sexta-feira, 27 de abril de 2012

CONSENSO

Vós, sr. presidente, a mais os srs. primeiro e segundo, digo ministro das finanças e putativo chefe do governo… não, não estou a cometer um lapso, é assim mesmo… que eu penso!, não vos cansais de dizer, aqui e lá fora, que em Portugal existe um enorme consenso político e social, que o Povo está absolutamente mobilizado para os sacrifícios - sacrilégios, digo eu. Cá dentro, proferem, reiteradamente e em alta voz, que este é um enorme activo do país. Cuidado com a valoração dos factos; atenção à interpretação da Sociedade! Algo, que vós por certo não considerareis um activo, pode estar em gestação. António José Seguro, o por ora “enjeitado“, arrisca-se a tornar-se, a breve trecho, no “Desejado”, por tão enorme ser a veemência com que repetidamente é despeitado pelo governo. O governo tem que aprender a negociar, srs.. Tal implica saber ceder – o que, pelo menos à hora a que escrevo, não está, mais uma vez, a suceder com o novo “PEC” – sabemos que formalmente não o é, mas na prática de outra coisa não se trata. É um documento de estratégia orçamental, com imensas reformas a levar a cabo, o que mexerá imenso com o futuro dos portugueses, daí a necessidade de obtenção de um verdadeiro consenso com o Partido Socialista. Reitero: negociar implica também ceder! Carlos Jesus Gil

4 comentários:

Darwin disse...

Este Governo está cada vez mais isolado e mostra-se arrogante, sem capacidade de diálogo construtivo com os parceiros sociais e com o PS.
Até Cavaco Silva, pede uma repartição equitativa dos sacrifícios e um diálogo frutuoso entre Governo, maior partido da oposição e parceiros sociais.
Mas Passos Coelho teima em não ouvir, ainda não percebeu que o ajustamento da economia portuguesa dever ser um objetivo coletivo e não um caminho de empobrecimento e de desistência em relação ao futuro.
Se em tempos de crescimento económico se podia ir disfarçando o roubo inerente à exploração do trabalho, numa época de falência do sistema produtivo, como a actual, salta à vista que o papel dos governos é usurpar direitos dos trabalhadores e fazer retroceder as suas condições de vida.
Mais: a incapacidade que o governo PSD/CDS, tem revelado para sair da crise em que o país está mergulhado reclamando sucessivas medidas, umas sobre as outras, publicitadas como excepcionais e temporárias tornam-se definitivas sem que isso alguma vez seja dito. A brutalidade e a inutilidade dos sacrifícios, que se vai tornando patente a todos os trabalhadores, é mascarada com números e declarações que criam a ilusão de melhorias próximas ou futuras. A “fé” de que as coisas hão-de melhorar – seja a da ministra da Agricultura na vinda da chuva, seja a do ministro das Finanças na ressurreição do crescimento económico – é poeira que procura esconder a evidência de um descalabro sem saída. Aquilo que é apresentado como uma necessidade ditada pela conjuntura – quebras salariais, cortes de regalias sociais, aumentos de impostos, etc. – serve na realidade para dar corpo a uma alteração na relação de forças entre o capital e o trabalho e colocar o nível de exploração dos assalariados num patamar mais elevado. Paulo Portas bem evita dar nas vistas, fingindo que não tem nada a ver com a austeridade imposta pelo governo, mas a ideologia da direita perpassa nos ataques aos mais desfavorecidos e chega ao cúmulo de retirar subsídios a doentes e grávidas com o cínico pretexto de combater a fraude.
Os portugueses vagueiam entre a depressão, a falência, o medo e o conformismo, já que ninguém vê luz ao fundo do túnel

Pensador disse...

Os tratados não respondem verdadeiramente à crise. Podem responder aos mercados, mas não respondem aos problemas das pessoas, descurando o crescimento económico, a criação de emprego e a coesão social. Portugal terá a chance de sair da crise com menos crueldade, com mais tempo para o ajustamento estrutural e com incentivos à competitividade não destrutiva, ao crescimento e ao emprego. Seguro tenta negociar nesse sentido, mas a dupla "Merkoelho" obstina-se a impor-nos punitivamente austeridade recessiva.
Já não tenho palavras para qualificar este primeiro-ministro, a descontracção e a leviandade com que Passos Coelho assumiu a possibilidade de introdução de medidas adicionais de austeridade, depois de as ter negado uma semana antes, é impressionante.

Anónimo disse...

«Não estão reunidas condições de confiança para que qualquer negociação seja reeditada", respondeu o líder laranja face aos sucessivos apelos ao diálogo por parte do governo referente ao PEC.

Portugal precisa que esse caminho não seja feito à custa do aumento de impostos, porque se for feito à custa do aumento de impostos,e não da diminuição da despesa pública, nós em 2013 voltamos ao mesmo e nós não queremos voltar ao mesmo», frisou Passos Coelho quando era lider do maior partido da oposição.

Passos Coelho diz na televisão pública que "o PEC não podia ser atingido à custa dos funcionários públicos". "Não dizemos uma coisa num dia e outra coisa no outro". (Esta é para rir)

Tudo seria menos dificil se o governo soubesse explicar e fundamentar estas contradições aos portugueses.

Anónimo disse...

Passos Coelho não hesita em usar estas habilidades, em dizer “sim, mas não”, mostrando oportunismo e falta de vergonha.
Há dias em que se valoriza o sentido responsabilidade e a importância dos consensos. Depois há outros em que parece que isso já não é importante, pondo em causa as condições políticas para que haja um consenso alargado, que é essencial neste momento em Portugal. (Marcelo deve ter achado que Passos não está bom da cabeça, talvez só não o diga, porque também não lhe dá muito jeito).