domingo, 6 de junho de 2010

Caminhos possíveis

É um tempo de repostagens. Aqui vai outra:


CAMINHOS POSSÍVEIS




E pensar que tudo Isto pode muito bem ter surgido de um enigmático Buraco Negro; mais, de um Buraco Negro do tamanho de um átomo! Incrível, não? Se os Buracos Negros não possuem apenas a enorme capacidade de sugar sofregamente massa, tornando-se assim cada vez mais densos, mas também a faculdade de a expelir, de a expelir violentamente num terrífico e devastador/criador big-bang, como pensam grandes cabeças, então há enormes possibilidades de todo Este enorme colorido, cada vez mais enorme, pois em expansão, ter surgido – mas quanta ironia pode comportar a matemática!!! – de uma minúscula mas significante partícula sem graça.
É a pensar nisto, na Teoria de Tudo, na mais recente Teoria das Cordas, em matérias diversas mas quejandas, sim, magicando - em cocktail de colapso nervoso com pinguinhos de euforia justificada - no donde viemos, que veredas, caminhos, estradas e auto-estradas teremos percorrido, que me embrenho de cabeça nos bairros mais sombrios da cidade que me habita, da perigosa cidade que me habita.
Parece que a conheço tão bem, e conheço, pois tantas vezes percorro aquelas vielas, aquelas ruas, aquelas praças… todos os dias o faço, todos os dias, não há um que por lá não passe, e de repente tudo me é tão estranho!.. Mas que cidade é esta onde moro?, que me habita? Então? Sou um perfeito desconhecido na minha cidade, sou-me um perfeito desconhecido?... Era tão pequena e pitoresca, a minha cidade! Toda a gente se conhecia, ninguém era enigma para ninguém. Todos estávamos a par de tudo e de todos, antigamente na minha cidade. O pior de tudo é que não foi assim tão antigamente, até que, vistas bem as coisas, não foi há mais que cinco segundos… Quais cinco segundos?!, foi há um segundo, apenas há um segundo. Incrível, não? É, foi só quando deixámos de dar primazia às veredas, e passámos a importanciar as estradas e as auto-estradas que a mudança p’ró desconhecido se deu… E isso foi há um segundo, apenas há um segundo!... Dá-me medo agora, a minha cidade; dou-me medo, bastante e incessante medo!... Procuro um bar ou um café aberto, preciso de um copo, de companhia, de alguém que conheça bem a minha cidade. Encontram-se, parece impossível!, todos fechados. Às onze da noite não há um bar aberto, não se encontra luz em qualquer um dos poucos cafés que ainda existem. Que estranho! Que estranha, a minha cidade!... Procuro um quiosque, um daqueles de estação ferroviária, que estão toda a noite abertos, mas também os proprietários destes foram dormir mais cedo. Ou será que agora é assim, que tudo fecha mais cedo?... Onde vou eu arranjar um mapa, uma mapa da minha cidade? Onde vou eu encontrar a carta da cidade que me habita? Sem esta, como posso eu, com tudo assim tão mudado, regressar a mim?
“ Aquele que conhece o outro é sábio, quem se conhece a si próprio é iluminado”! Alguém assim falou… e como eu penso que bem!




Carlos Jesus Gil

6 comentários:

loirinhaquenãoédeaveiro disse...

É incrível isto

o que me vier à real gana disse...

Se puderem, visitem este excelente blog de um ex aluno meu, de Cabeceiras de basto (escrevo eu o pedido, pois perdi, na moderação, o pedido dele):http://ouricomc.blogspot.com/

Ouriço disse...

Viva sr. Professore!
Soube do seu blog através de um amigo, que também foi seu aluno e que por acaso até éramos da mesma turma, julgo que ele soube através do prof. Marco mas não tenho a certeza...

o que me vier à real gana disse...

Um "Viva" pr'a vocês todos.
Cumprimentos à malta porreira toda
Abraço

Darwin disse...

Também já vivi numa cidade onde me sentia mais um na multidão. Hoje vivo numa freguesia do litoral. Penso que a qualidade de vida que se goza aqui, o equilíbrio social e ecológico que a caracteriza, são factores de atracção para muitos que podem desenvolver as suas actividades longe dos grandes centros urbanos.
Aqui as identidades fortes, de raízes profundas, identidades sedimentadas naturalmente ao longo de gerações, em contraste com a novidade e o artificialismo das cidades.
O seu valioso património é uma paleta dinâmica de cores, que varia com o correr das estações e dos anos, num ritmo que sugere um instrumento musical, donde sobressaem o assobiar do vento, o impacto das ondas da praia, o canto das aves e a fragrância de aromas, que vão desde os dos matos e pomares aos dos cheiros da terra, após as primeiras chuvas.

Ana Maria disse...

Compartilho com você o selo que fui homenageada.
"Seleção dos Melhores Blogs Culturais do Brasil."
Entre no blog Selos, Mimos e Homenagens, e leve-o com você. Pois é merecedor também.
Beijinhos de agradecimentos!