terça-feira, 19 de junho de 2012

TRATANDO-SE DE COMPETITIVIDADE

A competitividade, está nos "manuais", cria-se, e cria-se com diversos factores conjugados: qualidade do produto, relação custo/qualidade, inovação, singularidade, confiança - por parte do comprador - no produto e no produtor, qualificação dos recursos humanos - aqui contemos também com os administradores e os gestores das empresas -, produtividade, tecnologia aplicada, custos de contexto - preço da energia, fiscalidade, transportes, acessibilidades, facilidade/dificuldade na criação de empresas ( risque-se a dificuldade), promoção eficaz dos produtos e da marca Portugal, crédito à Economia, celeridade judicial... também cá cabe o custo da mão-de-obra, sim, mas é tão despiciendo este factor, no caso de Portugal … São já tão baixos os salários cá praticados! Como se pode viver com menos de 5oo euros/mês, num país onde tudo, ou quase, se compra ao preço ( por vezes mais elevado ) dos países do verdadeiro 1º mundo?! Como pode alguém aumentar a produtividade vendo diminuído o seu salário real… nominal mesmo?!... Reitero: são já tão baixos os salários cá praticados, que se torna ridículo aduzir este factor. Inovemos; mantenhamos ou aumentemos a qualidade dos produtos; não descuremos nunca a qualificação dos recursos humanos; tenhamos sempre atenção à tecnologia aplicada; promovamos melhor, muito melhor, os nossos produtos transacionáveis, e veremos que as exportações irão aumentar a um andamento ainda maior do que o já verificado em Portugal - em montante de unidades exportadas; em montante nominal e real de dinheiro.

18 comentários:

Anónimo disse...

Aqui pensa-se que se pode competir com ordenados de quase escravo.

Pensador disse...

O discurso oficial de alguns especialistas (PSD) sobre a competitividade, produtividade e salários é basicamente o seguinte:
O País, para se desenvolver, precisa de ser competitivo; e para aumentar a competitividade é necessário aumentar a produtividade (leia-se do trabalho); e para que esta cresça é necessário a contenção (leia-se redução) dos salários. Pretende-se, assim, associar desenvolvimento a contenção e mesmo baixa dos salários, procurando-se fazer crer que o desenvolvimento não é possível se não se verificar a contenção ou mesmo baixa dos salários. A "competitividade" e a "produtividade" são dois conceitos que, sob o ponto de vista técnico, significam coisas completamente diferentes.
Ora esta relação não tem qualquer fundamento técnico ou científico, e é mesmo falsa.

O governo fala muito que é fundamental aumentar a escolaridade e a qualificação em Portugal. Mas a verdade é que baixos salários incentivam e perpetuam a baixa escolaridade, o abandono escolar e a baixa qualificação em Portugal. Como o perfil produtivo da nossa economia assenta na exploração de baixos salários, é inevitável que recorra a trabalho pouco qualificado e de baixa escolaridade, incentivando o seu aparecimento. Como afirmou um gestor de uma empresa multinacional, referindo-se aos trabalhadores chineses, e utilizando a linguagem que caracteriza o capitalismo, em que a dignidade das pessoas pouco conta,: "Se pagamos com amendoins temos macacos".

Um dos obstáculos mais importantes ao aumento da produtividade e competitividade das empresas portuguesas é precisamente a baixa escolaridade e qualificação dos patrões portugueses. E isto porque ocupam uma posição estratégica nas empresas, podendo impedir, como o fazem, por ignorância ou com medo de perderem o controlo, a introdução da inovação em todos os domínios. E quando têm escolaridade elevada, a maioria está mais interessada na banca, no imobiliário e nos hipermercados, onde o lucro é elevado, fácil e garantido, ou então são autênticos predadores mais interessados em apoderarem-se do que existe, do que em criar algo de novo, e muito menos em investir na industria, que terá de ser a base do aumento da competitividade da economia portuguesa. Basta recordar a banca e as grandes empresas publicas privatizadas, cujo único objectivo é obter lucros gigantescos à custa dos consumidores, com preços mesmo superiores aos preços médios comunitários, e as OPAs mais recentes.

Anónimo disse...

E se a epifania do baixo salário é assim tão evidente, porque é que africa não é resplandescente de crescimento?

Anónimo disse...

boa, ganaga anónimo. esse exemplo da África é espectacular.

Anónimo disse...

Ganda anónimo :)

Darwin disse...

Num livro recente publicado por uma equipa de especialistas americanos, com o titulo "A competitividade e as novas barreiras da economia", baseado no estudo de 500 empresas internacionais realizado durante vários anos, os autores concluíram sobre a estratégia de baixos salários o seguinte: "Contrariamente à convicção genérica de muitos gestores (nós acrescentaríamos, e também de muitos políticos) concluímos que as soluções que dependem da diminuição dos custos, reduzindo os salários e benefícios sociais constituem sempre becos sem saída. As estratégias baseadas na exploração de mão de obra barata acabam em selvas competitivas, onde as vitórias são cada vez menores e cada dia surge um novo concorrente. Mesmo nas indústrias de mão de obra intensiva, como o vestuário, muitos outros custos e riscos, se sobrepõem à vantagem de salários baixos. E terminam : "As actividades que acabam por ter êxito são aquelas que assentam na aprendizagem e na inovação continua".

No entanto, estas verdades elementares infelizmente ainda não são reconhecidas quer pelo actual governo, quer por aqueles economistas a que Passos Coelho chama "objectivos" ( António Borges, António Nogueira Leite, Eduardo Catroga, etc) porque estão sempre disponíveis para defender a politica governamental e, por isso, têm acesso privilegiado aos media.

Por exemplo, António Borges, com currículo, coisa que a enorme responsabilidade que lhe foi dada no Fundo Monetário Internacional prova, (embora o bem informado correspondente do "Le Monde" em Londres, Marc Roche, garanta que Borges foi despedido por incompetência), defende a redução urgente dos salários.
Quem defende tais barbaridades, num país onde a diferença entre os rendimentos dos mais ricos e dos mais pobres é das maiores da Europa, onde o ordenado mínimo é metade do praticado em Espanha, mas os salários dos gestores estão ao nível dos auferidos na Alemanha, e onde o preço dos bens de consumo é equiparado (quando não superior) ao que se pratica no resto da UE, haver quem ache que o caminho é baixar ainda mais os salários de todos, custa um bocado a perceber.
Enfim...não compreendo como é que o dinheiro dos contribuintes “vai para o bolso” de António Borges e Eduardo Catroga, que defendem um regime análogo ao de Singapura, onde existe uma elite próxima ao rei, vivendo faustosamente, e depois o resto do povo vive sem qualquer protecção social e com ordenados de miséria..
Portugal é um “case study" obrigatório para quem quiser ganhar muito dinheiro sem esforço. E sabe-se que houve muita gente a encher os bolsos. Basta saber alguma coisa sobre finanças. Não é preciso muito, pois até pode apanhar uma doença. Quanto mais bem pago o lugar, mais provavel é ter sido atríbuido sem qualquer relação com as capacidades de trabalho. Por isso o país está como está, onde, o desemprego, a destruição da classe média, a aceleração rápida de concentração da riqueza em poucas mãos, as privatizações a saldo e a protecção fiscal dos mais ricos, são as faces mais visíveis e chocantes.

Anónimo disse...

linha neoliberal é extremista.

Anónimo disse...

Quem pensa que as dificuldades económicas dos povos periféricos são causadas por passarem demasiado tempo na praia, está enganado. Segundo dados do Eurostat do último trimestre de 2011, baseados em inquéritos, os portugueses trabalham quase 39 horas por semana, acima da média europeia (37,5 horas). São mais três horas do que os alemães e quase mais duas do que os finlandeses.
A falta de produtividade portuguesa tem sobretudo a ver com a «concentração em sectores de mão-de-obra intensiva», a par da falta de competências dos recursos humanos e da falta de capacidade de gestão e de organização das empresas. Estar a trabalhar mais horas não significa estar a produzir mais, o conceito de produtividade é produzir o mesmo com menos custos ou produzir mais com custos semelhantes.

Anónimo disse...

É ignorante quem pensa que por cá se trabalha pouco.

Pensador disse...

Esta estranha teoria de que se impuserem salários ainda mais baixos em Portugal a produtividade e a competitividade aumentarão não tem correspondência real. E isto porque os custos do trabalho em Portugal já são significativamente inferiores aos médios da União Europeia e esse facto nunca resolveu o problema da baixa competitividade das empresas portuguesas.

Afirmar como diz o governo e a "troika estrangeira", assim como os seus "amigos" defensores internos nos média, que são os custos do trabalho em Portugal a causa da baixa competitividade das empresas e da economia portuguesa, é mais uma mentira. Ela insere-se numa campanha que visa condicionar e manipular a opinião publica com o objectivo de levar esta a aceitar passivamente, como inevitável, a terapia de choque ultraliberal que está a ser imposta a Portugal e a conduzir a economia portuguesa para o abismo.

Anónimo disse...

Não me resta outra alternativa senão insurgir-me e denunciar publicamente estas cabalas para atacar o Governo.
Como qualquer cidadão honesto pode comprovar (Cavaco incluído) isto só acontece, porque o governo PSD/CDS, com o resultado das suas politicas patrióticas, está a salvar Portugal. Senão vejamos:

Educação no seu melhor. Comparável só o governo de D. Afonso Henriques.
Saúde, no topo da escala mundial só rivalizada pela do Burkina Fasso.
Economia, ao nivél do Sudão e Eritreia.
Finanças, iguais às minhas.
Agricultura e Pecas, melhor que o Bengla Desh (apesar de até as sardinhas já terem imigrado).
Negócios Estrangeiros, só comparados aos do cartel da droga no México pela batuta do timoneiro (que pega de empurrão).
Administração Interna, só comparável ao terceiro Reich.
Industria, ao nivel do Saara Ocidental.

Então perante estes resultados nada melhor para os invejosos (PS), que inventar cabalas para denegrir o bom-nome, a ética, a competência e a moral dos dirigentes deste Governo.

indignado disse...

Tão humanistas que estes PSD; (CDS)são! E então quando se trata de competência, com aquelas coisas à burro que os obriga a ver só para um lado...

Anónimo disse...

è por aí que devemos ir.

opinador disse...

Querem competir com quem pratica dumping social? Isto é que eles são?

Táxi Pluvioso disse...

Finalmente o mundo será feliz, uns a produzir, outros a consumir, e outros de cima a rir (talvez em Bilderberg). boa semana

Anónimo disse...

Pois claro. Será que ekes não sabem isso? pergunta retórica

Murganheira Bruto disse...

Depois de algum tempo de ausencia... mais uma visita a esta praça para deliciar os sentidos com este excelente texto. Consegues resumir, nas poucas linhas deste post, o essencial das obras de grandes economistas... Samuelsson, Adam Smith, etc etc. Muito bom Gil, como sempre. Abraço!

oquemevierarealgana disse...

Obrigado e abraço, Murganheira Bruto.