segunda-feira, 11 de junho de 2012

RESGATE À BANCA ESPANHOLA

Cem mil milhões de euros, é quanto irá receber a banca espanhola a fim de um premente saneamento das suas contas. Tal saneamento à banca espanhola servirá a própria, como servirá o próprio governo, que a ela irá, com certeza, recorrer - forma inteligente de conseguir um resgate sem perder o elevado grau de autonomia que perderam Portugal, Irlanda, Grécia… Servirá também Portugal – enorme interação económica entre os dois países - e a própria União Europeia. Até aqui, tudo bem. Ora, o busílis da questão prende-se com a atitude do governo espanhol que teima em afirmar que este resgate nada tem a ver com aquele a que recorreram os parceiros Irlanda, Grécia e Portugal. Calma aí!, pode não ser exactamente igual, mas tem, sim, algo a ver. Então o resgate à banca não tem forçosamente que passar pelas “mãos” do governo?... Tem, pois tem! Logo, e ainda que a Troika não seja a “Troika”, em virtude de o Fundo Monetário Internacional apenas intervir em termos técnicos, se os cem mil milhões para a Banca espanhola vierem acompanhados de melhores condições que aquelas que acompanharam os doze mil milhões negociados - também para a banca – pela troika e o governo português, estaremos perante um caso de discriminação positiva em relação a Espanha… Não, não pretendo eliminá-la anulando as ainda putativas condições especiais, desejo anulá-la exigindo as mesmas condições para nós. Entretanto a Alemanha já veio a terreiro afirmar que o governo espanhol está a tentar ludibriar a opinião pública do país, pois irá ter também que prestar contas. Vamos ver!

14 comentários:

Pensador disse...

A UE empresta 100 mil milhões a Espanha sem exigir contrapartidas no plano da política económica, é uma linha de crédito a juros baixos. O Governo Espanhol tem posto a tónica de que esta é uma ajuda para a recapitalização da banca e serão os bancos a ter de assumir contrapartidas.
As condições do empréstimo para refinanciamento da banca espanhola é uma violação primária das mais elementares regras de concorrência, a banca espanhola beneficiou de condições e de taxas que não foram impostas às bancas da Irlanda e de Portugal.
No que é fundamental, não há nada de diferente entre o que sucedeu com Irlanda e com Espanha. Também o Estado irlandês não tinha qualquer necessidade de financiamento, já que, quando aceitou o resgate, não estava obrigado a ir aos mercados. Aceitou o resgate à banca – e não ao país – porque a Europa a isso o obrigou. O País ficou falido para salvar os bancos dos efeitos das suas próprias loucuras.
Só que a Espanha é 4ª economia da Europa. Foi por isso dispensada do castigo que a Europa oferece àqueles que “resgata”, Irlanda incluída. E esta é a primeira evidência que o resgate da banca espanhola revela sobre a política europeia: trata os Estados membros de forma diferente, conforme o seu poder. Assim como já tratara a Alemanha e a França de forma diferente de outros países quando foram os primeiros Estados a violar os limites do défice.

Tal como o ministro Gaspar o ministro das Finanças da Irlanda também participou na reunião e mal esta terminou, exigiu a renegociação do acordo e um tratamento igual. Passos Coelho defende que deve pagar juros muito mais elevados do que a Espanha, deve estar sujeito á perda de soberania e deve ficar calado.

É evidente que Portugal vai beneficiar do que a Irlanda conseguir, designadamente, juros mais baixos, só que a cobardia é uma instituição neste governo.

Anónimo disse...

As pessoas não entendem por que razão se "empresta" aos bancos, quando são as empresas da economia real que produzem riqueza e precisam de ser salvas. Sem esquecer ainda o endividamento dramático de muitas famílias.

Anónimo disse...

O prémio Nobel da economia em 2001, Joseph Stiglitz, considera que o resgate financeiro a Espanha não funcionará e pode criar uma "economia vudu" com o Estado, através da Europa, a resgatar os bancos e estes a resgatar o Estado, e defende ainda que a Europa devia acelerar a discussão sobre um sistema bancário comum.

Darwin disse...

É muito o dinheiro que vai ser aplicado na intervenção na Espanha: 100 mil milhões, a juros baixos e sem a carga de austeridade exigida aos outros países europeus intervencionados, incluindo também a dispensa de um acompanhamento permanente dos credores.
Ao ouvir Mariano Rajoy dizer que não se trata de um resgate mas sim de uma linha de crédito, uma ajuda para a recapitalização da banca espanhola e serão os bancos a ter de assumir contrapartidas. Pensei mais uma vez que com dirigentes políticos assim, a Europa não vai lá. Um dirigente que ainda acredita que se pode lançar poeira aos olhos do povo europeu, está fora do seu tempo. As pessoas estão hoje mais informadas do que nunca.
O governo irlandês já tomou a iniciativa de exigir a renegociação das condições do empréstimo à Irlanda, quer no que diz respeito às condições financeiras, aos juros do empréstimo, quer no que respeita à imposição de medidas de austeridade à economia irlandesa.
É incompreensível que o primeiro ministro de Portugal já tenha vindo a público, de forma precipitada e irresponsável, afirmar que não há razões para rever as condições do empréstimo, em completa contradição com o que já assumiu o governo irlandês
Só para que se tenha uma ideia, a revisão das condições do empréstimo a Portugal, em condições semelhantes àquelas de que vai beneficiar a Espanha, e fazendo fé aos números avançados pelo ministro das Finanças durante o debate sobre o orçamento de Estado para 2012, permitiriam uma redução com os encargos desse empréstimo na ordem dos 10 mil e quatrocentos milhões de euros, o que possibilitaria aliviar extraordinariamente o fardo das medidas de austeridade que estão a ser impostas aos cidadãos e ao mesmo tempo criar condições para financiar políticas de crescimento económico.
Já não se aguenta esta narrativa subserviente e de chapéu na mão, sempre a pedir desculpa por existirmos.

Anónimo disse...

A crise é bancária. Só numa democracia doente é que se mente a instituições europeias, como o fez a Espanha. A banca será ajudada. E nós, que lhes dizemos? Nada. Já dissemos tudo. Já escrevemos tudo o que havia a escrever. Falta saber, como é que se regressa do abismo?"

Anónimo disse...

os bancos ficarem a perder? ó ó!

Darwin disse...

Peço desculpa, mas tenho de postar isto. Quando fui à banca de jornais comprar o Publico, deparo com uma notícia de primeira página que me deixou indignado. As palavras contundentes do Bispo Januário Ferreira incomodaram muita gente. O Correio da Manhã, no dia seguinte a D. Januário ter vindo a público criticar as miseráveis declarações de Passos Coelho (que tive conhecimento através do blog), tenha decidido chamar à primeira página factos laterais sobre a vida de D. Januário, ainda por cima mentirosos. O Correio da Manhã sabe quem manda e obedece de acordo. Não é um jornal, é um esgoto a céu aberto onde chafurda a pior espécie de jornalistas. Penso que tudo isto tem o dedo de Miguel Relvas, que controla os media através dos seus conhecimentos no meio. Num país de gente amestrada e paciente, qualquer voz que se insurja com o estado de coisas arrisca-se a ser calada de imediato.
Esta gente, que não sabe conviver com a liberdade dos outros, indigna-se com o facto das palavras de D. Januário não respeitarem o resultado das eleições legislativas. Para Helena Matos - e outros da mesma cepa - as eleições são aquele acontecimento em que os cidadãos elegem o seu ditador durante um período de tempo definido. Durante esse período, todos devem calar, comer e aceitar "com paciência" as decisões e os desmandos do Governo eleito. E sabemos agora que há jornais dispostos a criar ruído e a tentar menorizar quem tem a veleidade de criticar o primeiro-ministro.
Depois de Abril de 74, nunca pensei que estas barbaridades voltassem a acontecer. Assim vão as coisas no país. Asfixia democrática?

Pensador disse...

A indignação é inevitável. Para o Correio da Manhã o facto de alguém se manifestar “chocado” com o primeiro-ministro é motivo para ir rebuscar o seu salário. O melhor é o jornal dispensar-se dos escassos pruridos que ainda lhe parecem restar e avisar-nos, numa próxima edição, dos rendimentos que cada um pode auferir para poder criticar alguém do Governo.

Mas a jornalista não fala dos milhões de António Borges, António Mexia, Eduardo Catroga .... as negociatas das privatizações, os 3000 nomeados ... sobretudo os "especialistas" de 23 a 25 anos de idade (JSD) a ganharem cerca de 4000 euros ... o autarca devedor às Águas de Portugal que agora é Adminsitrador-credor de si próprio com 150 000 euros ano de vencimento, e sabe-se lá que mais...

Para finalizar, não ficaria de bem com a minha consciência se não referisse que a igreja sempre foi uma aliada dos poderosos. Por isso quero aqui prestar a minha homenagem de admiração por D. Januário, pela coragem e lucidez das posições que tem vindo a assumir, na defesa das suas convicções cristãs.

Anónimo disse...

Somos todos iguais mas pouco.

Anónimo disse...

Nesta conjuntura em que os governantes estão obececados em números, deviam parar e pensar mais nas pessoas.

Anónimo disse...

D.Januário, sacerdote doutorado, é pensionista da Caixa-Geral de Aposentações, reformou-se em 2009, com patente de major-general, após 23 anos de actividade, onde acumula também 15 anos como professor universitário na Faculdade de Letras da UP.
Recebe de pensão cerca de 2600 Euros.
Portanto a Jornalista do C. M. mentiu.
E se alguém quiser saber se D. Januário mente ou não sobre a reforma, é fácil: saiu em Diário da República. Está lá para quem quiser ver.
Muitos nas mesmas condições de pensão de reforma estão de bico calado a tratar da sua 'vidinha' e a borrifarem-se para os outros. É mais fácil ser assim, mas quem decide falar em prol dos outros sem necessidade pessoal, sofre represálias. O bispo podia não ter comentado nada e agora ninguém sabia de nada. Mas como bispo tem o dever moral de denunciar o que está errado, independentemente das condições em que vive.
Ainda bem que existem homens como D. Januário, que não tem papas na língua e com toda a legitimidade de cidadão eleitor, não tem receio nem medo de dizer as verdades

realista disse...

somos ou não somos todos europeus da União Europeia? Temos ou não temos todos os mesmos direitos? Uns são ricos e outros são pobres, mas para os ricos serem ricos é necessário que haja pobres e remediados, e estes são os que compram aos ricos. Era bom que todos fossemos bem tratados e que a Alemanha se lembrasse que precisa dos menos ricos, dos remediados, para comprar volkswagens, audis, mercedes e dos pobres para lhe comprarem todos os outros bens transacionáveis que produzem. Precisamos uns dos outros, se um cai na ruína o outro também sofre com isso.

Táxi Pluvioso disse...

Chamam-lhe resgate à banca espanhola por razões de marketing, a Espanha caiu no excesso de endividamento tal como Portugal e Grécia e creio Chipre, a Irlanda é outra coisa.

Anónimo disse...

Nós é que somos os toininhos.