domingo, 14 de dezembro de 2008

E o Alberto e o Albino também...

Continuação:




E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…
IX


CONVERSANDO


- Albino, Alberto… apareçam!
- Sim, narrador; - cá estou, meu amigo.
- Moços, discorram – não sejam prolixos, para a rapaziada leitora não secar – sobre esta coisa de o Governador do Banco de Portugal sustentar que ainda é cedo para uma redução na carga fiscal, enquanto que vozes no governo a defendem já para 2009.
- É pá, se quiseres posso fazê-lo sozinho. Estou bem por dentro do assunto.
- Acredito, Alberto, mas creio que o Albino estará, mais do que tu, a jogar em casa. Digamos que, no assunto que vos proponho, tu és o visitado mas jogas em campo emprestado, enquanto que o nosso amigo Albino está de facto a jogar em casa.
- Mas, afinal o que é que faz o Albino na vida?
- Posso, narrador?
- Força, Albino.
- Alberto, não costumas ver telejornais ou assistir a debates políticos na televisão?
- Vejo, sempre que posso. Não perco um, desde que me seja dada essa possibilidade. Mas porquê?
- Nada, nada… É que eu nunca intervim em nenhum. Era só para saberes.
- Tá, obrigado pela informação, mas estamos na mesma. O que é que fazes, homem?
- Sou politólogo, meu caro. E de renome. Colaboro com a imprensa e com a rádio… Televisão, nada! É pá, não é por falta de convites, mas… acho que não fico bem na televisão, pronto!
- Muito bem, Albino. É uma área engraçada, sim senhor. Temos muito que conversar; podemos até fazer estudos em conjunto.
- Por que não? É só algo pôr-se a jeito. E termos disponibilidade, claro.
- Moços, já vai sendo tempo de marcarem uma jantarada com as respectivas esposas. Sempre dá para pôr a escrita em dia.
- Acho que tens razão, narrador. Então ele também é casado!... Foste um gajo porreiro para nós, mesmo bacano.
- Amigos, já vos disse que me limitei a caçar o que por aí andava. Sim, cacei sem dificuldades de maior uma bela mulher para o Albino. Tarefa facilitada pelas qualidades do rapaz. Se fosse um pária qualquer, ou mesmo específico, a coisa já se tornaria mais difícil… talvez impossível. Bem, vais ter oportunidade de conhecê-la. Está nas vossas mãos marcarem a comezaina. Agora, se não fosse grande o incómodo, diziam qualquer coisa sobre o assunto que aqui nos trouxe hoje, tá?
- Vá, fala Albino. Na verdade estás mais em casa do que eu.
- Vamos lá então. Digam-me uma coisa, não foram desmarcadas as eleições legislativas de 2009, pois não?
- Claro que não! Por alma de quem?!
- Então está tudo aí: é política!
- Mas… só isso?, só te ocorre isso?
- Não, ocorre-me muito mais, mas para quê inflacionar o texto, se isto basta? É política, pá. A perpetuação do poder começa a ser gizada desde o início do mandato. Governa-se um país gerindo um governo; gere-se um governo em nome de um país, acredito, mas também, e não em dose despicienda, em nome do poder… da comandita, sim. É política!
- Tens razão, não é preciso mais.
- Então, está tudo dito?
- Sim, por mim está.
- Também sinto que sim. Não vejo o que acrescentar à explicação do Albino.
- Fiquem bem, rapazes!
- Adeus, narrador!; - até sempre, narrador!
- Chau, Albino!
- Até um dia destes, Aberto!




Carlos Jesus Gil

5 comentários:

Anónimo disse...

" A perpetuação do poder começa a ser gizada desde o início do mandato". Penso o mesmo.

Carla P.S. disse...

Bons partidos..Sempre complexos.
Sempre relativo...E não há quem não erre em demasia (tanto na escolha quanto na atuação).
Mas isso não isenta os autores do mal-feito.
Beijos, e um café.

Unknown disse...

"governa-se um país gerindo um governo; gere-se um governo em nome de um país, acredito, mas também, e não em dose desapicienda, em nome do poder...". Tudo dito!

Unknown disse...

Albino e Alberto gostei
a forma como articula as palavras é genial, a leitura dos seus textos não cansa e, para além do mais ainda tem mensagem.
Fantastico
beijos
Voltarei para ler mais
Carla

xistosa, josé torres disse...

Nada de magoar quem manda, põe e dispõe.

Consta-se que foram activados terminais de informação variada.
O GIZ, ou SIS, ou IS, assim qualquer coisa com este som, anda a ouvir ...

É que há terrorismo por todo o lado.

Um politólogo que colabore com aimprensa e rádio, tem que ser vigiado, não vá dizer alarvices ...

É mesmo a vida portuguesa do Séc. XX.

Desculpem, mas já estamos mais adiantados, ainda que não pareça, Séc. XXI, assim é que é!!!