segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Mergulhei no Nada

Este Post, depois dos dois anteriores, só prova que é mesmo o que me vem à real gana:


MERGULHEI NO NADA



Dou crédito a Lavoisier, e entendo “criar” como fazer nascer algo que antes não existia… sim, que antes não existia, não implicando, contudo, esta premissa que se tenha partido do nadaeste nunca existiu. Tudo (enquanto matéria) sempre cá esteve, tudo sempre estará; sim, as formas vão mudando, as uniões de elementos ou matérias compostas resultando em coisas novas acontecem, mas foi e será sempre necessário algo prévio. Cá, no Universo (existirá um onde que não seja o cá? Mesmo o espiritual é cá!... Não há lá), sempre existiu o que existe, em termos de massa. Nem um grama a mais, nem um grama a menos, hoje, em relação à origem. Origem?!, que origem?!... Sempre o Universo dispôs de tudo, não houve origem ancestral em termos de matéria! Terá havido, nisso creio, origem para esta ordem, como terão existido origens para outras. A matéria, essa foi sempre a mesma. Neste campo, não houve origem para a origem, tenho para mim.
Mesmo o nada relacionado com algo que ainda não existe mas cuja invenção se almeja, não se pode conceber como tal, pois o desejo e o desígnio de inventar já constituem algo.
Mergulhei no nada… mas não me molhei!




Carlos Jesus Gil

sábado, 29 de dezembro de 2007

Em relação ao post anterior...

... Se calhar até faz... sentido.


Carlos Jesus Gil

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Estará próximo o fim?... Deste ... inevitável sistema?

SEMPRE FOI ASSIM… E (ÓPTIMO, SE ME ENGANAR!) VAI SER ATÉ AO FIM


Isto, apenas para lembrar que o ano vai acabar como acabaram todos os outros, aliás, como começaram e acabaram todos os outros (mesmo quando não existia calendário de espécie alguma): a hegemonia da sede de poder, da ganância, da inveja e da cobiça, da intolerância e da maldade sobre o modo, pelo menos por ora impotente, de considerar o prolongamento do metabolismo próprio e a qualidade essencial ao não tédio, como algo não só possível como absolutamente natural e não dependente de atropelos ao próximo… Pois, continuamos a viver um maniqueísmo exacerbado… Quem leva a melhor? Ora, está bem de ver!
O mal e o Bem, dois inconciliáveis opostos, porém, convenhamos, também inseparáveis, e não paradoxalmente, é que um justifica a acepção do outro. O mal e o Bem nesta contenda de todo o tempo vivido, aceita-se e faz sentido. Agora esta intensidade desenfreadamente crescente nas bandas do mal, isso é que não!
As melhoras!




Carlos Jesus Gil

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Camões

CAMÕES



Debrucei-me hoje um pouco sobre Camões. Enfim, um nano-tributo:


“Os Lusíadas são uma obra de Amor”, palavras de um reputado especialista na matéria (nome? Esqueci!). Segundo o estudioso camoniano, fora o Amor a impor a dedicação e o esforço postos na causa épico- literária: Amor à Pátria e aos seus Heróis; Amor dos Valentes Heróis ao seu Rei, à sua Pátria, ao seu Deus e à sua Religião; Amor ao desígnio de uma melhoria nas condições de vida dos portugueses (canto perene entre nós!...). Camões quis cantar este Amor para imortalizar quem dele se encontrava eivado. Mas Camões quis, ele próprio, imortalizar-se escrevendo uma Obra Maior. É Humano!
Vénus, deusa da formosura e do Amor, é personagem recorrente nos Lusíadas em situações de manifesta aflição por parte dos nossos gloriosos marinheiros, ajudando-os a vencer os difíceis obstáculos com que se vão deparando: tempestades, conflitos com os povos autóctones… Quer-nos dizer, Camões, que só por Amor a tudo o que atrás foi referido foi possível aos portugueses vencerem tantas e tão grandes adversidades.
Lusíadas? Obra de Amor, com certeza!




… Camões defende que os Heróis portugueses - os marinheiros, os soldados - eram bravos mas não perfeitos: enfermavam da carência do Amor às Artes, à Cultura. Assustadoramente, essa característica teima em, atavicamente ( qual fantasma atrevido e obstinado! ), persistir na nossa sociedade.




No juízo de Camões, só se logrará a imortalização dos Heróis através do Canto dos Poetas.
Claro que se trata de uma visão um tanto redutora. No entanto a essência da verdade está lá: os heróis só serão, de facto, imortalizados se forem lembrados na Arte, seja qual for o ramo da sua pluralidade. Seja, se protagonizarem obras maiores na literatura ou na pintura ou na escultura ou na música ou no teatro… ou no cinema.
Pela Arte se evita o esquecimento!




Carlos Jesus Gil

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Professores

PROFESSORES


Em tempo de interrupção lectiva, falemos de professores:


O Recurso dos Recursos, tenho para mim, é o Recurso Humano! Somente com cidadãos verdadeiramente aptos a enfrentar os desafios em constante evolução, portanto com cidadãos-profissionais munidos de espírito aberto à inovação bem como à aceitação convicta da necessidade de uma periódica reciclagem de conhecimentos, as sociedades poderão evoluir e posicionar-se na primeira divisão da desenfreada competitividade global.
Ora, os professores são, quando mais não seja só por isto, por desempenharem neste campo um papel insubstituível, agentes imprescindíveis a uma sociedade, merecendo dela respeito, reconhecimento da sua dignidade profissional e funcional… Infelizmente, não é isto que se tem visto, em Portugal, nos últimos anos… Melhor, nas últimas décadas. Tá mal!




Carlos Jesus Gil

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Feliz Natal

Que a LÓGICA DO VERDADEIRO NATAL passe a governar o mundo!




Carlos Jesus Gil

Sombra-silhueta

SOMBRA-SILHUETA


Sombra-silhueta!... Inelutável dependente (o que não constitui, enquanto elemento de condição, factor de menosprezo, pois tudo é dependente de… Todas as coisas são e todos somos… dependentes de… No caso da sombra, porém, a coisa puxa um muito para o reino do nada, visto ser ela uma dependente total: do tangível e da luz.); sombra-silhueta, filha do obstáculo e da luz mas filha degenerada, que em nada te pareces com os teus progenitores… És, no entanto, a cara-chapada de quem te concebeu!




Carlos Jesus Gil

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Regresso a Vénus

REGRESSO A VÉNUS


MICROCONTO DE NATAL


… Uma caixa de brocas perfurantes; radar/gps com funções de mapeamento; dez baterias de Z amperes; três caixas de pílulas XPT; três venuso-fatos; tenda venusiana ultra… Logística completa!
Vinte e dois de Dezembro de 2020, 14:30h TMG, algures numa base europeia de vocação espacial, e logo após uma contagem decrescente, um foguetão inicia a sua ascensão aos “céus”.
…Vinte e quatro de Dezembro de 2020, 22h TMG, três homens, depois de terem comunicado com as suas famílias, acabam de se “deleitar” com uma “faustosa” refeição sintética… Até que soubera bem; até que estavam bem-dispostos…fisicamente. A missão corria na perfeição!
Todavia sentiam-se tristes, tristes porque não haviam trazido consigo um pedaço de musgo, uma árvore de natal.
Erro de logística!




Carlos Jesus Gil

sábado, 22 de dezembro de 2007

Passa-se, e não devia...

PASSA-SE, E NÃO DEVIA…

ZONA DEMARCADA PARA TODOS


A propósito de uma inauguração, neste tão atribulado consulado socrático (Sócrates, o lusito):
- Olha eles, olha eles!
- Ó amigo, chegue-se lá para trás! – Agente da autoridade, também ele lusito, no rigoroso cumprimento das suas obrigações. Até a voz fora colocada como manda a lei: carrada de decibéis; aspereza em dose ao jeito de “não quero cá faltas; míngua, comigo não!”.
Vai daí, o mexilhão (quando o mar bate na rocha…) lusito que intentava, efectivamente, abandonar a Zona Demarcada dos Lusitos Anónimos, com o fim de dar uma palavrinha, do largo mas audível, ao nosso Primeiro, outro remédio não tem que dá-la a um outro lusito anónimo que, a seu lado, já se preocupava com a sua situação: “Eu só queria pedir-lhe que não me faça sentir baralhado. Ele diz que vivemos em Democracia, mas eu acho que a Democracia não é assim. Eu só queria indicar-lhe alguma bibliografia de referência… Grega, por exemplo, da terra do outro Sócrates.”
- Ó pá, deixa lá isso, manifestemo-nos mas sem o molestar. Senão, já sabes…
- Pois, é por isso que nunca vamos a lado nenhum. Temos que os molestar!... Achas que eles nos ligam, se não os molestarmos?
- Camarada, eu cá por mim não quero problemas. Venho aqui, mas não quero problemas. Eles só nos admitem se formos inócuos. Vai por mim.
- Vou por ti?! Acabo de te dizer que se os não molestarmos fica tudo na mesma…!
- Olha, faz como quiseres. Mas tem cuidado, que esses mexilhões como nós parece que se julgam do mundo deles.
- Não te preocupes. Ó senhor guarda, vá lá!
- Olhe, identifique-se, se faz favor.
- Então, mas…
- Identifique-se, se faz favor.
- Ok., ok…
Sócrates não teve oportunidade de ser aconselhado sobre bibliografia essencial… a uma governação de matiz democrática. Mas isso também pouco lhe interessaria. A que verdadeiramente lhe interessa, a que o serve, ele leu e releu. Ele conhece perfeitamente as múltiplas formas de evitar que alguém – digo, alguém – saia da linha. Zona demarcada para todos!




Carlos Jesus Gil

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Se a terra for de cegos...

SE A TERRA FOR DE CEGOS…


Há que:
Alimentar Corpo e Alma… Já dizia Santo Agostinho; já diziam outros Santos, aspirantes a…, e os demais que a tal jamais ousaram aspirar.
Ora, toda a gente sabe bem (hummm, que sabor!) como deve ser alimentado um corpo; são conhecidas maneiras saborosas e saudáveis (conciliação difícil, dificílima mesmo, mas não impossível, tenhamos esperança!), outras somente saborosas e outras, ainda, apenas saudáveis. Falamos do corpo, do nosso corpo, tão necessariamente imprescindível para que possamos, por exemplo, falar de terras cegos. Mas e a Alma (o quê?! Vocês aí não acreditam na sua existência?... Lembrem-se das bruxas!...), de que alimentos se nutre? Bem, todos os que nela acreditam, e mesmo os que não e os que apenas sonegam o seu acreditar, têm consciência de que tais nutrientes só poderão advir do conhecimento das coisas, da ciência, da cultura, da meditação, enfim, de informação e mais informação cruzada, reflectida e ponderada no cérebro. No cérebro do corpo; no cérebro que também se alimenta das outras iguarias…, sim, das de carácter físico; no cérebro mediador, qual intermediário entre o físico e a Alma!
Mas para quê todo este paleio? Pois, só para lembrar que ao poder interessa mais alimentar músculos, patrocinar ginásios (ainda que não tenham dado – foi um descuido, cuido eu – atenção ao decrescente poder de compra da arraia…) do que providenciar os outros alimentos. É que esses, ó, esses… Esses municiam poderosamente verdadeiros exércitos inimigos.
Se calhar tenho aqui um exemplo – que cai sempre bem uma ilustração!: a constituir verdade absoluta (não as há, já sabemos!...) aquilo que não se cansa de proferir o Ministério da Educação, temos um país mais culto e mais informado. Daí o dilema do poder executivo e não só: então, com grande parte da rapaziada já culta, informada, de espírito bem alimentado, “ainda corremos o risco, caso cumpramos a promessa eleitoral de referendar a ratificação do Tratado de Lisboa, de vermos o mesmo ser rejeitado.”
É tramado! Educar o povo, e este, depois, não saber agradecer!... Assim, o bom pessoal da administração, que sempre se deu melhor com Democracias representativas do que com Democracias participativas, vai pensar muitas vezes antes de fazer algo em prol da Educação… Ou será que já pensaram?... Olha, não tinha pensado nisto! Se calhar esta reforma na educação (com os alunos a poderem faltar e por aí fora…) já foi produzida a pensar nisto!... Espertalhões!




Carlos Jesus Gil

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

O X, o Y, o Z e outra letra que se lê

O X, O Y, O Z E OUTRA LETRA QUE SE LÊ


Continuação do post anterior ( é conveniente – ou não – ler primeiro o post anterior )


Foi o Miguel, um amigo nosso de Santiago do Cacém, quem lhe dera a volta. Porém, de modo indeliberado. O Miguel, ainda que pareça inverosímil aquela jovem não atrair seja que homem for, só via nela uma amiga. Foi isto mesmo que lhe transmitiu na manhã desse revelador dia de Junho, numa conversa que, segundo Liliana, levara ano e meio para ter lugar.
Bem, o que é que eu podia fazer?... Apenas duas coisas: desejar que ela me desejasse - o que me parecia menos possível do que Pinochet, enquanto vivente presidencial, ter-se tornado um complacente democrata -; e filosofar-lhe um bocadito. Como a primeira já ocupava o meu íntimo, platonicamente, de há muito, resolvi então armar-me em filósofo barato:
- Liliana, para tristeza minha e de milhões de outros, as coisas são assim mesmo. O indivíduo X ama o Y, que por sua vez ama o Z, que não ama o Y, mas sim o X… Liliana, este é o circuito normalmente percorrido. Quando alguém, talvez por engano, sai do circuito, acontece o Supremo Bem-Estar da Felicidade… Só mais uma coisa, Liliana: nunca estudes o circuito!
A minha amiga secou as lágrimas, esboçou um sorriso e convidou-me para uns finitos entremeados com uns saborosos camarões eusébianos.




Carlos Jesus Gil

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

O X, o Y, o Z e outra letra que se lê

O X, O Y, O Z E OUTRA LETRA QUE SE LÊ

Ela estava triste…, até chorava! Era um bonito princípio de tarde de finais de Junho. Muito sol, temperatura agradável, férias à vista, mas ela estava triste. Triste e sem fome, apesar de nada ter almoçado. Nem a fatia de vieneta, de que tanto gostava, se atrevera a comer. Tal era o fastio!
Eu cirandava por ali, de esplanada em esplanada, junto à praia, quando a vi. Acenei-lhe vivamente, mas ela apenas ensaiou um tímido e preguiçoso gesto com o braço direito… Aquilo não era normal. A Liliana?!..., tão alegre, tão jovial, tão, não raro, prolixamente frenética, tão senhora de si… Coisa estranha e indesejada habitava, de há pouco, tinha a certeza, o espírito da minha bela amiga. Não, havia ali coisa sim senhor. E eu tinha que indagar sobre o que…, e sem delongas. De modo que, num ápice, safei-me do resto do fino que consumia, disse “ até já “ aos meus companheiros e dirigi-me à muralha, cujas esquinas Liliana ajudava, de momento, a polir.
Enquanto atravessava a estrada pensava na noite anterior; em muitas noites e muitas tardes passadas. Aquela rapariga sempre transbordara de alegria, sempre fora a origem de autênticas cheias de boa disposição. Toda a gente adora estar junto dela, desde as amigas, que são muitas, aos amigos e admiradores que, de tantos serem, só mesmo com calculadora… Se, de facto, neste nosso mundo não é descabida a busca pela perfeição, por a ele, apesar de rara, não causar estranheza; se, efectivamente, aquela não se resumir a mais um utópico desígnio da humanidade, ela é a sua personificação. Do mais belo por fora; invejavelmente atraente por dentro; Q.I. à Sharon Stone!... Mas, então o que estará a passar-se? Serão problemas de saúde?... Não tive tempo para mais conjecturas, pois de repente encontrava-me frente-a-frente com a doce (na hora, como já vimos, nem por isso) Liliana.
- O que é que se passa, queriducha?
“ Olá! Nada, não se passa nada. “ – mentiu ela descaradamente.
- Olha, acredito mais depressa na vitória do Sporting no campeonato do que na informação contida na tua resposta. Aliás, não é necessário analisá-la ao pormenor, parâmetro por parâmetro, em termos de som e de emoção – muito embora o esforço posto no disfarce -, para chegar à conclusão de que se passa mesmo algo…, e algo não despiciendo. Queres que acredite que não se passa nada de errado contigo, quando te vejo, pela primeira vez, triste e com urgente necessidade de uma remessa grande de lenços de papel?... Vá, presenteia-me com um sorriso! Vá, nem que seja ele enganador, que, desde que potenciado por esses teus lindos olhos, já os meus ficam lavados, libertos de qualquer impureza!
“ Lindos olhos?!... Só tu é que vês isso. “ – retorquiu ela com a mágoa estampada nos próprios.
- Ah, então é isso! Quem é que conseguiu tal proeza?
“ Que proeza, Rui? Deixa-te de coisas. – ela não desarma.
- Então, aos dezanove anitos alguém, que eventualmente nem procurou muito, encontra a chave do teu coração. Estava magicamente escondida; com magia foi encontrada!
“ Ó Rui, já te disse, pára com isso! – a renitência continua.
- Vá lá, temos que ser uns para os outros. Não confias em mim, é isso?
… Ela confiou. Aliás, já tinha essa certeza comigo antes de emitir a questão. Somos unha com carne; alho com bacalhau; sei lá!...

Continua (um destes dias)

Carlos Jesus Gil

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Então?...

ENTÃO?...



- Por que é que vives com ela?
- Ora, porque ela é muito bonita; e bem feita!… Não, não é por isso. Ela tem carisma, e eu aprecio imenso essa qualidade; além do mais é uma mulher interessante…
Não, também não é por isso. Ela até é absolutamente vulgar, só se distingue entre as eleitas… Deixemo-nos de coisas, de facto ela é é de uma deferência fora do comum, é uma amiga do peito. Reside aí a razão!... Ó pá não, também não é esse o motivo. É a cama pá, a cama é que é a causa: a mulher é recurso qualificado, de enorme produtividade… Porra, não é nada pá, a gaja é de um marasmo atroz; é um texto prolixo!...
Bem…, a gaja nem sequer é, e, vistas bem as coisas, eu nem ando com ela… E, vistas as coisas ainda melhor, ela nem sequer existe!
- Então?...




Carlos Jesus Gil

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Passou-se há já algum tempo

PASSOU-SE NO CONSULADO DE GUTERRES


GUTERRES TINHA RAZÃO

Os alunos dos Ensino Superior têm um novo slogan: “ A Educação não é Paixão, é Desilusão “. Como assim?! É paixão sim, ou melhor foi paixão. Guterres tinha razão, a Educação foi a sua paixão e o problema reside mesmo aí, na paixão. Paixão, sabemo-lo bem, não é Amor. Ainda para mais, a paixão de Guterres foi curta – a lembrar aquelas de praia – e, isto é o mais grave, nunca evoluiu para amor. Se tivesse chagado a amor…
Um estudo levado a cabo por técnicos “ fora-de-portas “, revela a real posição de Portugal no contexto da Europa, digo da Europa, não da União Europeia, no que toca às destrezas conseguidas pelos nossos alunos do Básico e do Secundário em áreas como a Interpretação de textos, a Matemática e as Ciências em geral. Mas que posição a nossa, temos a Albânia a alcançar-nos!
É o fruto da política ditatorial das estatísticas, implementada, de há anos, pelos sucessivos elencos da governação educativa: todos devem transitar, todos devem progredir… Retenção? Só em casos de excepcional excepcionalidade!
Bom, aí estão os resultados… Amor e Rigor, senhores, é que é preciso!


Tão actual, ainda, este texto!


Carlos Jesus Gil

sábado, 15 de dezembro de 2007

Será egoísmo? Pode até ser, porém...

SERÁ EGOÍSMO? PODE ATÉ SER, PORÉM…


Estou bem, se os meus – de quem eu sou também – estiverem bem.
É – será? – uma paradoxal espécie de egoísmo, esta que me empurra para a monitorização dos meus; preciso, vitalmente, de os ver bem: mãe, irmãos, sobrinhos, cunhada e cunhado, demais família. Ao pai, ao meu pai, que já não é tangível, desejo-lhe o Melhor, no Reino de Deus Nosso Senhor, Pai de Jesus Cristo e de todos nós. E o Melhor é a vida eterna naquele inefável Reino, vida plena de felicidade e saúde em todos os aspectos. Ao meu pai desejo-lhe isto, por ele, mas por mim também; e pelos meus. Mesmo aos simples (simples?) amigos é-me fundamental senti-los de bem com a Coisa Sagrada, é isso que quero também para todos eles e, se algum houver para quem não queira, quero, pelo menos, muito tal querer.
Como só assim me sinto bem, é por mim, basicamente, que quero tanto bem, o melhor, a outros. Sou, deste modo, levado a pensar que não passo de um vulgar egoísta, que ando longe do desejável altruísmo. Mas será mesmo assim? Ou não será que, tão simplesmente, o altruísmo, e mesmo o amor, não são mais – e chega – do que um doce egoísmo desprovido de estilhaços; um efectivo soldado da paz desarmado de matéria ofensiva, despojado de munições do desapego.
Em que é que ficamos?




Carlos Jesus Gil

Da Moral, da Ética e dos Homens

DA MORAL, DA ÉTICA E DOS HOMENS


Legal, tenho para mim, não é sinónimo de legítimo... Perversidades do melhor dos sistemas políticos conhecidos.




Carlos Jesus Gil

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


O FIM

- Alberto?, Albino?
- Sim, narrador!
- Cá estou, meu caro.
- ……………….
- Sim…, narrador?
- Então, o que é que se passa homem?
- ……………….
- Nahhh, aqui há gato!
- … Rapazes, este nosso mundo vai acabar!...
- … O quê?!!!
- Deve ser um pesadelo… Dá-me um soco, Albino! Mas… Mas vai acabar porquê?
- Ó pá, Alberto, temos andado a ser espiados.
- Isso deve ser paranóia tua.
- Não, Albino. Antes fosse!... Fui intimado para ir hoje, às duas da tarde, ao todo poderoso Conselho de Oligarcas da Agregação de Todos os Mundos. Às duas menos um quarto já lá estava. A conta gotas, eles também foram chegando, de modo que às quatro e meia da tarde lá começamos a reunião. Que foi curta, muito curta. De modo assaz sinóptico e injusto, debitaram que nós poluímos; mais, que conspurcamos o Cosmos; mais ainda, que tencionamos desordená-lo… Como remate, uma injunção: “ Não poderá, caro senhor, empreender esforço de alegação, o que a seguir iremos comunicar-lhe, é decisão irrevogável. “. E continuou o porta-voz: “ Pelo dito, e por muito mais que da nossa parte ficará conscientemente por dizer, deliberou por unanimidade este Conselho proceder, num prazo que não ultrapassará as oito horas, ao corte definitivo de energia ao vosso mundo. Resolva-se!, pode sair. “. E mais não disseram, aquelas bestas. Nós desordenamos o Cosmos?!!!... Ignorantes! Nunca o Cosmos - e tantos que com autoridade a isso já se referiram! – deixara de ser, naturoparadoxalmente, um caos. Um caos ordenado, para o qual também nós contribuímos.
Não gostam da nossa merda… Julgam, sobranceiramente, que a deles cheira melhor. Mas, em termos de merda, o que é isso de cheirar melhor? Se é merda é merda; há mau cheiro, e quanto mais mau for o cheiro, mais genuína é a merda. Poderosos ignorantes…
Moços, temos alguns minutos para fugir. Daqui a nada é o nada!
- Mas para onde é que fugimos?
- Albino, sois livres. A liberdade também arrasta consigo as suas durezas, eu sei… Temos que tomar decisões, meu amigo. Esta, a que temos em mãos, é por certo a mais premente, difícil e delicada, mas tem que ser.
- Como vamos fazer?
- Alberto, ainda tenho mais uma má notícia para vós. É que muito embora possa, cada um de nós, escolher um novo mundo, não o podemos coabitar. Não nos querem mais juntos. Dizem os déspotas que, produzindo nós individualmente merda na quantidade (enorme) que eles viram e tendo conseguido sinergias como poucos, o monte (eles disseram montanha) que em poucos meses faríamos deixaria irremediavelmente perdido, em termos ambientais, qualquer mundo. De modo que é tragicamente assim! Vamos ter que partir sozinhos… com as respectivas famílias, claro.
- Mas como vamos fazer?
- Albino, isso é o mais fácil. Juntamo-nos às nossas famílias e sonhamos… Sonhamos muito. Assim que encontrarmos um mundo que nos agrade ou que pelo menos nos não seja hostil, só temos que verificar se já lá está um de nós. Se não estiver… É fácil, portanto. Difícil a valer é o termos que abandonar esta nossa já empática comunidade… E ainda por cima sem eu ter conferido energia suficiente aos vossos familiares. Peçam, por favor, desculpas por mim a essa boa gente.
Rapazes, temos que despachar-nos. Está a acabar-se o tempo… Amigos……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………, até um dia, num lugar com outro tipo de energia.
- É pá, ainda não acredito!
- Eu estou sem palavras!
- Despachem-se amigos. Isto vai apagar…
Mundo é mundo todos os dias, mas só se nele se verificar a existência de pensamentos e instintos. Caso não…
Vivam!




Carlos Jesus Gil

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


“ TRATADO DE LISBOA “

Vinte e dois anos depois da adesão de Portugal à C.E.E. (acompanhámos a Espanha neste processo… ok., e vice-versa), é assinado em Lisboa o Trado de Lisboa (um Tratado Reformador que, segundo muitos, não em menos que 90% corresponde ao rejeitado Tratado Constitucional Europeu, mas que, no entanto, reforma efectivamente o Tratado de Roma e o Tratado de Maastricht – paredes-mestras desta União. É, assim, de facto um Tratado Reformador.
E agora?... É necessário que todos os países o ratifiquem. Mas de que forma? Por uma via absolutamente representativa, tendo como protagonista o Parlamento, ou por via participativa, pondo canetas nas mãos do povo eleitor? Qualquer destas, digamo-lo, não fere o nosso Direito. Nem o nacional nem o comunitário. Bem, vou pedir a opinião dos peritos deste nosso mundo.
- Alberto?; Albino?
- Sim!
- Cá estou. É só chamares.
- Então é o seguinte: na vossa opinião, como deveria ser ratificado em Portugal o Tratado de Lisboa?
- Posso?
- Força, Alberto!
- Ó pá, eu penso que só referendando existirá verdadeira legitimidade. Não podemos esquecer-nos de que também a promessa de referendo a um novo Tratado Europeu concorreu para a vitória do Partido Socialista nas últimas Legislativas, que portanto foi também esse pressuposto que os levou ao governo… e com a almofada que se conhece. Para além desse facto, já em 2004 a Assembleia da República legitimara a opção pelo referendo, o qual só não avançou por a questão formulada se encontrar ferida de inconstitucionalidade.
Sou pelo referendo!
- Sim, sim… As coisas, politicamente falando, são um pouco mais complexas. Aliás, um muito. Façamos o seguinte exercício de raciocínio: o Tratado foi cá assinado, vai indelevelmente ficar associado a Portugal. É pá, sejamos agora ponderados e congruentes!... Em que posição ficará o país caso o próprio opte pela rejeição do Tratado?... É que, para nós, não se trata somente de mais um atraso no processo de integração europeia. É a nossa imagem que está em causa, rapazes.
Ora, ninguém nas maiorias (a do governo e a da oposição) irá permitir tal. Combaterão até à exaustão os eurocépticos de esquerda e de direita, fazendo uso de todo e qualquer instrumento eleitoralista, mas também, e de modo exacerbado e recorrente, de chantagem moral. Profetizarão catástrofes políticas, económicas (atenção aos fundos, bom povo!) e sociais. Enfim, se referendo houver, o povo acorrerá massivamente (sou um lírico do caraças…) às urnas, para que o mesmo seja validado; o povo votará sim. Será, todavia, um sim não convicto nem convincente, só comparável a uma confissão obtida por coacção… Desejam uma ratificação nestes moldes ou preferem que sejam os nossos representantes a fazer esse trabalho no Parlamento? Eles são os nossos delegados (embora por vezes não o pareçam, reconheço)!
- Não vou responder-te. Queria tão só a vossa opinião. Já a tenho.
- Ó Albino, tu pá… Às vezes…
- Chega, chega! Não pedi um debate, pedi, como já referi reiteradamente, opiniões.
- Seja, narrador socrático! Fiquem bem.


Carlos Jesus Gil

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


FOLGA


Hoje, o Alberto e o Albino estão de folga. E o narrador, exceptuando este bocadinho, também… Pois, seria imperdoável… Sporting 3 – Dínamo de Kiev 0. Spooooorting!


Carlos Jesus Gil

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


UMA RAPOSA NUMA CALDEIRADA



- Não pude, pá. Estive com os ouvidos no Parlamento; ora, vir para aqui sem os ouvidos não estava com nada, não é?
- Ah!..., hoje foi o Debate Mensal com o Primeiro-Ministro… Tens razão, é tua obrigação.
- Pois, mas é mesmo só por obrigação. É que rebento de indignação, tais são as barbaridades a que assisto em cada sessão. Aliás, mesmo fora destas. Daquelas bocas saem, não raro, excrementos muito bem embrulhados em papel de bombons.
- Mas, o que é que se debateu em concreto lá hoje?
- É pá, falou-se de Educação; de Segurança; de Desemprego… Falou-se, não se debateu; falou-se só, e de forma que muito emprego cria à falácia, mas que teima em deixar inactiva a idoneidade. Falou-se e ralhou-se.
Todos, mas todos mesmo, põem sempre o particular à frente do colectivo; todos, mas todos mesmo, à míngua de brasas, puxam as poucas existentes para as suas também poucas sardinhas… É humano, concordo! Não é, certamente, é eticamente aprovável em missões como aquelas a que escolheram dedicar-se.
Bem, mas no meio de tão grande e inquinada caldeirada, há um peixe que sobressai. Se não tivesse guelras e excluindo qualquer dos mamíferos aquáticos e não querendo ferir sem chumbo o animal, chamar-lhe-ia raposa. Uma Raposa numa Caldeirada!... O nosso Primeiro, pois está claro!
Ao espírito do supracitado dignitário, aconselharia (ao jeito de Santo Agostinho) que se alimente bem. Poderá começar, por exemplo – agora que, finda a árdua tarefa de presidir aos destinos da União Europeia, ficará com alguma disponibilidade -, pelo estudo da Estrutura da Ordem Jurídica. É bom que realize uma leitura cuidada da mesma e que apreenda tudo o que puder. Dar-lhe-á jeito (dará?) e é bom para nós, especialmente se dedicar atenção devida à sua segunda linha, aquela em que o Direito é chamado a institucionalizar limitações ao poder, a lembrar que arbitrariedades, demagogia, intenções déspotas encapotadas não são legais nem legítimas.
Aceitaria ele?
- Espero que sim, Albino. O homem é arrogante, não é burro.
-Pois, por isso mesmo. Aceitaria ele?
- Não pá. O tanas é que iria aceitar!...
- Alberto, também és um céptico do caraças… Olha, vamos mas é beber mais um copo. Ah, é verdade, e parabéns. Porto 2- Besiktas 0… Porto em primeiro lugar no grupo. É bom!
- Obrigado, narrador. Bebamos então!


Carlos Jesus Gil

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


O ALBERTO VERSEJA

- Alberto, estás por aqui?... Alberto?
- Desculpa, narrador! Estava aqui ao telemóvel com a Lenita. Ela está a fazer noite. Mas, passa-se alguma coisa, é?
- Não, não. Era precisamente de vocês que eu que queria saber. Correu bem o fim-de-semana?
- É pá, na maior! Há muito que não nos divertíamos tanto. E olha que nem sequer saímos de casa…
- Aííí!... Isso é que foi, hem!
- Do melhor. Não há nada como umas boas doses de transpiração para expulsar qualquer vírus…Mesmo bactérias… Mesmo toxinas…
- Estou feliz por vocês. Palavra de honra.
- Obrigado, meu amigo. Olha, por acaso não te importas que eu dê vida a um poema que escrevi ainda naquela fase crítica? A Lenita não se importa, perguntei-lho há bocado.
- Força com ele!
- Então aí vai:


MULHER SEM CULPA


Não tens mãos para me afagar
nem lábios para me beijar.
Não encerras em ti a virtude de indução de lembrança,
tranquilizadora lembrança que é não menos que bonança.

Não tens…
E no entanto és mulher completa;
e sem culpa;
dedicada e abnegada;
carinhosa.

Outras há, quiçá não inteiras,
culpadas mesmo, porém…

Impingem-se-me telepaticamente;
abreviam-me o regresso;
desvanecem-me as dúvidas;
pintam-me, de cores claras, o mundo.

Muito gosto eu de ti, mulher sem culpa!




- Alberto, está fixe pá. Muito porreiro…Estavas mesmo na fossa (como dizem os nossos irmãos de além-mar); hás-de ter passado das boas!
- Vá narrador. Deixemo-nos disso agora. Fica bem que eu também já estou.
- Pronto, adeus Alberto.


Carlos Jesus Gil

domingo, 9 de dezembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


II CIMEIRA U.E.-ÁFRICA 2


“ A cimeira foi verdadeiramente extraordinária… O seu resultado superou um impasse de muitos anos. “
- Assim se referiu à II Cimeira U.E.-África, a qual conseguiu reunir quase todos os líderes europeus e africanos em Lisboa, o primeiro-ministro e presidente em exercício da U.E., o portuguesíssimo José Sócrates. Queres que continue?
- Deixa-te de lérias e acaba o teu trabalho, Albino!
- Continuemos: Mas qual terá sido, então, o resultado assim tão positivo capaz de pôr fim ao dito cujo impasse de muitos anos?... Por exemplo, a Human Rights Watch não encontra qualquer decisão concreta emanada da cimeira. O Partido Comunista Português, por seu turno, diz que “ foram mais as vozes que as nozes “… Terão sido as parcerias económicas ( as negociações continuarão em 2008 )? Neste campo temos que o Senegal deixa a cimeira contra os acordos de parcerias económicas ( é claro que são raras as unanimidades ); o Fórum da Sociedade Civil diz que “ acordos são exemplo negativo “. Ah!..., só se foi o facto de Mugabe ter sido forçado a ouvir das boas da boca, por exemplo, da senhora Merkel. Claro, não é despicienda a atenção prestada ao Darfur. Mas terá sido ela suficiente? Hummmm!... Bem, regozijo-me com a atracção a Lisboa de movimentos sociais activos. É bom. E como nós estamos a precisar de desenvolver essa vertente!... Umas acções de formação na área vinham mesmo a calhar.
Ora, o facto de a União Europeia desejar um novo e mais justo relacionamento com África e fazer votos para que o colonialismo seja enterrado ( mas ainda existe colonialismo europeu em África?!... Pois, se calhar… ) de vez, é excelente. Há é que ter em atenção que este enterro requer cerimónias singelas mas não triviais. Exige profundidade, em termos literais e de espírito.
Para Sócrates, homem vaidoso que tudo move para que um dia os historiadores dele falem e os alunos nas escolas respondam a questões ( se ainda existirem testes nessa altura ) a ele referentes, foi profícua ( e então com a assinatura do “ Tratado de Lisboa “… ). Portugal consolida a imagem de país hospitaleiro ( o pessoal foi bem recebido; mordomias não faltaram ); reforçou também, penso não existirem dúvidas, o seu currículo de organizador de eventos.
É sempre útil uma Assembleia desta natureza. Contudo, como dizia ontem, se almejamos efectivamente o desenvolvimento de África, não podemos olhar para o continente apenas como a terra das matérias-primas baratas e um mercado para os nossos produtos ( até porque pobres, nunca se tornarão no mercado que almejamos e precisamos ). Mas não podemos nós europeus, nem podem os americanos do Norte nem o Japão nem a China nem a Índia…
Paremos com as dádivas de peixe, ensinemos a pescar! É uma frase mais que feita, porém, para o caso não encontro melhor. Fiquemos por aqui.
- Ok, tu é que sabes. Fica bem, Albino!
- Adeus, narrador!


Carlos Jesus Gil

sábado, 8 de dezembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM...


II CIMEIRA U.E.-ÁFRICA


- … Então agora está tudo bem, não é?
- Está pá. Felizmente, tudo não passou de um grande mal entendido.
- Pronto, ainda bem. Alberto, aproveitem o fim-de-semana, tá? Vou dar aqui um trabalhito ao Albino, coisa que não lhe ocupará, por certo, muito tempo.
- Ok., pá. Fica bem e dá cumprimentos ao Albino.
- Serão entregues. Chau.
Ó Albino?... Albino?
- Chamas, narrador?
- Sim, podes dar aqui um salto?
- Se é para saltar posso fazê-lo aqui onde me encontro… Correndo, é óbvio, o risco de me chamarem tolinho.
- Vá, deixa-te de brincadeiras. Podes vir aqui ou não?
- … Homem que narra é melhor que homem que marra!
- Que disseste, Albino?
- Nada, nada. Estava aqui a palrar com os meus botões… Então não sabes que estou a acompanhar a Cimeira União Europeia- África?
- É mesmo sobre isso que gostaria de conversar contigo. Preciso que digas algo de tua justiça acerca de.
- E para quando?
- Para ontem!
- Ó pá, já tenho matéria para uma curta análise, se quiseres…
- Quero, claro que quero. Este nosso mundo carece de nutrientes.
- Então vamos lá: pois, como toda a gente sabe, começou hoje em Lisboa a II Cimeira U.E.-África. No discurso de abertura dos trabalhos, José Sócrates, presidente em exercício da U. E. (mas que sonho realizado!...), defendeu que Portugal é a “ ponte perfeita “ entre a Europa e o continente africano. Disse ainda, o senhor presidente, que “ nas relações entre a União Europeia e o Zimbabué, a grave situação neste país não permitiu a convocação de uma segunda Cimeira mais cedo “. Mais, disse Sócrates agora em jeito de solenes promessas: “ o diálogo entre os dois continentes será entre iguais “; “ os Direitos Humanos serão tema central da cimeira “; “ não temos mais tempo a perder. É o momento para construir novas soluções para os dois continentes “; … um desafio para escrever em conjunto uma página nova nas relações entre os dois continentes “; “ grave situação, a que se vive no Darfur “; “ os Direitos Humanos são património universal “; “ esta cimeira faz-se a pensar nas gerações futuras dos dois continentes “.
Lindo! Mesmo brilhante e politicamente exemplar… Vamos acreditar que as palavras ditas correspondem a desígnios sérios? É com cada um!... Se continuarmos a olhar para África como fonte de matérias-primas e mercado para os nossos produtos, por seriíssimas que sejam as intenções não será logrado qualquer dos desígnios explícita ou tacitamente apontados. Tenho para mim!
- Pronto. Ficamos assim, por hoje. Olha, cumprimentos do Alberto.
- É verdade, como é que ele está?
- Está bem. Parece que as coisas se recompuseram.
- Ainda bem. O que eles têm mais é que se entender.
- Pois. É isso. Vá, fica bem.
- Tu também.




Carlos Jesus Gil

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM...


COMO ELES NOS VÊEM

A série Alias é de excelência. Ficção de qualidade elevada, das poucas coisas boas que passam na televisão generalista em Portugal.
Criada por J. J. Abrams, a série retrata magistralmente o sofisticado e inteligente mundo da espionagem, um mundo de profusas ramificações onde todos desconfiam de todos. Sou fã!
O episódio desta noite deixou-me um tanto indignado. Só por isto: uma das missões “impossíveis” exige uma passagem por Portugal. Numa viagem de comboio, Sydney Bristow, a bela protagonista, conjuntamente com um colega agente tentam veementemente que o pica lhes permita o acesso a determinada área do comboio que, à partida, lhes está legalmente interdita. Em inglês, o portuga lá vai explicando que não, que o que pretendem não é possível. De tão instado ser, o nosso patrício – que afinal não o era. O actor, claro! – responde meio irritado, num português carregado de sotaque – não teriam dinheiro suficiente para contratar um verdadeiro actor português, ou os nossos não têm qualidade nem sequer para fazerem de revisores de comboio? -, que não dá.
É então que do bolso do expedito agente surge um apetecível punhado de euros… Aí já dá!
É assim que aquela rapaziada nos vê? Uns miseráveis profissionais do suborno?!
Bem, não vou generalizar. Pode muito bem ser que sejam só os E.U.A. a terem-nos nessa conta (hummmm!). Aquele país cujo presidente até considera um desperdício o dinheiro que despendem com o ensino do português.
Não fosse tão tarde (cinco da manhã) e convocaria o Alberto e o Albino.




Carlos Jesus Gil

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


AS DÚVIDAS DO ALBERTO


- De maneira que aqui estou na maior das aflições.
- É pá, ouve lá! Não achas que estás a exagerar?
- A exagerar, eu? Antes estivesse., aliás, rezo para que a visão que tenho disto transborde de exagero e de preocupações infundadas. Mas não, caro amigo.
- Então mas só pelo facto de ela fazer noites com grande frequência?
- Por esse, por um outro que passa por um cansaço permanente – quando a abordagem se dá -, por outro ainda que se manifesta no seu não enraizado mau humor. Albino, têm-se passado muitas coisas estranhas. Ela não era assim, de todo!
- Acho que deves ter uma conversa sincera e hipocritamente calma com ela.
- Pois, tenho andado a adiar mas vai ter que ser… É pá, e se ela me diz que sim, que é efectivamente verdade, que anda a ser objecto de picada de enfermeiro? É do caraças! Não sei qual irá ser a minha reacção, e esta tem sido a razão deste protelamento em pôr tudo a limpo.
- Olha, queres contratar um detective?
- Tás tolo?! Eu dou-lhe o detective…
- Já estou a começar a não gostar dos teus indícios de comportamento. Vê lá se és racional. Compreendes a sociedade como poucos, conheces o mecanismo dos fenómenos – sim, não me olhes assim…, que destes também estás por dentro -, conhece-la bem a ela… Só tens que adoptar a abordagem certa e avançar.
- Pois, é fácil quando se está na bancada, não é? Eventualmente até conheço bem estes meandros; serei, até, não tenho grandes dúvidas, um excelente analista de casos quejandos, mas isso é quando o papel principal é desempenhado por outro actor. Já agora, qual, no teu entendimento, é a abordagem certa?
- Ó pá, Alberto, já aqui te falei dela. É, forçosamente, uma abordagem eivada de calma - ou calma fingida, também pode ser -, que não descure a fria lógica das coisas. Não tens que anular o factor emocional, não! O que não podes é deixá-lo, qual ditador, dominar hegemonicamente o teu discurso e a tua performance de gestão das coisas internas. Olha, vamos é beber mais um copo. Ó garçon, por favor mais duas coisas destas… com muito gelo, que o ambiente aqui aqueceu muito.
- Olá!... Isso é que é dar-lhe, hem?
- Então, tudo bem, narrador?
- Olá chefe!
- Tá tudo porreiro. Andava à procura do Alberto, e o Guedes, aquele da livraria Calhamaços e outros, disse-me que ele estava aqui contigo.
- Pois não te enganou!
- Passa-se alguma coisa, narrador?
- Passa sim, Alberto. É pá, a tua esposa ligou-me a pedir-me “um grande favor”. Anda preocupada contigo; diz que lhe falas sempre com duas pedras na mão e que não és o mesmo de há uns dias a esta parte. Resumindo: pensa que tens uma amante.
- Essa agora!... Estás a topar, Albino? Então eu agora é que ando para aí a dar umas escapadelas?!
- É pá, isso só prova que é tudo falta de comunicação.
- Mas…, do que estão vocês a falar?
- Narrador, o Albino anda muito triste, mesmo deprimido, porque julga que a mulher tem um amante lá no hospital. Chamou-me para beber um copo e saber a minha opinião acerca de.
- Então há aí confusão, e da grande, mas, a meu ver, não passa disso.
- Pois, é o que eu acabo de dizer. Muito trabalho, falha nas comunicações, a cem à hora p’ra todo o lado… Uma combinação que resulta sempre em complicação.
- Espero que vocês estejam certos!...
- Vais ver que é isso, ó Alberto.
- É, meu amigo. O grande recife não passa de um pequeno escolho originado pelas exasperantes circunstâncias com que temos que lidar diariamente. Cabe-nos adquirir as competências para lidar com as situações, saber distinguir uma Sagres de uma Super bock, a bem de um caminho menos sinuoso. Liga à tua mulher e vão jantar fora. É o meu conselho.
- … Faz isso, Alberto.
- Pede aí a conta.
- Vai-te embora que eu pago. Bebes alguma coisa, narrador?
- Bebo uma imperial.
- Ainda aí estás? Vai-te, Alberto!... Arre!
- … Pois estas coisas são …




Carlos Jesus Gil
06/12/2007

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


O EGOÍSMO NACIONALISTA NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS


- Malta boa?...
- Sim, narrador.
- Chamaste, grande amigo?
- Chamei sim, Alberto. Quem me pode elucidar sobre um fenómeno humano, no âmbito das Relações Internacionais, designado corrente neo-realista?
- Possivelmente o Albino, não achas?
- Sim, também estava a pensar mais nele para esta tarefa, mas como tu és versado em tantas matérias…
- Sinto-me deveras lisonjeado! Sei de facto umas coisitas de muitas coisas, agora saber a sério…, isso só mesmo dos assuntos da minha área.
- Vá, não estejam com tergiversações. Eu posso discorrer um pouco sobre o tema. Ou estarás outra vez com tiques de menosprezo por mim?
- Ó homem, nunca te vi como ser menor. Aliás, em coisas várias até te considero bastante acima da média.
- Por exemplo…
- Como resmungão… Brincava. És um comparsa como poucos; uma pessoa com enorme sentido de humor e, sem dúvida alguma, um excelente analista político. É esta esfera que pretendo que roles aqui com grande frequência. Vamos à tarefa d’hoje?
- Na boa, pá. Vamos lá: ora, o neo-realismo nas Relações Internacionais é uma corrente doutrinária pessimista que vê os Estados como entidades egoístas, interesseiras, impossibilitando, com essa visão pessimista, uma verdadeira comunidade internacional.
- Ah! Compreendo. Será ela a responsável por esta des-União Europeia?
- Receio bem que sim. Puseste um dedo na ferida e carregaste com força. Não tenho dúvidas de maior quanto ao papel dominante desse pensamento político em todo este processo. Olha a relevância que dá ao Tratado de Lisboa o primeiro ministro britânico: anunciou hoje que não virá a Lisboa à cerimónia da sua assinatura. Não é que faça cá falta alguma, desde que delegue em alguém a responsabilidade da assinatura, mas é cá uma falta de consideração!... Enfim, é a marca desta União de Tratados feita e que com Tratados se arrasta.
- Talvez se existissem extra-terrestres e se eles fossem mais poderosos e mais bélicos e nos invadissem…
- Pois, talvez aí sim!
- Querem saber uma coisa?... Não discordo de vocês.




Carlos Jesus Gil
05/12/2007

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…

O ALBINO IRRITA-SE

Ontem à noite, estava eu em casa a pinar, portanto a meter o pin no telemóvel, quando nisto toca o telefone fixo. Era o albino, notoriamente indignado, mais, verdadeiramente exasperado. Aqui fica um pequeno trecho que bem ilustra o sucedido:
“ Sim, quem fala?”, “ É o Albino “, “ Olá Albino, estás bom? “, “ O caraças, é que estou bom!... Mas o que é que é isso? Primeiro dás-me folga sem que eu t’a tenha pedido; depois convocas o amigo Alberto e eu que me … É pá, só me apetece dizer asneiras! Estou a ser preterido, é? “, “ Ó Albino…”, “ Não, pá, não me venhas com coisas. Acho que estás arrependido de me pores neste mundo… “, “ Ó Albino… “, “ É pá, deixa-me falar!... Ou desabafar, pronto. Se queres ver-te livre de mim, é fácil: bas-ta-di-ze-res-me, tá?, “ Ó Albino… “, “ Porra, deixa-me desabafar, pá! Tenho sido algum pária neste mundo, é? Não te compreendo, pá… É que desde o princípio do mundo que sinto ser apenas e tão só – e tão só, sim! – um enteado. Enchi, pá. Mais uma gota, e transbordo. “, “ Albino… “, “ Fala, pá. Se que falar, fala. Acabei. “, “ Albino, se tivesses tido um pouco mais de atenção, não só saberias que poisámos aqui ontem, sim, mas que quem o fez primeiro foi o Alberto. O nosso amigo escreveu um pequeno conto de Natal, penso que pelo facto de estarmos em Dezembro, deu-o a ler à esposa, que gostou, e resolveu dar-lhe luz. Apercebi-me que eles estavam cá, já o casal dialogava. Sabes bem que qualquer ente deste nosso mundo é autónomo ( será que é?... Bem, desta dúvida não lhe dei notícia ). Não sabes que podes entrar ou sair de cena quando bem entenderes? Entendidos? “, “……… Ok, pá. Desculpa. Estava um bocado irritado, mas já está a passar. “
E passou. Passou-lhe efectivamente a irritação. Tanto que sugeriu de imediato a realização de uma curta análise de um facto político na ordem do dia: “ Olha, achas que posso comentar …………………….”, “ Claro, força! Mas não dês seca!... Estava a brincar. “, “ Então aí vai: A Câmara Municipal de Lisboa deve muito; todas as câmaras municipais devem muito. Até aí… O caso, que o houve, é que António Costa, o seu presidente, faz tensão de pagar as dívidas o mais rápido possível. Deseja um saneamento financeiro da câmara (mas quem é que não?... Se às vezes – quase sempre – não se metessem em alhadas era bem melhor para todos.). Para tal, necessita no imediato de 500 milhões de euros, portanto de contrair um empréstimo naquele montante.
O executivo camarário aprovou; a Assembleia Municipal, de maioria PSD, recebeu indicação das cúpulas do partido para não viabilizar a contracção do empréstimo. Ora, António Costa, feroz tubarão de há bastante navegante nestas águas, não demora a dar a sua dentadinha de aviso mas já a fazer sangue. Caso a Assembleia Municipal inviabilize o empréstimo, haverá renúncia…
Bem, pediste que fosse breve, não me vou alongar. Temos que nem a Câmara de Lisboa vai cair – não me refiro à acepção literal do termo, que não sou nenhum astrólogo, e depois porque ninguém pode dizer que dessa água jamais beberá -, nem o PSD é tão peremptório como quis fazer passar. Não aprova o empréstimo dos 500 milhões, mas viabiliza um de 400 milhões. Opta pela abstenção, pois tá claro!
Eles têm cu, logo têm… “
E foi isto.

Carlos Jesus Gil
04/12/2007

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


MICROCONTO DE NATAL



- Lenita?
- Sim, amor.
- Leste o conto de Natal que escrevi ontem? Deixei-to em cima da mesinha de cabeceira.
- Li, está muito bonito… transmite espírito natalício. Subentende-se uma omnipresença do valor família.
- Então gostaste!... O que é que achas, devo ou não libertá-lo?
- Claro que sim! Deixa-o viver.
- Mas… e se o narrador levar a mal?
- Isso não vai acontecer. Às vezes chego a pensar que me saíste cá um coninhas do caraças… Sê afoito!, o que é que o ditadorzito te poderia fazer? Ele vai gostar, mas caso não, que mal te poderia causar?
- Poderia, por exemplo, nunca mais me convocar!
- Não não… Não vês, até pelo que se está a passar hoje, que já és autónomo? Esqueces-te que a partir do momento em que o dito cujo nos criou, já somos.
- Tens razão. E depois ele vai gostar. De certeza!
- Vai sim, homem. Força com isso. Acende a luz!...
Seja:


O PRIMEIRO NATAL


MICROCONTO DE NATAL


Era dia vinte e quatro de Dezembro. Mafalda, uma menina de nove anos, fora com Teresa, empregada doméstica em sua casa, fazer as compras de Natal.
As ruas da baixa lisboeta estavam uma confusão, era um “mar de gente”… Mafalda, que resolvera enfrentar o frio agasalhando-se bem, deixara, inadvertidamente, cair o cachecol que lhe pendia do pescoço. Intuitivamente larga a mão de Teresa para apanhar o cachecol.
… Teresa não sabia o que fazer, foi uma questão de segundos!...
Mafalda chorava; para trás, para a frente, para os lados. Estava sozinha…na multidão!
Ao cabo de uns minutos, um vadio esfarrapado, um verdadeiro andrajoso, um “mete-medo-às-criancinhas”, aproxima-se de Mafalda. Esta não foge!
- O que tens, minha linda?
- Perdi-me de Teresa, a minha empregada.
- As palavras saíam-lhe da boca sem lágrimas por companhia, cada vez mais calmas à medida que ia tomando consciência que, por absurdo que parecesse, aquela situação não lhe era de todo estranha. Sempre estivera só, no meio de gente, mas só!
- Então os teus pais?
- O meu pai deve estar a chegar de Madrid, tem lá negócios. A minha mãe é advogada e também chega sempre tarde. E tu, onde vives?
- Eu?, eu vivo por aqui, nas ruas.
- Não tens casa?!
- Tenho, tenho muitas, em cada rua tenho uma.
- Onde vais passar o Natal, velhinho?
- Sozinho ou com os meus companheiros, numa das “nossas casas”.
- Deixa-me passar o Natal contigo.
- Não, vou levar-te à polícia, eles levam-te a casa.
- Não quero, em casa tenho muitas prendas mas não tenho Natal.
- Pois é, os pais de hoje dão coisas em vez de afectos!...
Mafalda passou a noite a partilhar as “iguarias”, a fogueira e os cartões dos vadios, mas teve Natal… O seu primeiro Natal.


- Isso mesmo!...
- … Sim senhor, muito bonito!; grande sensibilidade. Gosto, tinhas razão, ó coninhas, gosto de verdade.
- Estavas a espiar-nos, meu velho?
- Senti-vos, e fiquei-me a apreciar-vos. É engraçado, palavra!
- Espero que não faças o mesmo quando estivermos na cama. Ou já fizeste?
- Bem que já pensei fazê-lo…, mas não, pá. Fica descansado. Não sou nenhum pervertido. Já agora - esta é para a tua mulher -, também não sou nenhum ditadorzito. Ditador?!... Só se fosse zão!
Vá, fizeste um bom trabalho. Fica bem! Beijinhos, Lenita.
- Desculpa aquilo de há bocado, narrador!
- Tá tudo bem, vão descansados.
Mesmo jeitosa, esta enfermeirinha. Se o tema que os trouxe cá não fosse tão venerável, era capaz de deixar aqui umas ideias assim a modos que para a sacanice. Cala-te boca!





Carlos Jesus Gil

domingo, 2 de dezembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


FOLGA


Hoje, exceptuando este tempinho, o narrador está de folga. E o Alberto e o Albino também.




Carlos Jesus Gil

sábado, 1 de dezembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


MÉRITO E FAMA


- Hoje, gostaria de dissertar um pouco acerca do mérito e da fama.
- Narrador?
- Sim, quem me chama?
- Sou o Albino, pá.
- E então, o que pretendes?
- Tão só conviver um pouco contigo e com o Alberto!
- É lá! Chamaram-me?
- Não, Alberto. O Albino, interrompendo-me, devo frisar, apenas proferiu o teu nome. Nem ele te chamou, embora o desejasse, pois apetece-lhe conversar, nem eu te convoquei. Para ser sincero convosco, hoje não dá. Ide tomar um copo a qualquer lado, como, aliás, fizeram um dia destes sem me passar cartucho. Apetece-me discorrer um pouquinho sobre um tema assaz importante e, como tal, seria bom não ser interrompido. E depois, se quisermos ser sinceros, nos últimos dias este mundo não tem correspondido à sua genuína designação. De facto, temos vivido “ E o Narrador Também… “, e não o contrário, tal tem sido a intensidade e a densidade com que vocês o têm ocupado e o exíguo espaço que me têm deixado! Adeus rapazes!
- Pronto, tu é que mandas…
- Pois, ele é que manda... Vamo-nos daqui!
- Vá, não levem a mal! Ei, ei… Já vão chateados. Paciência, hoje não dá… Aquilo passa-lhes.
Bem, vamos lá então:
Não devemos confundir mérito com fama. Os media não promovem a famoso só quem tem mérito – entendamos mérito raro, porque quantos e quantos, sendo excelentes no que fazem, sabem que jamais lograrão alcançar a fama? O mérito raro sim, pois constitui-se, legitimamente, num bem raro susceptível de grande apreço, logo uma porta aberta para a glória, notoriedade… para a fama.
Ao usar glória e notoriedade à guisa de sinónimos de fama, estou a roçar o ridículo, pois a boa fama pode comummente ser lida como glória, notoriedade, porém, não esqueçamos, também existe quem seja famoso por vis e ignóbeis razões. A comunidade de que somos sócios, cultivando o imediatismo, suscitando e acicatando a necessidade de egos titânicos, entronizando os media, redunda no paradoxo: sujeitos banais aparecem, promovidos, a proferir trivialidades ou a exibir dotes perfeitamente vulgares… Sim, é efémera a exposição dos sujeitos, sabemo-lo, mas não a da banalidade.
O comezinho, enquanto simplicidade, tem lugar, não o rejeito, muito pelo contrário; alimenta saudavelmente o essencial lazer, quando este se deve traduzir num espairecer; as banalidades não, ganhemos mioleira!
Com frequência elevada a fama confere estatuto superior, robustece curricula, confere poder. Dá para entender, ou melhor, dá para aceitar?!
Fama e celebridade são coisas diferentes. Tenho para mim!


Carlos Jesus Gil

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


30 DE NOVEMBRO DE 2007 – GREVE GERAL DA FUNÇÃO PÚBLICA


- Pois, amigo Alberto, só causando transtorno, montes de transtorno, as greves surtem os efeitos desejados pelos trabalhadores.
- Tens razão, é por isso, por exemplo, que as greves dos maquinistas da CP costumam aproveitar as quem as realiza. A malta fica mesmo à nora quando os comboios param. E depois, já se sabe que ninguém cede a cem por cento, nem lá perto, por isso se leva para cima da mesa o que é verdadeiramente fundamental conseguir, juntamente com algo que poderemos classificar de direitos acessórios.
- Há mais, Alberto, diz-nos a experiência que greves de apenas um dia não causam mais que pequenas beliscaduras nos governos. Alguns membros dos governos, ou mesmo todos, até devem rir de gosto com os pré-avisos de greve de um só dia. É transtorno mínimo para o povo em geral e para a economia, claramente despiciendo em termos políticos… a não ser que elas se sucedam com frequência elevada. Aí…
- Pois é, Albino, queres tu dizer que só uma recusa legal ao trabalho por tempo indeterminado leva aos desígnios da malta assalariada.
- Claro. Só dessa forma.
- É pá, mas isso não se adequa ao perfil das contas bancárias dos nossos trabalhadores. Então como é que um trabalhador da nossa praça, excluindo algumas dúzias de privilegiados, pode aguentar mais que um ou dois dias sem trabalhar?... Os tostões estão contadinhos…
- Alberto, é altura de os - demasiados - sindicatos despenderem energias e meios numa solução idónea. Por exemplo, bem que poderiam apelar aos associados com dificuldades menos agudas, uma quotização extra, temporária, criando por esse meio um fundo que possa assegurar aos trabalhadores mais carenciados um pecúlio que lhes permita uns dias sem ordenado oficial.
- Isso é, de facto, uma solução. Difícil, convenhamos, mas possível. Com a greve a durar, o transtorno atingirá o ponto rebuçado – elevado grau de azedume -, o povo, até então contra os irmãos grevistas, sairá à rua; a multidão engrossará e o governo outro remédio não terá senão ceder.
- Parece demasiado lírico e idealista, mas realmente também não vejo outra solução.
- Então, rapazes, de que falam?
- Olá narrador!
- Tudo bem, criador?
- Olá pessoal!... Criador?! Só se for de galinhas. Mas do que falavam?
- É pá, falávamos da greve geral de hoje.
- Bom tema. Cada vez me orgulho mais de vocês.
- Olha, olha, sabias que ele sentia orgulho por nós, Alberto?
- Já desconfiava!...
- Vá, não brinquemos com coisas do foro sentimental! Mas sim, fizeram muito bem em debater tão importante tema.
Narrador, nós preocupamo-nos com a sociedade. Estas coisas, até pelo dever profissional, não nos passam ao lado.
- Certo, podem continuar. Vou ter que ir embora. Tenho um jantar com uma cachopa que é uma loucura. Não quero atrasar-me.
Aí, sortudo!...
- Porquê, só vocês é que merecem, é?
- Não. Estava a brincar. Vai lá! Olha, até eu vou embora. Está a fazer-se tarde, o que achas, Alberto?
- Sim, por hoje chega de paleio. Vamos à nossa vidinha. Chau pessoal!
- Até amanhã… ou não!
- Adeus rapazes!
Estes caraças foram-se embora sem abordar a questão da disparidade nos valores de adesão apresentados pelo governo e pelos sindicatos… Pois, tem sido uma constante. Já não causa qualquer espanto, ainda que as diferenças sejam abissais. O Alberto e o Albino conhecem muito bem a raiz do problema, sabem que ela reside na qualidade das lentes de uns e doutros.



Carlos Jesus Gil

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


PALANQUE


- Narrador, podes convocar o Albino ?
- Ó pá, assim como entraste sem a necessidade do meu consentimento –o que de resto não fora a primeira vez-, também o Albino o poderá fazer. Olha, já que cá estás, convoca-o tu.
- Ok… Albino, tens um tempinho livre?
-… Olá Alberto! É pá, tenho. Precisas de alguma coisa.
- Sabes, Albino?, ontem fui para casa com a nossa conversa teimosamente nos ouvidos. É que, realmente, a ânsia de poder tolda as consciências… assim como o seu exercício as transmuta. Vai daí, lembrei-me de um poema que, à guisa de ornamento, inseri num trabalho que realizei no âmbito da Sociologia das Promessas… Eleitorais. Gostaria que ouvisses!
- Força; vamos a isso!
- Aqui vai:




PALANQUE


É o reino do verbo;
da verborreia;
do diferente que é igual.
O palanque aguça o nervo,
leva mesmo à apneia,
assombroso festival!


Galos por um poleiro,
o mais alto, que é melhor;
galinhas por um qualquer.
Que ter poleiro é porreiro
e não o tem só o sabedor,
que o fútil o pode ter!


Que há-de ser dos pintainhos?!:
viver rasteiros no chão?;
dizer sim, mas nunca não?...
Tenho para mim que não!
Usemos nosso bastão!,
calemos esses mesquinhos!




- É pá, Alberto, tá fixe, meu!
- Gostaste?, sinceramente?
- Gostei, pá. Está demais…
- És mesmo amigão, pá. Porque isto não passa de merda…
- Claro que sou teu amigo! E tu, tenho a certeza, também és meu. A propósito, gostaria de te pedir desculpa por, naquele dia do reencontro no Algarve, não te ter respondido logo. É que, pá, nós já não nos víamos há cerca de quatro meses… e, ao contrário do que o narrador fez parecer, nós na altura nem éramos amigos. Apenas tínhamos convivido por duas vezes, porque temos amigos comuns; éramos conhecidos. Ao princípio nem me lembrei do teu nome, só depois me veio à tola. Desculpa, tá? Ah, mas a propósito da poesia gostei mesmo.
- Fico contente. Muito, até. Já agora, não precisas de pedir desculpa pelo episódio do Algarve. Olha, vamos tomar um copo, pode ser?
- Claro que sim. Isso é que é falar… Convidamos o narrador?
- É melhor não. O gajo às vezes é um chato do caraças! Bem, ultimamente não tem sido. Ainda assim, hoje vamos só os dois.
- Como queiras…
… Aquilo é que aqueles dois me saíram cá uns…




Carlos Jesus Gil

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


CONVERSANDO


- Albino, Alberto… apareçam!
- Sim, narrador; - cá estou, meu amigo.
- Moços, discorram – não sejam prolixos, para a rapaziada leitora não secar – sobre esta coisa de o Governador do Banco de Portugal sustentar que ainda é cedo para uma redução na carga fiscal, enquanto que vozes no governo a defendem já para 2009.
- É pá, se quiseres posso fazê-lo sozinho. Estou bem por dentro do assunto.
- Acredito, Alberto, mas creio que o Albino estará, mais do que tu, a jogar em casa. Digamos que, no assunto que vos proponho, tu és o visitado mas jogas em campo emprestado, enquanto que o nosso amigo Albino está de facto a jogar em casa.
- Mas, afinal o que é que faz o Albino na vida?
- Posso, narrador?
- Força, Albino.
- Alberto, não costumas ver telejornais ou assistir a debates políticos na televisão?
- Vejo, sempre que posso. Não perco um, desde que me seja dada essa possibilidade. Mas porquê?
- Nada, nada… É que eu nunca intervim em nenhum. Era só para saberes.
- Tá, obrigado pela informação, mas estamos na mesma. O que é que fazes, homem?
- Sou politólogo, meu caro. E de renome. Colaboro com a imprensa e com a rádio… Televisão, nada! É pá, não é por falta de convites, mas… acho que não fico bem na televisão, pronto!
- Muito bem, Albino. É uma área engraçada, sim senhor. Temos muito que conversar; podemos até fazer estudos em conjunto.
- Porque não? É só algo pôr-se a jeito. E termos disponibilidade, claro.
- Moços, já vai sendo tempo de marcarem uma jantarada com as respectivas esposas. Sempre dá para pôr a escrita em dia.
- Acho que tens razão, narrador. Então ele também é casado? Foste um gajo porreiro para nós, mesmo bacano.
- Amigos, já vos disse que me limitei a caçar o que por aí andava. Sim, cacei sem dificuldades de maior uma bela mulher para o Albino. Tarefa facilitada pelas qualidades do rapaz. Se fosse um pária qualquer, ou mesmo específico, a coisa já se tornaria mais difícil… talvez impossível. Bem, vais ter oportunidade de conhecê-la. Está nas vossas mãos marcarem a comezaina. Agora, se não fosse grande o incómodo, diziam qualquer coisa sobre o assunto que aqui nos trouxe hoje, tá?
- Vá, fala Albino. Na verdade estás mais em casa do que eu.
- Vamos lá então. Digam-me uma coisa, não foram desmarcadas as eleições legislativas de 2009, pois não?
- Claro que não! Por alma de quem?!
- Então está tudo aí: é política!
- Mas… só isso?, só te ocorre isso?
- Não, ocorre-me muito mais, mas para quê inflacionar o texto, se isto basta? É política, pá. A perpetuação do poder começa a ser gizada desde o início do mandato. Governa-se um país gerindo um governo; gere-se um governo em nome de um país, acredito, mas também, e não em dose despicienda, em nome do poder… da comandita, sim. É política!
- Tens razão, não é preciso mais.
- Então, está tudo dito?
- Sim, por mim está.
- Também sinto que sim. Não vejo o que acrescentar à explicação do Albino.
- Fiquem bem, rapazes!
- Adeus, narrador!; - até sempre, narrador!
- Chau, Albino!
- Até um dia destes, Aberto!




Carlos Jesus Gil

terça-feira, 27 de novembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM...

METEOROLOGIA


Cá dentro, atmosfera londrina; fora…, libertação no azul sozinho do céu!
- Que devaneios são esses, caríssimo?
- Olá Alberto, tudo bem?
- Sim, estou óptimo. O que é que se passa?; que discurso era esse?!
- Oh, nada, nada. Estava pr’aqui a falar comigo. Acontece-me não raro.
- Estás triste, é?
- É pá, triste e indignado… com o fado do Sporting. Então não é que mais uma vez perdemos de forma assaz inglória?!
- Camarada, perder envolve sempre inglória.
- Não, discordo. Há derrotas e derrotas!... Quando não existem argumentos ou não se faz por isso, a derrota encaixa. É um elemento da obra. Agora assim?!... E depois há outra coisa, é pá, uma equipa que está a ganhar a maior parte do tempo, que o Manchester só empatou por volta do minuto sessenta e um, não merece perder. Que se consiga outra designação e outro estatuto, mas derrota não. Durante o tempo de jogo, os noventa mais os quatro minutos suplementares, os ingleses só estiveram à frente cerca de dois minutos. Não pode apenas existir vitória, empate e derrota. Exige-se a existência de uma outra condição… que, obviamente, seria a do Sporting hoje.
- Moço, não está mal pensado, de facto. Mas é complicado, não achas?
- Não é fácil, não. Exige abastada reflexão. Mas, e tu, estás contente?
- Contente com quê?
- Com a derrota dos leões?
- É pá, acho que não.
- Achas que não? Então não tens a certeza?!
- Sabes que isso depende sempre do clube a que pertencemos. Aqui é assim; e pelo que me é dado a perceber, o mesmo se passa noutros países. Esta não é uma particularidade nossa. Bem, esta minha incerteza prende-se com o facto de não saber se gosto de futebol e, a gostar, qual o meu clube. Não me definiste neste domínio.
- Desculpa, defini-vos no essencial. Tu e o Albino já são! Se gostam ou não de futebol, isso é convosco. Não tenho absolutamente nada a ver com isso, nem tal se me mostrou.
- Claro que gosto de futebol, mais, adoro!... Já que posso escolher, nem penso vez e meia, sou portista.
- E o Albino?, já agora vamos ver como é que é com ele. Ó Albino?
- Sim narrador!
- Desculpa lá, que camisa clubistica vestes na praia, se é que gostas de futebol?
- Então não se vê logo?... Sou do Benfica, claro! E tu, narrador; e o Alberto?
- Eu sou sportinguista e o Alberto é do Porto.
- … Chato, o que se passou hoje em Manchester. O Sporting não merecia…
- Falas a sério, Albino?
- Claro que sim. Se fosse o Porto…
- Também digo o mesmo, narrador. Agora que tenho consciência que sou portista, estou triste por o Sporting ter perdido. Se fosse o Benfica…
- Fiquem bem rapazes!...
- Adeus narrador; - Até à próxima, narrador!
Ainda agora aqui chegaram, digo eu, e já se encontram impregnados de natureza humana… Porra!, o que quero eu? De que forma haveriam eles de ser?! Natureza humana, sim…, a inerente racionalidade – se o rival perder fica menos forte… - e a emoção que devem ser postas em todas as coisas. Em simultâneo sim!... Não, não é um paradoxo, é natureza humana.




Carlos Jesus Gil

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


VAMOS LÁ AO ALBINO!

- Ó Albino!...
- Sim, narrador. É pr’a hoje?
- Se te referes à tua indefinida situação, sim, é pr’agora. Desculpa, mas no outro dia já não dava. Fez-se tarde, e eu também tenho a minha vida… Compreendes?
- Estás desculpado, pá. Tenho andado aqui com uma ansiedade do caraças, mas eu entendo perfeitamente que não te tem sido possível ocupares-te do meu mundo.
- Se pensas, Albino, que a dita cuja te vai abandonar só porque te vou enquadrar num normal quotidiano, estás enganado. Pode até acontecer, e eu vejo nisso enorme possibilidade, que a tua ansiedade vá aumentar. Tu vais ver como é ser peça deste dominó.
- Seja como for, narrador, empurra-me. Torna-me útil ao movimento.
- Ok. Albino, tu ocupas-te do estudo dos fenómenos políticos – o que é de cósmica abrangência, tenho para mim, pois toda a actividade humana se encontra eivada de política, por vezes de politiquice, sim, mas tu tão bem quanto os melhores saberás fazer a destrinça -, observas, lês, meditas, cruzas informações, tiras as tuas conclusões que explanas, nos media, para que o mundo que não entende estes meandros continue a não os entender, mas menos, que com os teus comentários, crónicas e conjecturas o pessoal já fica com umas luzes. Quem quiser ficar a dominar o assunto pode, caso possa mesmo… frequentar o curso de Direito da Universidade Novíssima de Lisboa, onde tu és reputado professor de Ciência Política e de Sistemas Políticos . Foi, aliás, aí que te formaste em Direito e onde fizeste o teu mestrado (doutoramento, ainda nada. Mas vais lá, calminha. Já apanhas é com Bolonha… Melhor ainda, não é?). Portanto, Albino, és um conceituado politólogo. Com as coisas eminentemente jurídicas nunca tiveste suficiente empatia.
- Contente, muitíssimo contente. Apraz-me o assunto e o desafio.
- Pronto, ainda bem. Quanto às tuas origens, nasceste no Barreiro, no dia 27 de Outubro de 1971, no seio de uma família de operários fabris: O sr. António e a dona Conceição, ambos trabalhadores numa unidade de produção de componentes para a indústria automóvel. Tens uma irmã, mais nova do que tu, aliás, bem mais nova – não digo quanto, pois, pelo menos por enquanto, nada aproveita ao enredo -, intermitente professora de História, casada com um bancário, e neste momento à espera do teu primeiro sobrinho… Sim, é um menino.
- Porreiro, meu caro, uma mana e um sobrinho a caminho… Um casal simpático, já estou mesmo a ver, como pais… São gente boa, os meus pais?
- Da melhor. Muito trabalharam para merecerem o orgulho que hoje têm por ti… e pela tua irmã, claro, apesar de uma certa mágoa… É que a tua irmã, excelente rapariga, diga-se de passagem, não se preparou para nadar nestas águas. Não me interpretes mal, é uma excelente professora de História, mas é professora! Tudo dito... Os teus pais, humildes mas inteligentes, cultos e atentos, sabem bem como as coisas estão. Mas adiante. Tens uma bonita mulher, uma loirinha de 29 anos, tua colega na Novíssima de Lisboa onde lecciona a cadeira de Direito Constitucional I, e onde, de resto, a conheceste. Foi amor à primeira vista. Namoraram oito meses e… zás, matrimónio. Estão casados há três anos e ainda não pensam em ter filhos. Vocês é que sabem… Ah, já me esquecia, é de Castelo Branco, a tua Ritinha.
Bem, julgo que por agora nada mais há a acrescentar. Foi isto que acerca de ti apanhei até ao momento. Se algo mais por aí andar e eu conseguir caçar, disso conhecimento te darei. Vou contar até…
- Já sei, já sei. Eu assisti a todo o processo do Alberto. Aliás, estou muito satisfeito com o que ele é. Fiquei, no entanto, algo chateado com vocês.
- Então porquê?
- É pá, despediram-se um do outro e a mim nem burro tu estás aí!
- Tens razão, Albino. As minhas desculpas. Depois, sabes, o Alberto já estava lá com umas coisas com a mulher no sofá… De maneira que, naquele dia, eu achei que o melhor era ficar por ali.
- Tá, anda, conta lá.
- Vamos a isso: um, dois, três.
- Já sou… Como é bom ser! … Já vou, Ritinha, já vou.
- Fica bem Albino.
- Adeus, narrador.




Carlos Jesus Gil

domingo, 25 de novembro de 2007

Caríssimos leitores

Caríssimos leitores, o blog que gentilmente visitam quando não há mesmo mais nada para fazer, dá vida, a partir de 19 de Novembro, a dois simpáticos personagens e respectivas famílias. Caso não se importem de fazer o frete de acompanhar a vida daqueles dois desgraçados - por acaso até não, que os gajos têm cá uma sorte do caraças. A começar pelas mulheres que lhes arranjei... - comecem, então, com o post de 19 de Novembro " Bar de uma porta só ". É ai que de facto tudo começa. É a partir daí que a cena é ocupada, quase em exclusivo, por " E o Alberto e o Albino também... "
Obrigado, muito obrigado.É pá, obrigado!

Foi a primeira epístola deste blog. Ou não. Só lendo tudo...


Carlos Jesus Gil

sábado, 24 de novembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


DE ONDE VÊM; O QUE FAZEM


Pois!..., já vai sendo tempo de desenhar melhor aquela gente…
- Rapazes, apareçam!
- Diz, narrador; - Sim, narrador.
- Alberto, Albino, aqui vai:
- Aqui vai o quê, criador?
- Albino, por favor não me chames criador. É forte demais, não se ajusta a quem calça sapatos. Anda tudo por aí, ninguém cria nada. Caça, aquilo a que chamamos criação artística não passa de caça. Envolve elevação, sim, daí se distinguindo da outra, mas é caça.
- Seja, tu é que sabes.
- Bem, quero dizer-vos que já apanhei a vossa definição, querem ouvir?
- Claro, vamos a isso; - já não é sem tempo!
- Têm razão, mas estas coisas dão trabalho. É necessária muita espera. Vamos lá:
- Alberto, tu és oriundo da Beira Litoral, de uma aldeiazinha algures no distrito de Coimbra. És filho do senhor Amílcar e da dona Deolinda, agricultores, daqueles que vêem a agricultura como uma religião. Nasceste a 29 de Abril de 1972. Tens, portanto… é só fazeres as contas!
Quanto ao ofício, voga por aí informação de que és um brilhante sociólogo.
- Sociólogo?!
- Sim, querias ser o quê? Talvez proxeneta!...
- Não pá, está bem assim. Aliás, está óptimo. Bela profissão! Já agora, onde é que fiz o curso?
- Em Coimbra. Com hercúleo esforço dos teus pais (só Deus e eles sabem!...), frequentaste a vetusta academia.
- Portei-me bem ou fui mais um Afonso?
- Portaste-te muito bem. Não obstante não teres falhado nenhuma festa académica nem similar, também não falhaste qualquer ano. Foste, em termos discentes, exemplar. Os teus velhos (velhos o tanas!... Às vezes sou cá um insensível do carago. Mas também isto não passa de um tique geracional, convenhamos. A malta não quer faltar ao respeito…) muito se orgulham de ti.
Caríssimo Alberto, estás cá com um mijo do caraças. Conheces a Angelina?, aquela actriz…
- A Angelina, pá? A minha esposa vai ser a Angelina?
- Calma, Alberto. Não, não vai ser ela. Só estava a ver se a conhecias. Já agora, era uma pergunta retórica, pois se ainda não vives realmente… Se ainda só emergiste meia dúzia, ou menos, de vezes. Para que é que estavas aí com coisas… como se a conhecesses. Bem, de qualquer modo a reacção que tiveste é a que teria qualquer homem em plena posse de todos os argumentos. Mas não, não vai ser ela. Vai ser uma menina de 26 aninhos, natural de Viseu, chama-se Helena e é enfermeira de profissão.
Camarada, vou contar até três. No final da curta contagem estarás na posse da tua nova vida e de tudo o que lhe é inerente: um, dois, três. Boa sorte Alberto!
- Narrador, isto é bom pá. Estou no sofá com a minha mulher…
- Pronto, chega por hoje. Olha, vou ter que deixar o Albino para outro dia. Depois compensá-lo-ei. Adeus Alberto!
- Adeus narrador, isto é o máximo!
- Com quem é que estás a falar?
- Deixa pr,a lá, Lenita!...


Carlos Jesus Gil

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E o Alberto e o Albino Também...

DE ONDE EU VIM


- Ó narrador, ó narrador, onde estás?
- Quem me chama?
- É o Albino. Já resolveste a nossa situação?
- Tem calma, sim? Encontro-me empenhadamente a tratar disso. Prometi-vos vida, vida irão viver. Mas vida a sério, de emoções banhada.
- E namoradas?, já nos arranjaste namoradas?
- Ainda não, procuro com calma, pois não quero atirar-vos com uma coisa qualquer. Já agora, vai ser na condição de esposas que as irão receber.
- Casados nós, já?!
- Sim, mas tens alguma coisa contra o casamento, é? – Narrador, narrador, se ele tiver é problema dele. Eu não me importo… desde que seja bonita, bem feita e tenha bom feitio.
- Olá Alberto! Tem calma, tá? Tenham os dois muita calma. Vou atribuir-vos duas beldades com essas qualidades todas mas muitas mais. Confiem cá na vossa fonte. Quanto ao Albino, eu sei que casamento algum lhe mete medo. Quanto mais se for com o tipo de mulher que vos prometo!... Não é verdade Albino?
- É, claro que é. Só fiquei um pouco surpreendido!
- Sabes que em determinadas etnias sempre este foi o procedimento. A escolha de mulher para os rebentos não está a cargo destes.
- Sim, mas conhecerem-se já como casados?! Não achas isso grotesco?
- Neste mundo, onde quotidianamente se assiste a tanta coisa a sair dos eixos, onde procurar exótico é empresa épica, onde se pode provar física e matematicamente que a distância mais curta entre dois pontos não se traduz numa linha recta mas sim numa curva, onde é normal um político prometer uma coisa e fazer outra, num mundo destes, dizia, classificar algo como grotesco é manifestação de atavismo. Bem, mas eu encontrava-me aqui em meditação, e vocês, mais uma vez, vieram interromper-me. Vá, vão descansados que eu hoje não levo a mal, mas vão já, tá?
- Sim, narrador, até um destes dias!
- Chau narrador!
- Adeus Alberto; adeus Albino. Fiquem bem!
…………………. (pensamento, ócio, pensamento)------------» :

Eu vim do mínimo, que nada não existe… Se existisse, teria, por certo, partido de lá.




Carlos Jesus Gil

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


À VOLTA DA ORIGEM DA VIDA


A Vida terá surgido na Terra, depois de esta ter arrefecido o suficiente para o permitir, em ambiente aquático.
Pensa-se que o Grande fenómeno ter-se-á verificado graças ao ácido ribonucleico (RNA), o qual possui capacidade catalizadora de reacções químicas. Antes, julgava-se que apenas as proteínas possuem aquela capacidade. Como tal, a Vida teria começado com o surgimento de proteínas. Contudo, para existirem proteínas terá que existir genoma, mas para existir genoma é necessária a existência de proteínas. Assim, vê-se hoje como mais provável uma Vida surgida com a participação fundamental do RNA.
“ Muito bem (palmas), muito bem! “, “ Tu outra vez, Albino?!... “, “ Não, sou eu, o Alberto. Já não me conheces, narrador? “, “ É pá, conheço, desculpa lá! Ouve uma coisa, Alberto, eu já não vos tinha dito que durante uns tempos era melhor não me aparecem? “, “ Ó chefe, ó chefe, não nos faças isso. Por favor! È que, e eu falo por mim, não consigo viver sem ser nas tuas coisas… “, “ Então vocês não viviam nas narrações de outros narradores?! “, “ Isso devem ser coisas do Albino. É claro que nós só vivemos em ti. Vá lá, chefe!... “, “ Bem, em primeiro lugar eu não sou vosso chefe; em segundo… em segundo, já que admites que só existem em mim e que desejas tanto esta existência… vou contar contigo. “ “ Obrigadinho, che… narrador, obrigadinho!... E quanto ao Albino?... é que gostava que contasses com ele também! “, “ O Albino foi muito arrogante “, “ Arrogante, eu? Tu é que nos trataste de rastos, narrador. Tu foste até brejeiro no discurso, para não dizer que foste ordinário. Desculpa lá, mas… “, “ ……… Tens razão pá, tenho andado um pouco agitado, isso reflectiu-se no relacionamento que tive convosco nos últimos dias. Mas tu, Albino, também te portaste um bocado mal, pois foste intrometido e, por vezes, importunaste narrações importantes. É ou não é verdade? “, “ Se as narrações eram ou não importantes, não faço a mínima ideia. Agora é verdade, sim, que me intrometi e que importunei. Sentidas desculpas! “, “ Estás desculpado. “, “ (palmas)… Muito bem, estou muito contente. Narrador e Albino, já ganhei o dia! Agora só falta dizeres, narrador, que também contas com ele. “, Tá, também vou contar com ele. Mais ainda, vou arranjar para cada um de vocês uma bela namorada… e uma profissão. Que me dizem? “, “ Porreiro, magnífico, não é Albino?”, “ Sim, a parte da bela namorada é o máximo, agora a da profissão!... Estava a brincar, eu até quero constituir família, logo terei que ter uma profissão… e emprego, claro. “, “ Pronto, estou de bem com vocês, vocês estão de bem comigo. Óptimo! Vou começar a tratar dos vossos casos. Não sei o tempo que vou levar, pois não é empresa fácil o que vos prometo. Assim que tiver notícias convoco-vos, tá? “, “ Ok, obrigado! “, “ Obrigadinho! “, “ De nada, fiquem bem. “




Carlos Jesus Gil

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


COMPARAÇÃO/SUGESTÃO


Comparação:

… Pode até não ser tão boa, mas é boa. E, sendo boa, já me serve… De cerveja estou falando. Que a Leff é bestial; que a Hoegarden é do melhor; que as Chimay, Duvel e Guiness são de beber e chorar por mais; que a Rochfort e a Orval proporcionam tão inestimável deleite que até devia estar na Constituição a obrigatoriedade do seu consumo por todos os constituintes; que tudo o que supra disse, o disse com convicção (vá lá, nem tudo, pronto!), é uma coisa; agora eu afirmar que só estas é que servem!... “ E afirmaste, que eu bem ouvi”, “ É pá cala-te, Albino! Não tive ontem uma conversinha contigo? Chato do caraças; e para além de melga és mentiroso. Olha, faz-me um favor, vai jogar ao botão com o Alberto, tá? “, “ Sou maior, vacinado e dono da minha vontade, por isso…”, “ Carraça dum carago, deixa-me, por favor, acabar o texto! “, “ É pá, pronto, ok. Vou vazar. Olha, se vires o Alberto manda-lhe cumprimentos.”, “ Como é do teu conhecimento, tão depressa não farei questão de vos ver. Chau!”. Sacana do gajo, mas para que é que eu os inventei?!!! Bem, deixa-me mas é terminar isto depressa antes que ele volte. Ou mesmo o Alberto, que, embora menos chato, também não é de trato fácil. Vamos lá: pois, estava eu a querer dizer que nem só as finórias loiras, ou morenas, merecem a nossa garganta. Então, são fracas a Sagres e a Super bock?; já não prestam, é?... Malta, são boas; boas e mais baratas. Ora, sendo boas já me servem, não me bastam, mas servem-me… Dúvidas interditas!

Sugestão:

E à refeição?... Um tinto (não vou pelo branco, creio na universalidade do tinto) português, pois então!




Carlos Jesus Gil

terça-feira, 20 de novembro de 2007

E o Alberto e o Albino também...

E O ALBERTO E O ALBINO TAMBÉM…


HÁ MAIS MARIAS NA TERRA


Era uma vez um casalito - lito só porque eram mesmo novinhos, que maturidade, dignidade e sentido de vida não lhes era em míngua – que, depois de muito matutar, resolvera, por unanimidade, aceitar a ajuda dos dois casais progenitores para continuar a estudar. Os empregos e o ou os filhos viriam mais tarde.
Certo dia “ Olá narrador presunçoso! Estás bom, velho amigo? “, “ Tu?!, outra vez tu?! Ó pá, Albino, nunca te disseram que a casamentos e baptizados só vão os convidados?, arre!..., bem, a culpa é minha… “, “ O que é que queres dizer com isso, narrador? “, “ Com isso o quê, com o arre ? “, “ Não, com o outro paleio. “, “ Albino… É pá, será que não compreendes que não és bem-vindo? Ter-te-ei convocado, por ventura? “, “ Ok, não me chamaste, pá. Só que eu já estava com saudades! “, “ Saudades de quem, meu? “, “ É pá, de ti… e do Alberto, principalmente dele, pronto. Se ao menos me pusesses em contacto com ele!... Nem que fosse só para o cumprimentar. “, “ … Ó pá, prometes que me deixas em paz? “, “ Prometo, palavra de escuteiro! “, “ Lá sabes tu o que isso é!... “, “ Sei sim, isso é que sei! Olha, vou contar-te um segredo: não fui só teu personagem, nem eu nem o Alberto. Existimos em cabeças várias, não és o único que nos narras… Daí que não sou o ignorante por que me tomas. Dá-se, que simpatizava contigo. Narrador, palavra de escuteiro, sim, que não te incomodo mais, tragas-me tu ou mesmo não me tragas o Alberto! “, “ Tá bem pá, vou convocar o Alberto: ó Alberto! “, “ Sim, narrador, que me queres? “, “ Está aqui o Albino para te cumprimentar. “, “ Narrador, diz ao meu amigo que agora não dá, estou bastante ocupado com o trabalho que me está a dar um colega teu. Mais tarde, diz-lhe que mais tarde. Convoca-nos aos dois daqui a uns dias, tá? “, “ Não, não tá! Vão os dois enganar a real puta que vos há-de vir a parir. Vocês existem só e unicamente na minha lavra. Aliás, nenhum camarada de ofício se daria ao trabalho de alimentar dois meliantes como vocês, dois mal paridos, desconchavados e de elevado défice estrutural. “, “ Não, narrador, nem eu nem o Albino somos os personagens que ora pintas. E o que somos a ti devemos. Por acaso já leste sobre o Alberto de Sicrano e o de Beltrano? “, “ Já, pá, conheço-os muito bem, são dois brilhantes personagens, cada um à sua maneira… Não, rapazito, com vocês não há hipótese. A vossa natureza não permite a mim narrador grandes veleidades. Os outros Albertos, e os outros Albinos, que também conheço admiráveis em outros narradores, não são vocês… muito longe! Há mais Marias na Terra. “, “ Então… queres dizer nunca mais? “, “ Tudo acaba, ou pelo menos muda. O nunca mais não constitui excepção. É, também ele, temporal. Caso mudem; se a hibernação (não se limitem a respirar!) a que vão ficar sujeitos vos ensinar alguma coisa, um dia voltarão. Dar-vos-ei hipótese de tal. “
Cansados e aborrecidos com a intromissão, Mafalda e Pedro Miguel deram o fora. Já sei como é, hoje já não os apanho.


Carlos Jesus Gil

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Bar de uma porta só

BAR DE UMA PORTA SÓ


“ É pá, t’ás bom?”, pergunta Alberto a Albino, quando, ao fim de cerca de quatro meses voltam a encontrar-se, num bar algarvio, algures em Albufeira. Um bar muito sui generis com, notem bem!, porta e janelas viradas para a rua, um bem arranjado conjunto de prateleiras recheadas de garrafas com bebidas de elevado teor de álcool, um compartimento frigorífico com águas, refrigerantes e cervejas – para além das torneiras para imperiais, colas e outros refrigerantes a jeito do patrão -, bem como uma despachada máquina de gelo. Ah, e uma outra de café. Máquina de tabaco?, deixa cá ver… também tinha, agora me lembro, estava meio escondida num recanto. Passava também música, nesse bar; por vezes era tocada ao vivo. Como vêem, um bar muito sui generis… Estava a brincar, o bar de facto é mesmo único, pois só possui uma porta – nem sei como é que os bombeiros e demais serviços de segurança ainda não fecharam aquilo! -, a simultaneamente de saída e de entrada. Lá dentro?, nem uma! Casas de banho, arrumações, escritório?... aquilo tem uma viela ao lado (que deve dar para um quintal, pequeno, presumo eu, que o terreno ali é de monta elevada), esses serviços hão-de encontrar-se lá instalados. Ah, agora compreendo porque via tantas pessoas a sair para logo depois se debaterem, de novo, por um lugar no bar… Também não estive lá assim tanto tempo, mas apercebi-me do fenómeno por não raro se manifestar. Na altura não compreendi, ou julguei que iam à rua telefonar. Vá, isso pouco importa, ou não importa mesmo nada, que despiciendo é para o caso.
Bem, vai daí, à pergunta do amigo segue-se a habitual - em circunstâncias quejandas -, resposta imediatamente seguida de pergunta……… Vá lá, Albino, eu, narrador sério e objectivo e de mau feitio quando me chateiam, disse resposta imediatamente seguida de pergunta; se deixas ficar mal o narrador!... “ Ok, não te preocupes narrador, invejoso por não seres autodiegético! “, “ Eu, invejoso por não me encontrar numa posição autodiegética?!... Deves estar a bater mal! “,” Não, não me parece. Conheço-te há pouco, mas já deu para ver que gostas muito de protagonismo. “, “ Ó pá, conheces-me há pouco e vê-se que me conheces mal, muito mal mesmo. E por este andar não vais ter grandes hipóteses de me conhecer melhor… é que começo a não sentir qualquer tipo de empatia contigo, e quando assim é… Até os dedos se me querem sublevar, tal não é a indignação que experimentam por os obrigar a lavrar terra da tua natureza! Eu, invejoso por expressar a tua subjectividade - sim , que a ti conheço eu de ginjeira – e não a minha?!... Só mesmo de personagens como tu! “, “ Mas o que querias tu de mim?; não sabias como eu era? “ Queria, apenas e tão só, que me deixasses contar a história. Mas a história dos dois, ou desprezas assim tanto o Alberto?!, de toda a figuração e, principalmente, do Bar de uma porta só. Se não obedeces ao passado, se és assim tão autonomamente personalizado e de poder inquestionável, cria-te a ti próprio, inventa a vida que desejas.”, “ Pronto, tu mandas! “, “ Oh, oh, mando pois! Não entendes mesmo patavina, ou entendes… És, não tenho dúvidas, um reiterado sonso. Comigo não! Abomino gente sonsa. Que se lixe o Bar de uma porta só! E tu, se quiseres cumprimenta o teu amigo, se não quiseres…, “ Alberto, é contigo!, estou porreiro meu, e tu, grande amigo, como vais? “.


Carlos Jesus Gil

domingo, 18 de novembro de 2007

E chega, por hoje:

BELEZA


A maior beleza do mundo é o Amor. Logo a seguir vem a inteligência.




Carlos Jesus Gil

sábado, 17 de novembro de 2007

Inflação linda

INFLAÇÃO LINDA


… É verdade pá, é barroco, aquele texto. Perífrases no princípio e no fim, não constituindo o meio excepção; de redundâncias e pleonasmos eivado. Mas, é por isso que não gostas?; aprecias as coisas menos rebuscadas, mais directas? Certo, eu também estou inscrito nesse clube, mas, pá, aquele texto!...Tivesse ele mais um milhão de caracteres que, desde que cruzados daquela forma genial, continuaria a merecer a minha devoção. Moço, o Cosmos continua a sua inefável redacção com essa filosofia estilística que vem das origens: ora prolixamente, ora de modo singelo. Observa, contempla e perscruta! É mister que o faças. Não és misólogo, pois não?

Palavras, lidas ou pensadas, mas sempre cruzadas.

Ler em voz alta é dar vida às palavras, de acordo. Porém, ler em silêncio, fazê-las, simplesmente, interagir umas com as outras no cérebro, é mais do que isso, é proporcionar-lhes um passeio por paisagem de deleite, um namoro delicioso, um casamento – perfeito ou não -, natalidade, por certo.




Carlos Jesus Gil

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Brutal Brutalidade

BRUTAL BRUTALIDADE


É brutal a brutalidade do ignóbil ser que dedica tudo a ver mas não enxerga nada; o tempo que gasta é perdido, pois só conhece um sentido: o seu, que é o meritório, tão… que não envolve contraditório. Encarregar-se-á o tempo e o homem, igualmente arrojado mas amplo na cogitação e regular na respiração, expirando só depois de ter inspirado, de propor novas veredas e modernos (futuros velhos) caminhos.




Carlos Jesus Gil

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Orgãos de Soberania

ORGÃOS DE SOBERANIA


Soberano é o Povo! É quem tudo paga, em termos públicos: a luz das ruas, os hospitais públicos, a Educação pública, as estradas…; é quem, em Democracia, vota e elege. Se quem paga é quem deve mandar, e não podendo mandar todos, deverão mandar aqueles que o Povo escolheu, os verdadeiros delegados do Povo.
Ora, e é isto que me traz aqui hoje, são os juízes e os magistrados do Ministério Público eleitos por quem paga?... Não me parece! Para bom entendedor…




Carlos Jesus Gil

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Passa-se por aí (não generalizo, mas passa-se)

CANÇÃO

IPSS/LAR

INSTITUCIONALIZADO


Refrão

Não te chega seres grande,
precisas de crescer;
hoje, tudo é muito lindo,
mas o que vai acontecer?
Estás no começo do dia,
porém vai anoitecer…
Não, não é palraria,
podes crer!...
Prepara-te a valer!


Como um pavão, circulas,
dos outros, a atenção só queres ter;
não te prestas a ninguém,
p,ra quê? – pensas tu -,se só eu tudo posso ter!...

Eu quero, eu tenho, eu sou!
- ousas tu, sem o dizer…
Mas por tal tu nada fazes,
que tudo de ti vai nascer.

Refrão



Tapetes por onde passas,
mordomias a valer;
não é demais o que tens,
não tens que o merecer!

Não deves esforçar-te muito,
que até podes perecer!
Lá fora tudo é igual,
todos te hão-de valer.

Refrão


Carlos Jesus Gil

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Era eu Garçon

ERA EU GARÇON

Naquela qualidade, ouvira eu:


Ela acicatou a minha leveza. Conhece-a bem, sabe quão frágeis são os aloquetes da jaula que é a minha consciência. Ela é sabedora disto, tanto ou mais do que eu. Ainda assim, não perde uma oportunidade, por pequena que seja e inusitado o momento, de exortar o meu já avonde exacerbado estímulo por semelhantes… a ela. Mais, não ignora o ignóbil ser que, tratando-se dela – qual original comparado com cópia! -, a coisa é elevada a potência n (não sendo, muito pelo contrário, despiciendo, o n, pois acarreta sempre multiplicação vultuosa). É conhecedora de todos os meus botões; tão bem como as suas mãos, conhece o meu painel de controle…
A desnaturada mui amada (mas que amor?!, paixão, só paixão turva tanto o entendimento) usou e abusou, usa e abusa (na verdade, que excelentes os seus usos e abusos!...) e, qual maré baixa a suceder à alta, vai-se… Vai-se, e eu, ao contrário do que adivinho no afastamento do mar, com ela nada; some-se não sei para onde… Sim, ela volta, mas quando quer (ou será quando pode?), e eu a querer que ela queira rápido… Também, doutro padrão ela não carece, pois aqui o labrego, volte ela num ápice ou luas leve a voltar, definha de braços abertos, pronto a sufocá-la.

Era assim, como supra mencionei. Regressou-me a lucidez: os braços vão estar fechados, para ela, na sua ausência. Quando tornar, na milenar qualidade de amante estará.

Desculpe, proferi eu enquanto lhe servia outro beirão com três pedrinhas de gelo, então ele há lá condição melhor?!
Olhou-me, demoradamente, sem me ver, e retorquiu : responder-lhe-ei daqui a umas luas.




Carlos Jesus Gil

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Ética e Economia na Biodiversidade

Na abertura da Conferência Negócios e Biodiversidade, a decorrer em Lisboa, na Fundação Gulbenkian, Nunes Correia, Ministro do Ambiente, lembrou a centenas de empresários de toda a União Europeia que a actividade humana causou, nos últimos cem anos, cinquenta vezes mais extinções do que as que seriam provocadas apenas por razões naturais. Bem lembrado, meu senhor, bem lembrado!
À Iniciativa Negócios e Biodiversidade aderiram já trinta empresas portuguesas - de entre as quais apenas uma é pública, a REFER (gestora da rede ferroviária portuguesa), pretendendo o Ministro Nunes Correia que pelo menos outras tantas se juntem ao projecto, contribuindo anualmente cada uma com cerca de quinhentos mil euros.
O público sabe reconhecer, o público consumidor (os que verdadeiramente pagam) privilegiará as empresas envolvidas na nobre missão de proteger a Biodiversidade. É esta a perspectiva dos empresários... e é esta também a minha. A " luta " pela Biodiversidade incorpora um absoluto carácter ético, mas não é despiciendo o que representa sob o ponto de vista económico, muito pelo contrário. Sim, não seria nada despropositado um slogan tipo: Maior Biodiversidade, Maior Riqueza. Só com a ética como divisa, penso, não íamos . Assim, vislumbrando-se " vil metal ", negócio, pode ser!

Entretanto, mais um desastre ambiental. No mar de Azov, cinco cargueiros naufragaram devido ao mau tempo, tendo um deles (petroleiro) derramado largas (?) toneladas de fuelóleo. Como consequências directas temos já a morte de cerca de 30000 aves, encontrando-se vários milhares ainda vivas, mas cobertas de poluente. Consequências indirectas... serão ainda mais graves, por certo. Esteja eu enganado!


Carlos Jesus Gil

sporting!

Acerca de ontem, está tudo dito!


Carlos Jesus Gil

Títulos

TÍTULOS


“ Um bom título dá 75% de hipóteses de um texto cumprir o seu objectivo essencial: ser lido. “ ( não, não sou o autor do estudo).
Ocorre-me, a propósito, defender que não basta ler-mos um texto. A leitura só cumpre a missão de fazer jus ao texto e a quem o escreveu, quando, através dela, o mesmo é entendido. Depois, independentemente do conteúdo do texto e da sua construção, a sua digestão por quem o leu deverá servir a sua qualidade de vida e, através destes, a saúde social e planetária.




Carlos Jesus Gil