ATRÁS DO SOL-POSTO
Partira ao encontro do Sol, para andar um pouco mais (pensara ele na altura, pois de muito se tratava, que o Sol é muito enorme). Partira, porque sempre lhe diziam que atrás do Sol-posto é que era!... “Atrás do Sol-posto é que era!?”, “ Sim! Se está tão longe e tão escondido, é porque… só pode ser bom, valioso; mais, o melhor, não é?...” Experimentara todas as direcções e sentidos, mas aquela, efectivamente não. Era hora!
Partira então…, e andara e andara e andara e já ele quase não era quando, finalmente, chegou. “Eis, meus átomos, o nosso rei, não, o nosso imperador... posto! Outros, noutros impérios, serão também eles, postos ou não, alvo de demanda?... Creio, convicto, que sim!”. Aí, assomado por lucidez inverosímil, adivinhava o muito muito, muito muito mais que havia ainda pr’andar… Sentado, quase desfalecido, sem forças capazes de um regresso, eis que – ainda hoje o não sabe explicar –, num repente, se vê a andar andar, andar sempre sem parar, ele, o pleno, até que - não sabe quantas luas passaram –, num júbilo sem precedentes, se vê atrás do Sol-posto… Num júbilo sem precedentes… em intensidade; em fugacidade!... Se vê atrás do Sol-posto…mas não… ainda não era lá. Reiterada condição!
… Sei-o, porque m’o contou: Nesse tempo mui onírico, fiquei também a saber que no momento em que encetara tão grande mas usada empresa, ainda não existiam barras energéticas nem água engarrafada e o usado e desgastado ditado “ não há fumo sem fogo” ainda não era dado… E eu disse-lhe: “ O que tu fizeste, ainda hoje se faz.”… Fugiu, triste, do meu sonho!
Carlos Jesus Gil
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
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25 comentários:
Gana, se bem compreendi, atrás do sol-posto é que está o que é bom. O que procuramos. Será isto que transmites?
sol posto, sol imposto!!! vem sempre do oriente e acaba sempre nessas bandas (aí pa o lado do mar)!
será aí q encontraremos o sol posto?
Lembro-m de ver o Forrest Gump a correr, com alma (...) atrás (ou à frente) do sol posto, a procura de um pote de ouro lá onde o arco iris nasce.
Vale a pena ser persisente, vamos atras da luz, essa q poe a descoberto as maravilhas que esconde num nascer do sol ou de um por do sol...
Se formos atrás dos nossos sonhos, sejam eles possíveis ou não, sempre vamos tendo alguma esperança. Tudo do que é mais valioso, vamos procurando , seja por detrás de um sol posto ou mesmo atrás de uma árvore do nosso quintal. O que interessa mesmo é procurar!
A magia e a melhor característica dos sonhos é serem, efectivamente e apenas "sonhos"...Inantigiveis mas por isso mesmo mobilizadores de vontades e acções.
Muito bonito e a dar que pensar. Gostei das interpretações feitas até agora. A minha: o homem anda e andou sempre numa incessante procura de felicidade. Será isto, gil?
Atrás da árvore também se sentia grande alívio. Com o recuar das florestas ficou tudo a olho nu...
Um dia, tinha eu apenas vinte anos, passei para lá do Sol. Nem sei se passei por baixo ou por cima nem me preocupei com isso. As nossas posições relativas não interessavam, pois outra coisa mais importante ocupava o meu pensamento. Ia para a guerra. Guerreei. Cumpri a minha missão de soldado. Dei tiros e abriguei-me deles sem contudo ter atingido alguém ou muito menos ter sido atingido. No regresso, voltei a passar pelo mesmo Sol sem todavia saber se estava a passar por cima ou por baixo. Também dessa vez não interessava porque outro pensamento mais forte povoava a minha mente. Tinha logrado alcançar a Liberdade.
Na sequência do meu comentário anterior, ocorreu-me que, tal como toda a gente, também eu sonhei ir para lá do Sol-posto. Nesse sonho, corri, corri, corri desalmadamente até à exaustão sem no entanto conseguir alcançá-lo. Resolvi regressar e percorri todo o caminho de volta em passo lento, pois estava demasiado cansado para regressar a correr. Cheguei de manhã, bem cedinho, e abri a porta de casa que era virada para nascente. Ele lá estava, levante, tão perguiçoso como eu, a acordar no meio da bruma da manhã. Nesse momento pensei que ele estava a nascer só para mim. Saí do entorpecimento do meu sono e ele, devagar, muito devagar mesmo, lá conseguiu sair, alegre e sorridente, do meio da bruma. Foi nesse momento que me apercebi de todo o seu explendor e que, afinal, ele não nascia só para mim. NASCIA PARA TODOS.
"Sentado, quase desfalecido, sem forças capazes de um regresso, eis que – ainda hoje o não sabe explicar –, num repente, se vê a andar andar, andar sempre sem parar, ele, o pleno, até que - não sabe quantas luas passaram –, num júbilo sem precedentes, se vê atrás do Sol-posto"
O sol posto ninguem encontra, mas o caminho, esse sim é a essencia da vida! Apesar de todos saberem que nunca o encontraremos, que nunca seremos totalmente felizes, nao paramos de o procurar! Quem o faz ou esta morto ou para morrer. Mas ate mesmo estes ultimos se enchem de força quando avistam ao longe o sol posto e mesmo assim se conseguem aquecer com a sua luz( momento efemero de felicidade incompleta). Momento esse que nos enche de fé para continuar o caminho..
Luís Basto
Olá a todos. Gostei muito dos comentários do carlos e do luís basto (sem desprimor dos outros também muito bons), Adorei o post.
Carlos; Luis Basto, obrigado pelos excelentes comentários!
Gânia "notícias", estará a redacção todinha de férias? A república sente a vossa falta!
Taxi pluvioso; D. quixote, como já vem sendo hábito, sempre pertinentes. Obrigado!
Já tive essa sorte de passar lá do Sol-posto.
Aproveitei a noite, quando está mais fresco por aquelas bandas e a Lua nos ilumina o caminho.
Os pastores terrestres, substituíram as ovelhas, cabras e outros pachorrentos bichos e delapidaram o verde das pastagens
Deixei saudades e regressei ...
Caramba!
Alguma coisa há-de sobrar ... e os sonhos já são menores.
Até nisso fomos coarctados!
(P.S.
Não de "post mortem" ou "Subscritum", para mim é igual, porque não percebo nada de grego e até me sinto português quando escrevo.
Também não é para lhe agradecer a visita, porque ninguém o convidou ou mandou lá ir.
Estive a ler algumas coisas, daquelas que ainda sei ler e gostei.
Quando gosto muito, costumo dizer "gosti", mas "GOSTI" mesmo.
Voltarei!!!)
Olá pessoal. Bonito texto. O gil tem aqui comentadores novos e muito bons. Parabéns!
Gente nova por aqui. Bem-vindos. Afinal, onde fica o sol-posto, amigo gil?
Bem, depois dos comentários anteriores, sobretudo os do Carlos (bem mereciam ser postados fora dos comentários), já nem sei o que dizer.
Mas ocorre-me imaginar que o Sol se Põe com a Lua Levante, assim numa promessa de encontro que quando acontece se eclipsa ;)
A canícula vai-me esturrando os poucos neurónios que ainda me restam.Ponho o palhinhas, ornado a sebo no interior, ajeito-o para melhor sentir a frescura momentânea que me proporciona.Logro andar um pouco adiante, à procura de sombra,de um resto de vitalidade que, sei,possuo, mas ausente está neste dia pouco propício a grandes cavalgadas. E no entanto, prossigo, numa insaciável busca de lugar mais fresco, onde não sinta o latejar da vida, nos frontais, tão fortemente. Pensamentos ressequidos fluem em catadupa, de impossível rejeição, apesar das constantes tentativas de os banir do cocuruto, que para esturrar a mioleira já basta este inclemente estival astro, que me apoquenta, sem sequer me dar a oportunidade de conversa, cara a cara, olhos nos olhos, pedir-lhe educadamente, exigir-lhe através de palavreado vernáculo, que me deixe, que não amole, que não insista, que resista à persistente e doentia intenção de me aniquilar.
Já o palhinhas se queixa também,e protesta, corpo quase derretido, fita azul do sebento líquido compurscada, incapaz de resistir a tanta quentura, que, debaixo emana da minha bola capilar, e de cima fustigado pela majestosa bola radial. Pobre e sofredor comparsa, que de meus acalorados pensamentos vai comungando, sem culpa nem pecado, que para isso não foi destinado.
Ar fresco, lufada de ar fresco anseio, que me não tolde o raciocínio, que me faça redescobrir força, o ânimo perdido, o rumo destinado...
Cansado, sento-me, procuro-me. Agitado, levanto-me, perco-me!
Raios partam a vida que não é fácil! Raios partam este Sol que não facilita! E ainda é só meia tarde?! Deus meu, que martírio, tanto tempo ainda para o ocaso!...
Não, não vou virar a cara, vou à guerra, não deponho armas, guardo-as, que delas ainda vou fazer uso. Desgaste-se o inimigo com planos bélicos eficazes e inteligentes, faça-se a táctica do quadrado, se necessário, tudo, menos ser kamikaze.
Aconselho-me a uma pausa na batalha, convoco o meu palhinhas à porta-de-armas, o meu sentinela, imundo, sebento, pegajoso, mas fiel, espécie de alma boa que me acompanha.
Bocejo, pestanejo, e adormeço...apesar da canícula.
Atravesso montes e vales verdejantes, vislumbro cascatas refrescantes. Reanimo a cada passo, recupero a lucidez, vejo o palhinhas voando, arrancado à porta-de-armas por uma repentina e oportuna rajada de vento. Acena-me, lá do alto, em despedida, feliz, livre! Ingrato! Depois de tanto caminho calcorreado ,depois de tanto sofrimento em comum, pisga-se?! Que não, grita, que já dele não preciso, que a sua missão, por ora, acabou, que estou por minha conta e risco, que se precisar dele, voltará!...Trêtas palhotas, trêtas. Amigo não deixa amigo!...
Abro um olho, abro outro, espreguiço-me...Sinto frio! Raios, o clima anda louco! Pois se ainda agora assava!...No meu quarto?! Assava? Como? Será que tive febre? Mas não me sinto doente! Sonhei, por certo! Morfeu prega-nos cada uma!
Olha, é dia! E o Sol já nasceu...E pela luminosidade que neste momento presencio, parece que vamos ter um belo dia de Verão...
Numa Galeria de arte, em Bruxelas, foi exposta uma pintura de Adão e Eva no Paraíso. Alguns deputados europeus foram convidados para comentar a obra de arte.
Observa o deputado alemão:
- Olhem que perfeição de corpos: ela esbelta e esguia, ele com este corpo
atlético, os músculos perfilados... Devem ser alemães.
Imediatamente, o deputado francês reage:
- Não acredito. É evidente o erotismo que se desprende de ambas as
figuras...ela tão feminina... ele tão masculino... Sabem que em breve chegará a
tentação... Devem ser franceses.
Movendo negativamente a cabeça, o deputado inglês comenta:
- Que nada! Notem... a serenidade dos seus rostos, a delicadeza da pose, a
sobriedade do gesto. Só podem ser ingleses.
Depois de alguns segundos mais de contemplação, o deputado português exclama:
- Eh pá, não concordo. Olhem bem: não têm roupa, não têm sapatos, não têm casa,
só têm uma maçã para comer, não protestam e ainda pensam que estão no Paraíso. Só podem ser portugueses!!!
PS.: Pedimos desculpa pela ausência no fim-de-semana, mas a banda larga da TMN assim nos obrigou. Vamos resolver o problema brevemente mudando de operadora.
Boas tardes pessoal! Peço desculpa pela minha longa ausência. Agrada-me ver que a Gânia não parou e que até tem novos e nobres habitantes. É bom. Vamos retomar o fórum e a tertúlia que tinhamos antes do Verão. Bom trabalho!
Bem revindo, afonsinho! Ora, cá temos de novo em pleno o nosso orgão informativo. Assim tá bem!
Como ando sempre atrasado ... eu que nem sei receber os comentários num e-mail que criei, só queria acrescentar ...
talvez a escala 1/0,5, ou algo parecido,, se é que existe, possa substituir o beberrão que se aproveita de tudo para recolher o sumo da nuvens.
Voltei aqui, mas tenho 105, capelas para beber, quer dizer ... nem eu sei ...
Talvez as encontre á escala e parta rápido.
"Quisto" de "maneirar" o mundo está "defícil" ...
Não sei quem é esse Carlos Milhirão, se é presidente ou não isso não importa, sei sim que não pretendo demonstrar nada para ninguém aqui ou em local nenhum como esse, muito menos estou aqui para demonstrar uma coisa tão simples quanto o saber estar, isso é básico.
Mas que confusão essa que demora pra terminar...
B.A.
Eu acho que Para lá do Sol Posto (http://paralasolposto.blogspot.com) é um lugar onde seremos felizes...ou não? A eterna dúvida da nossa existência está em não sabermos o que está para lá de...já no tempo dos Descobrimentos os portugueses andavam neste dilema existêncial.
Eu acho que Para lá do Sol Posto (http://paralasolposto.blogspot.com) é um lugar onde seremos felizes...ou não? A eterna dúvida da nossa existência está em não sabermos o que está para lá de...já no tempo dos Descobrimentos os portugueses andavam neste dilema existêncial.
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