segunda-feira, 28 de junho de 2010

Negócio/ócio

NEGÓCIO/ÓCIO


O senhor das obras pr’a mim:

- Saiba!, nunca fiz negócio como forma de negação do ócio… sério, rapaz! Oh oh! Negar o ócio, eu?! Eu, que quando era “zé ninguém” tanto invejava quem o cultivava?! Eu, que lhe reconheço a virtude do impulso…sim, este ímpeto que me trouxe até aqui e que ainda hoje me invade!... Não, eu idolatro o ócio. Por ele formiguei e amigalhei… Tanto que já não dou conta de quantos migalheiros. Aliás, já não tenho migalheiros… Pois é, meu caro, foi para ser também digno dele, seu cultor, que fiz e faço freneticamente negócio… Não para o negar!
- Então, mas…?
- Pois, não diga mais nada meu rapaz. Nunca o vira eu mais magro; sei que não passei das intenções. Tenho plena consciência disso… Reconheço-me um miserável escravo do negócio… Alforria?... Hummmm!




Carlos Jesus Gil

2 comentários:

Murganheira disse...

"...quem o cultivava"! É isso. O ócio é uma espécie de ópio, até são parecidos já que de ambos se diz causarem dependência nas células neuronais humanas. Há diferenças, um é apadrinhado pela lei, enquanto o outro é apedrejado por ela. Estou em crer que sobre os dois existem saquetas de sementes à venda, e assim proliferam, talvez mais o primeiro, nos nossos canteiros hortícolas,... e não-hortícolas.

Anónimo disse...

pois é, queremos sempre mais e mais.