sexta-feira, 9 de março de 2012

Designações

DESIGNAÇÕES

Ensino


Há quem afirme, e eu sou desses, que não importa assim tanto a
designação que atribuímos às coisas. Pois, não é por eventualmente me chamarem carro-de-mão que eu deixo de ser automóvel. É ou não é? Então aqueles teimosões que veementizam a
defesa de que tal é de madeira, quando toda a gente sabe que é pedra –
puro calcário de Ançã -, põem em risco a natureza da coisa?... Claro
que não. Logo, pois é!
É o quê?, o que é que é , no meio de toda esta embrulhada? É a
essência, a substância, o ser não sofrerem qualquer alteração pelo
facto de, inadvertidamente ou não, lhes ser mudada a designação. A
minha - e dos outros – Barrinha da Praia de Mira não passou a mar
quando, há tempos, muitos, um turista – sim, que também o era –
proferiu (contemplando-a genuinamente maravilhado): “ Olha, o mar está
tão calminho! “… Ela lá continua, doce como mel de urze (de urze,
pois!), apesar de o verdadeiro, o salgadinho, se encontrar ali à
beira, a escassos metros.
Mas toda esta lábia para quê? Simplesmente para vos dar conta daquilo
que todos sabemos: não há verdades absolutas – exceto algumas, umas
tantas… É que dei-me conta de que faz toda a diferença o Ministério da
Educação ser assim designado, e não como a meu ver deveria ser:
Ministério do Ensino. É, é uma questão de designação mas não só.
Aquela traz, atrelada, uma série de posturas, de incumbências mais
próprias de outras geografias sociais (como hodiernamente convém).
"Educare"… não renegando a etimologia, aceitando sem pruridos que o
vocábulo ainda pode assumir a vetusta versão semântica de “alimentar
de conhecimento”, creio que, fruto da inevitável dinâmica do "físico"
e do "Humano", educar é hoje algo bem diferente; não afastando a
vertente conhecimento - pois é necessária a aquisição de regras, de
princípios… -, educar implica algo de mais emocional, de
fundamentalmente emocional. Ensino, aí sim, sem, reciprocamente,
rechaçar a emoção, pois tudo o que toca ao homem dela está eivado,
deve dedicar-se em pleno à alimentação de conhecimento…Logo:
Educação?, é em casa. A Escola pode e deve participar nessa empresa,
mas…é em casa.
Desempenhar a mui grande e imprescindível tarefa do ensino deve ser o
objetivo primeiro da Escola. Depois… já que os professores não têm
família, já que… são funcionários públicos, poder-se-á pensar noutras
coisas – sim, não custa dar uma ajudinha na educação. Ajudinha!, que o
mester é outro.
Depósito?!, vê-la como depósito?!, é pá, isso é que não!
Bem, já deu p`ra ver que a designação em questão constitui vigorosa
exceção ao que supra defendi. Ah, e "aquela" do Ensino Secundário?
Secundário?!, como assim?! Bem fundamental que ele é!
Eu sei que aqui eles queriam dizer outra coisa…, mas falharam!


Carlos Jesus Gil

1 comentário:

JPG disse...

Falaste e disseste Amigo!!!

Abraço e continua a labutar, pois todos somos poucos...