudião que sabias as horas.

Graça disse...

Eu acho que ainda há quem alucine... assim a modos que...

Não conhecia a história da Carpa Ricardina... e fiquei para aqui a pensar quem lhe terá dado o nome...

Um beijo de boa noite, Carlos

linda disse...

Zeus, é mesmo verdade?! Oi! Há carpas muito grandes é verdade. Quem é o Chaóta?

Unknown disse...

Bela lenda. Não são só os escoceses que têm direito a elas. A Ricardina ahahah porreiro

João Luís Pinho disse...

Boas

Com muita pena minha minha, mas tem que ser, informo vossas exªs gentes da Praia de Mira que a Ricardina emigrou...
Reside agora na bela terra da barca.
Reza a estória que estando o TiCosta e o Claro à pesca, vai o Costa:
- É Claro, ontem apanhei a Ricardina, tinha alguns 3m...
O Claro que não era de se ficar atrás.
- Irra... Pois olha que eu pesquei um poste com a luz acesa e tudo...
-E cum mil raios, é Claro... apaga lá a luz ao poste que eu tinho metro e meio à Ricardina.

Cumps

João Luís Pinho

Darwin disse...

Por falar na Carpa Ricardina, que há muito não é vista nestas paragens, venho informa-los que um conjunto de cientistas da Universidade de Aveiro, acaba de descobrir uma nova espécie de peixe na Barrinha da Praia de Mira. Os três biólogos baptizaram a nova espécie de Chondrostoma olimirensius - Boga de Mira, de seu nome comum -, e publicaram o achado na revista científica norte-americana Zootaxa. Esta espécie faz jus à fama do ecossistema onde habita, conhecido por ter altos índices de poluição. O Boga de Mira alimenta-se de invólucros de preservativos, tampas de Actimel e pastilhas de Trident de Canela, no caso das crias, as Trident Kids, em vez de plâncton. Devido à evolução da própria espécie, em resultado do seu convívio com o meio, estes peixes quando cozinhados têm diversos sabores, sendo o mais notado o de conserva de atum Bom Petisco. (segundo informação do nosso especialista Xaótas)

Zeus disse...

linda...
O Xaóta é a figura de Jesus Cristo (quase) a andar de bicicleta e sempre acompanhado pelo seu fiel discípulo (um cão preto e branco).
Não me diga que não o conhece!

dragao vila pouca disse...

Ricardina, não é um jogo de cartas?

A Ricardina da Barrinha nunca ouvi falar. Ah, espera aí...Ricardina, Ricardina...não isso é coisa do Camilo.

Um abraço

loirinhaquenãoédeaveiro disse...

Oi. Há um tempito que não punha aqui os pés. Mas que história tão engraçada LOL

Maria Zua disse...

olá. Não acredito que a Ricardina tenha trocado o seu habitat por outro lugar, deixar as suas origens e familia? só se foi de férias,é caso para dizer "volta Ricardina estás perdoada".

Sérgio de Oliveira disse...

Apetece-me dizer :

Volta Ricardina que estás perdoada!


Abraço

PS- mas ela não volta ,
com medo dos monstros que há por cá !

Ana Maria disse...

Interessante!
1000beijinhos!

Táxi Pluvioso disse...

Frankie Manning, o rei do Lindy Hop (para aprender a dançar).

João Luís Pinho disse...

Novidades Ricardina

A Ricardina foi ontem vista com a cabeça de fora junto à barragem da Lagoa.
Os que a avistaram ficaram muito contentes, excepto o Gafenha (v. personagem mítica da terra da barca), pois ficou todo molhado quando a Ricardina ao mexer o rabo levantou uma onda de tsunami que molhou todo o percurso da pista da ciclovia onde o mesmo circulava.

E esta hein...