quarta-feira, 2 de maio de 2012

TERÁ SIDO ENCOMENDA, A INUSITADA PROMOÇÃO?

Como podemos interpretar a desusada promoção levada a cabo ontem pelo grupo Jerónimo Martins? Bem, poderá ter sido puro altruísmo; estratégia de marketing; encomenda política… Logo no dia do trabalhador?!... Será que eles terão formulado, para si próprios, claro!, a seguinte questão: é uma promoção, estão connosco ou com a manifestação?... Não sei! Uma coisa é certa, valendo-se do desespero das pessoas, do extremo estado de necessidade, esta anunciada promoção (50% de desconto em compras superiores a 100 euros nos supermercados Pingo Doce) tirou das ruas, das genuínas e ora legais manifestações do Dia do Trabalhador, milhares de pessoas. Claro, o homem-consumidor sobrepôs-se ao homem-cidadão… É humano! Se estes senhores repetirem o fenómeno ao longo do ano, ao longo dos anos de austeridade, tudo bem. Aí até eu me convenço que se trata de puro altruísmo. Espero, e muito, que o não façam à custa dos já sobrecarregadíssimos produtores! Bem, se de publicidade se tratou, há sempre o risco de “efeito boomerang”. Bem, depois há a questão do dumping económico. Deixemos isso para as autoridades!

8 comentários:

cidadão disse...

Os produtores têm sido esmagados por estas empresas, para além de levarem muito tempo a pagar-lhes, quando recebem logo daquilo que vendem. Vamos ver se não ser os produtores a pagar e eles a ficarem com a fama de serem os bonzinhos.

Pensador disse...

Considero simplesmente repugnante esta inicitiva de uma empresa cujas práticas, no dia-a-dia, são muitas vezes de uma falta de ética comercial, e de uma competição mais que duvidosa, à custa de falhas de qualidade e logro dos consumidores, sobretudo dos mais indefesos ou menos informados. Este gesto imperial do "Senhor Venha Cá", em tudo semelhante ao despotismo de Roma, face aos gladiadores vencidos, tem por objectivo retirar aos clientes toda a dignidade e esfera de decisão pessoal, mostrando-lhes quem manda, e fazendo-os comprar quando quer e no montante que quer. Estas mesmas pessoas voltarão a ter todos os seus problemas dentro de alguns dias, mas serão porventura beneficiadas por um novo e caprichoso gesto desta nobre empresa, que voltar a dar um desconto arrasador, a quem nesse dia entre no supermercado de gatas.
Até dá vontade de chorar.

Anónimo disse...

Permitam-me discordar, porque descontos de 50% não há todos os dias do ano, e feriados para ir às compras também não.. porque é que uma pessoa racional haveria de preferir pagar duas vezes mais por um artigo que poderia comprar hoje mais barato, sem ter de sair do trabalho a correr para o fazer!..
Se o povo é livre, e por muito que custe, só vai às manifestações e às promoções quem quer, em função dos benefícios que obtem..

Pensador disse...

Caro Anónimo, respeito a sua opinião. Mas penso que o Pingo Doce tinha a liberdade de fazer esta campanha durante um fim de semana! Ser no 1º de Maio foi desviar as atenções dos mais necessitados da manifestação de reivindicação dos seus direitos ao trabalho para a coisa mais urgente: bens de 1ª necessidade! Isto não se faz, é comprar a alma aos aflitos, além de ser um favor que se faz ao governo, desviando manifestantes e atenções para uma promoção de compras. Coitado de um país em que as pessoas têm de se digladiar por comida, estreitando assim cada vez mais os horizontes da própria condição humana.
Por favor, não nos façam de parvos.

Anónimo disse...

Caro Observador,
Quer queiramos ou não, as pessoas estão num estado em que ultrapassam filosofias e pensamentos, estão em fase de desespero. Alias veja-se o que se esgotou nas prateleiras por exemplo - era um bom estudo. E por fim, também penso que o unico ponto realmente negativo, foi o facto destes senhores conseguirem relegar o dia do Trabalhador para segundo plano.

Anónimo disse...

Depois dos sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis, Passos coelho disse: "Tratar-se de uma matéria que não depende da intervenção do governo”
Agora, na campanha de desconto de 50% do 1º de Maio do Pingo Doce,(com possivel venda abaixo do preço de custo), manda a ASAE abrir uma investigação para apurar em que circunstâncias foi feita a promoção.
Só queria entender porquê?
Isto não é andar a brincar com as pessoas?

Darwin disse...

Portugal revelou uma vez mais a sua verdadeira imagem, um país pobre, sempre à rasca, que faz fila para açambarcar e que tem uns endinheirados que se riem do ambiente miserável em que o país está mergulhado! Afinal quem manda é a finança e as hordas famintas acorrem, alegres, ao toque da sua trombeta! Porque não sabem, nem querem saber, o que deu origem a este feriado.
Relativamente à Jerónimo Martins, fica-lhes muito mas muito mal aproveitarem-se da crise que assola o país, da miséria que atinge milhares de pessoas, para fazerem uma auto-promoção de marketing, ainda mais escolhendo o dia que escolheram. Podiam ter feito o desconto no próximo fim de semana, mas não, escolheram precisamente o único dia em que se lembra ao mundo, que o Trabalho existe e não está a ser devidamente recompensado.
Sou a favor de promoções sim, quanto maiores melhor, mas os moldes em que esta foi orquestrada apenas mostra uma profunda falta de respeito pela miséria em que vive o povo português. Se se preocupam realmente com o bem estar do povo, então pratiquem preços mais baixos o ano inteiro, nem precisa de ser com descontos de 50%.
Da parte dos Governantes, autoridade da concorrência e autoridades de fiscalização, parabéns. Quando o país fechar as portas, finalmente terão a tarefa concluída, para a qual tanto se esforçaram. O problema de vender com lucro ou abaixo do preço de custo, para estes senhores, não é a questão de saber quem suporta o prejuízo (produtor ou cadeia de supermercados), pois só esses sabem se têm ou não capacidade para essa prática comercial. O problema deles, é que estas empresas ao venderem com prejuízo, o estado deixa de receber a sua parte em impostos. Está tudo dito. Então não se preocupam com os preços exorbitantes dos combustíveis, electricidade e gás, porquê? Que eu saiba essas empresas são muito mal geridas, não obstante apresentam milhões de lucros todos os anos. Mas o estado não vê problema algum, claro. O resultado está à vista. País falido e na miséria.

oquemevierarealgana disse...

Darwin, pois vivemos num país onde impera mais k nunca o cinismo dos grandes!