sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


O FIM

- Alberto?, Albino?
- Sim, narrador!
- Cá estou, meu caro.
- ……………….
- Sim…, narrador?
- Então, o que é que se passa homem?
- ……………….
- Nahhh, aqui há gato!
- … Rapazes, este nosso mundo vai acabar!...
- … O quê?!!!
- Deve ser um pesadelo… Dá-me um soco, Albino! Mas… Mas vai acabar porquê?
- Ó pá, Alberto, temos andado a ser espiados.
- Isso deve ser paranóia tua.
- Não, Albino. Antes fosse!... Fui intimado para ir hoje, às duas da tarde, ao todo poderoso Conselho de Oligarcas da Agregação de Todos os Mundos. Às duas menos um quarto já lá estava. A conta gotas, eles também foram chegando, de modo que às quatro e meia da tarde lá começamos a reunião. Que foi curta, muito curta. De modo assaz sinóptico e injusto, debitaram que nós poluímos; mais, que conspurcamos o Cosmos; mais ainda, que tencionamos desordená-lo… Como remate, uma injunção: “ Não poderá, caro senhor, empreender esforço de alegação, o que a seguir iremos comunicar-lhe, é decisão irrevogável. “. E continuou o porta-voz: “ Pelo dito, e por muito mais que da nossa parte ficará conscientemente por dizer, deliberou por unanimidade este Conselho proceder, num prazo que não ultrapassará as oito horas, ao corte definitivo de energia ao vosso mundo. Resolva-se!, pode sair. “. E mais não disseram, aquelas bestas. Nós desordenamos o Cosmos?!!!... Ignorantes! Nunca o Cosmos - e tantos que com autoridade a isso já se referiram! – deixara de ser, naturoparadoxalmente, um caos. Um caos ordenado, para o qual também nós contribuímos.
Não gostam da nossa merda… Julgam, sobranceiramente, que a deles cheira melhor. Mas, em termos de merda, o que é isso de cheirar melhor? Se é merda é merda; há mau cheiro, e quanto mais mau for o cheiro, mais genuína é a merda. Poderosos ignorantes…
Moços, temos alguns minutos para fugir. Daqui a nada é o nada!
- Mas para onde é que fugimos?
- Albino, sois livres. A liberdade também arrasta consigo as suas durezas, eu sei… Temos que tomar decisões, meu amigo. Esta, a que temos em mãos, é por certo a mais premente, difícil e delicada, mas tem que ser.
- Como vamos fazer?
- Alberto, ainda tenho mais uma má notícia para vós. É que muito embora possa, cada um de nós, escolher um novo mundo, não o podemos coabitar. Não nos querem mais juntos. Dizem os déspotas que, produzindo nós individualmente merda na quantidade (enorme) que eles viram e tendo conseguido sinergias como poucos, o monte (eles disseram montanha) que em poucos meses faríamos deixaria irremediavelmente perdido, em termos ambientais, qualquer mundo. De modo que é tragicamente assim! Vamos ter que partir sozinhos… com as respectivas famílias, claro.
- Mas como vamos fazer?
- Albino, isso é o mais fácil. Juntamo-nos às nossas famílias e sonhamos… Sonhamos muito. Assim que encontrarmos um mundo que nos agrade ou que pelo menos nos não seja hostil, só temos que verificar se já lá está um de nós. Se não estiver… É fácil, portanto. Difícil a valer é o termos que abandonar esta nossa já empática comunidade… E ainda por cima sem eu ter conferido energia suficiente aos vossos familiares. Peçam, por favor, desculpas por mim a essa boa gente.
Rapazes, temos que despachar-nos. Está a acabar-se o tempo… Amigos……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………, até um dia, num lugar com outro tipo de energia.
- É pá, ainda não acredito!
- Eu estou sem palavras!
- Despachem-se amigos. Isto vai apagar…
Mundo é mundo todos os dias, mas só se nele se verificar a existência de pensamentos e instintos. Caso não…
Vivam!




Carlos Jesus Gil

1 comentário:

tomas de alencar disse...

Mas por onde é que anda a maltinha?