Coltrane
tocava de forma magistral. Ninguém necessita tocar como ele, aliás, convém nem
o tentar. A magistralidade só poderá conseguir-se, como ele e muitos outros a
conseguiram, não imitando-o, não imitando-os. Muito pelo contrário, somente usando
a informação, as ferramentas ao dispor de todos, matérias-primas que, uma vez apreendidas,
com imenso trabalho, dominadas com destreza, mas sempre em simbiose com um
coktail imprescindível – personalidade, idiossincrasia, alma - se chega a… Num
dizer mais comum: talento e tormento; inspiração/transpiração. Muitos o
afirmam, eu o confirmo, 99% será trabalho.
Tratamos
de magistralidade, um tanto acima da excelência. Para aquela, condição sine qua non: não à imitação. Quanto à
outra existe lugar para a cópia, o cover,
com trabalho, muito, e algum talento, os resultados ver-se-ão. Para aquela,
quem aqueles pressupostos não respeitar, porque não pode ou porque não quer -
na composição, na execução -, jamais, tenho para mim, marcará pontos.
Limitar-se-á a debitar, em matemática sonora, a informação recolhida. Será
igual a tantos outros por esse mundo afora.
Talvez
Coltrane, como outros verdadeiros mestres, desejasse um futuro de progresso
infinito para o Jazz, para a Música em geral; talvez sonhasse que um dia o
superassem, não em magistralidade, mas em conhecimento e ferramentas. Ele sabia
que não podemos estacionar nos clássicos e seus standards, que devemos usá-los para avançar, como uma parte do
Caminho. O Caminho que só os que marcam pontos podem construir. Na origem nem
tão pouco havia asfalto, depois ele surgiu, mais tarde de qualidade e textura
mais condicentes, agora e no futuro com renovadas formas de pavimentação.
Porém, sempre o mesmo caminho que, e aqui é que está o Ganho, em nenhum sector
jamais sofrerá desgaste, dano algum, tal não fora a qualidade de construção.
É obrigação de quem pode continuar a Estrada!
2 comentários:
John Coltrane é um marco na história do jazz.
Coltrane desenvolveu um estilo absolutamente próprio. A sua obra é monumental.
Muitos há que tocam como ele... mas falta-lhes a mesma fé.
Não sou especialista, apenas um curioso e simples apreciador de Jazz.
Conheço musica de Paul Desmond, Charlie Parker ou Miles Davis . Não conheço nada de Coltrane. No entanto sei que John Coltrane foi um grande musico e fez parte do sexteto fabuloso, na obra-prima genial de Miles Davis, Kind of Blue.
Concordo em absoluto com o texto, é dificil alcançar a magistralidade e o talento destes músicos, mas com muito trabalho, penso que é possivel.
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