segunda-feira, 26 de novembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


VAMOS LÁ AO ALBINO!

- Ó Albino!...
- Sim, narrador. É pr’a hoje?
- Se te referes à tua indefinida situação, sim, é pr’agora. Desculpa, mas no outro dia já não dava. Fez-se tarde, e eu também tenho a minha vida… Compreendes?
- Estás desculpado, pá. Tenho andado aqui com uma ansiedade do caraças, mas eu entendo perfeitamente que não te tem sido possível ocupares-te do meu mundo.
- Se pensas, Albino, que a dita cuja te vai abandonar só porque te vou enquadrar num normal quotidiano, estás enganado. Pode até acontecer, e eu vejo nisso enorme possibilidade, que a tua ansiedade vá aumentar. Tu vais ver como é ser peça deste dominó.
- Seja como for, narrador, empurra-me. Torna-me útil ao movimento.
- Ok. Albino, tu ocupas-te do estudo dos fenómenos políticos – o que é de cósmica abrangência, tenho para mim, pois toda a actividade humana se encontra eivada de política, por vezes de politiquice, sim, mas tu tão bem quanto os melhores saberás fazer a destrinça -, observas, lês, meditas, cruzas informações, tiras as tuas conclusões que explanas, nos media, para que o mundo que não entende estes meandros continue a não os entender, mas menos, que com os teus comentários, crónicas e conjecturas o pessoal já fica com umas luzes. Quem quiser ficar a dominar o assunto pode, caso possa mesmo… frequentar o curso de Direito da Universidade Novíssima de Lisboa, onde tu és reputado professor de Ciência Política e de Sistemas Políticos . Foi, aliás, aí que te formaste em Direito e onde fizeste o teu mestrado (doutoramento, ainda nada. Mas vais lá, calminha. Já apanhas é com Bolonha… Melhor ainda, não é?). Portanto, Albino, és um conceituado politólogo. Com as coisas eminentemente jurídicas nunca tiveste suficiente empatia.
- Contente, muitíssimo contente. Apraz-me o assunto e o desafio.
- Pronto, ainda bem. Quanto às tuas origens, nasceste no Barreiro, no dia 27 de Outubro de 1971, no seio de uma família de operários fabris: O sr. António e a dona Conceição, ambos trabalhadores numa unidade de produção de componentes para a indústria automóvel. Tens uma irmã, mais nova do que tu, aliás, bem mais nova – não digo quanto, pois, pelo menos por enquanto, nada aproveita ao enredo -, intermitente professora de História, casada com um bancário, e neste momento à espera do teu primeiro sobrinho… Sim, é um menino.
- Porreiro, meu caro, uma mana e um sobrinho a caminho… Um casal simpático, já estou mesmo a ver, como pais… São gente boa, os meus pais?
- Da melhor. Muito trabalharam para merecerem o orgulho que hoje têm por ti… e pela tua irmã, claro, apesar de uma certa mágoa… É que a tua irmã, excelente rapariga, diga-se de passagem, não se preparou para nadar nestas águas. Não me interpretes mal, é uma excelente professora de História, mas é professora! Tudo dito... Os teus pais, humildes mas inteligentes, cultos e atentos, sabem bem como as coisas estão. Mas adiante. Tens uma bonita mulher, uma loirinha de 29 anos, tua colega na Novíssima de Lisboa onde lecciona a cadeira de Direito Constitucional I, e onde, de resto, a conheceste. Foi amor à primeira vista. Namoraram oito meses e… zás, matrimónio. Estão casados há três anos e ainda não pensam em ter filhos. Vocês é que sabem… Ah, já me esquecia, é de Castelo Branco, a tua Ritinha.
Bem, julgo que por agora nada mais há a acrescentar. Foi isto que acerca de ti apanhei até ao momento. Se algo mais por aí andar e eu conseguir caçar, disso conhecimento te darei. Vou contar até…
- Já sei, já sei. Eu assisti a todo o processo do Alberto. Aliás, estou muito satisfeito com o que ele é. Fiquei, no entanto, algo chateado com vocês.
- Então porquê?
- É pá, despediram-se um do outro e a mim nem burro tu estás aí!
- Tens razão, Albino. As minhas desculpas. Depois, sabes, o Alberto já estava lá com umas coisas com a mulher no sofá… De maneira que, naquele dia, eu achei que o melhor era ficar por ali.
- Tá, anda, conta lá.
- Vamos a isso: um, dois, três.
- Já sou… Como é bom ser! … Já vou, Ritinha, já vou.
- Fica bem Albino.
- Adeus, narrador.




Carlos Jesus Gil

2 comentários:

Anónimo disse...

Só tu para me fazeres rir a uma hora destas? De tanta leitura, faz-me lembrar o Fidel de Castro,com os seus discursos prolongados. Com esta do Albino e do Alberto vai ser engraçado, força cá estamos para acompanhar o "narrador".
Um abraço.

Tomas de alencar disse...

Acompanhamos pois, sempre.