MULHER PROIBIDA
Mulher proibida,
gosto de ti como se gosta da vida
- não desta que me coube em sorte,
que é menos vida que morte!
Se em ti penso,
logo dispenso
outro pensar;
meu alimento,
paliativo pensamento,
meu respirar.
Diz-me, mulher proibida,
porque continuas a alimentar esta ferida,
grande, lagunar – não, maior que o mar.
Diz-me se é por saberes
que quanto mais ela cresce, mais eu vivo,
diz-me!
A raposa, matreira,
vai à capoeira
não por proibido ser,
mas por fácil se mostrar
- que difícil é caçar.
Nós, eu, não, mulher proibida,
sem perigo seria amar quem me está a esperar.
Grande é o orbe,
muitos os cérebros que nele cabem e couberam;
e caberão;
nenhum consentindo, porém, como o do homem,
o temerário conceito de veleidade,
vital, porque mobilizador, inibidor de desalentos;
perigoso, porque fantástico,
propiciador de altos adejos
e, quiçá, de grandes quedas.
Mulher proibida
- outra, e sempre a mesma -,
imagem perfeita da perfeição
- que defeitos não tem,
e mesmo tendo-os não os tem
(que os não sinto:
invisíveis aos meus olhos,
inodoros ao meu olfacto,
alheios aos gosto, ouvidos e dedos meus).
Mulher proibida,
exasperadamente graciosa e pretendida,
assim, só por seres proibida…
Se a proibição for delida, mulher proibida,
delidos serão os desejos vivamente vividos!
Que a proibição não seja revogada!
Carlos Jesus Gil
sábado, 4 de agosto de 2007
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1 comentário:
Mulheres proibidas para mim nunca mais...
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